Um blog do Ministério Fiel
À mesa (Exegese Visual)
Ao contrário da maioria das imagens que crio para “Full of Eyes”, esta é mais tópica do que exegética. Fui convidado a criar uma imagem que unisse os temas de Mefibosete convidado para a mesa do rei (2Sm 9), como o cristão com a “alma aleijada” convidado para a festa do Senhor (Lc 14.12-24, especialmente v. 13), e a ceia das bodas do Cordeiro, onde o povo de Deus curado e purificado se deleita no bom alimento de tudo o que Deus é para eles em Cristo (Ap 19.6-9). O objetivo era unir todas essas imagens em torno da pessoa do Jesus crucificado e ressuscitado, somente em quem nossa enfermidade é curada, nossa impureza é purificada, enquanto estamos assentados à mesa festiva da própria alegria Triúna de Deus.
Primeiro, observe que toda a cena é iluminada pela luz do que parece ser o sol nascente e, também, a tumba aberta do Cristo ressuscitado; somente à luz da ressurreição de Jesus a sua vida dada na cruz é a “verdadeira comida e verdadeira bebida” do seu povo. A pedra escura que foi rolada sobre o túmulo representa o pecado, a morte, o sofrimento, a doença e tudo o que é superado pela obra de Cristo na cruz.
Com isso em mente, observe em seguida que o cristão está, por assim dizer, sendo “retirado” da sombra da pedra para que ele possa receber comunhão com Deus em Cristo. A muleta – representativa não apenas da fraqueza física e do sofrimento, mas também da deformidade de nosso espírito – está sendo “engolida” na escuridão da pedra à medida que ela rola para longe diante da luz da ressurreição de Cristo.
Em terceiro lugar, veja que o homem está sendo tirado da morte e para a vida do Jesus ressurreto através da obra da habitação do Espírito Santo. O Espírito envolve o cristão, mantendo-o e dando-lhe a força para se sentar à mesa, enquanto ele também leva a mão do homem para a vida oferecida por Cristo. Pelo Espírito vemos e recebemos a Deus em Cristo (2Co 4.6).
Quarto, observe a mesa em si – a mesa da comunhão com o Deus Triúno – é a cruz de Jesus Cristo. É aqui, na cruz de Cristo, que o Filho se oferece através do Espírito ao Pai (Hb 9. 14), para que possamos estar reunidos na própria vida e alegria de Deus (Sl 36.8; Jo 17.22-23; Ap 21.2-3). E se quisermos conhecer a Deus para vivermos (Jo 17.3), então deve ser para essa mesa que temos que vir, deve ser dessa refeição que temos que participar. Nós nos banqueteamos pela fé no Deus vivo somente quando o recebemos como aquele cujo corpo foi moído e cujo sangue foi derramado no Calvário.
Com base nesse conceito, observe finalmente – e mais importante – que a festa para a qual Cristo convida seu povo é, em última análise, ele mesmo. Ele é a abundância da casa de Deus pela qual a humanidade é satisfeita (Sl 36.8); ele é o bem em todos os bens que a salvação assegura (Sl 16. 2); ele é a festa da comida farta e bom vinho envelhecido, preparado para todos os povos (Is 25.6-8); Ele é o Servo, o Noivo e o Banquete da Ceia das Bodas (Lc 12.37, 22.16; Ap 19.6-8); ele é o resplendor da glória do Pai, por quem a eternidade é iluminada (Ap 21.22), e ele é aquele em quem vemos a beleza que permeia a criação como as águas cobrem o mar (Hc 2.14).
Quem poderia imaginar que quando o rei Davi convidou Mefibosete à sua mesa, ele representava a consumação da própria realidade; o ajuntamento operado pela graça e comprado pelo sangue dos “aleijados” fracos e quebrantados, para a alegria da vida com Deus, para banquetear-se com a plenitude de tudo o que Deus é para eles no Filho de Davi crucificado e ressuscitado, Jesus Cristo. Santificado seja o seu nome!