Quem sou eu? Justine, Paula, Bia…

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Refresh, de David Murray e Shona Murray, Editora Fiel.

Embora poucas pessoas andem por aí conscientemente pensando, “Quem sou eu?”, todas nós, inconscientemente, respondemos a essa pergunta todos os dias de nossas vidas. Embora nem sempre tenhamos consciência disso, sempre estamos construindo uma identidade — uma maneira de pensar sobre nós mesmas e a maneira como queremos que os outros pensem a nosso respeito. Vamos começar escrevendo a frase que surge na mente quando nos perguntamos: “Quem sou eu?”. Para ajudar você a começar, destaquei alguns exemplos para demonstrar como nosso senso básico de identidade tem consequências mais amplas.

Bell, a imoral

Isabel converteu-se a Cristo com quase 30 anos, após passar boa parte de sua adolescência e da vida adulta envolvida em muitos relacionamentos imorais. Alguns eram relacionamentos mais longos e outros mais curtos, mas todos eram pecaminosos. Agora, como cristã, ela quer livrar-se da identidade imoral que definiu sua existência por tanto tempo. Ela se sente suja e envergonhada quando está com outras mulheres cristãs, mulheres que preservaram a pureza até o casamento, e ela não tem certeza se vai conseguir se casar, por causa do seu passado. Ela ouve sermões sobre ser “mais alva que a neve”, porém cinza-claro é o máximo que ela acredita que pode alcançar.

Frances, do Facebook

Desde que Frances entrou para o Facebook quando era adolescente, já assumiu diversas identidades, na tentativa de descobrir qual seria mais popular e chamaria mais atenção. Sua autoestima está ligada ao número de amigos, seguidores e curtidas que ela tem nas redes sociais. Aqueles que a conhecem melhor não reconhecem a pessoa que veem no Facebook ou nas postagens do Pinterest.

Vickie, a vítima

Vickie sofreu abuso na infância. Por muitos anos, ela não falou sobre o assunto, preferindo reprimir a dor e sofrer calada. Quando, finalmente, se abriu e procurou alguém para receber conselhos bíblicos, começou a experimentar a cura através do poder da Palavra de Deus e do Espírito. Contudo, o processo ficou estagnado porque outra conselheira recomendou que Vickie fosse mais aberta com as pessoas sobre o abuso sofrido e que falasse com as pessoas a esse respeito com mais frequência. Mas, sempre que ela contava a alguém, era como mexer nas feridas que Deus estava sarando. Em vez de assumir a identidade de Vickie, a vitoriosa, aquela que, pela graça de Deus, venceu o sofrimento, ela se tornou Vickie, a vítima, constantemente se lembrando desse sofrimento.

Fiona, a fracassada

Fiona fez tudo certo, mas todos os seus filhos se desencaminharam. Embora ela tenha se dedicado a ser uma mãe piedosa, seus três filhos deixaram a igreja no final da adolescência e estão levando vidas mundanas. Suas esperanças e seus sonhos foram destruídos. Ela não vê mais sentido na vida. Em tudo que ela já fez ou pretende fazer, enxerga a si mesma como uma fracassada com F maiúsculo.

Susan, a forte

O pai de Susan era um homem determinado, rigoroso e bem-sucedido. Ele era igualmente exigente com os filhos. Inconscientemente, Susan adotou essa identidade (o que é compreensível) — forte, determinada e trabalhadora —, assumindo-a até a vida adulta. No entanto, ela acabou de completar 45 anos e tem tido dificuldade para manter o mesmo nível de energia e produtividade no trabalho. Sua mente não parece ser tão afiada ou eficiente quanto já foi um dia e, de tempos e tempos, ela tem palpitações e sente dores no peito. Mas, como ela se vê como Susan, a forte, insiste em continuar no mesmo ritmo, o que a deixa constantemente exausta e frustrada com as próprias limitações.

Paula, a perfeccionista

Paula é uma mãe que pratica homeschooling com seus cinco filhos. Ela tem uma família que se parece com as fotos idílicas que vemos na contracapa de livros didáticos. Seu objetivo é costurar as próprias roupas, fazer o próprio pão e a própria sopa, enlatar as próprias frutas, fazer exercícios todos os dias e casar todos os filhos até os 21 anos. Ela consegue realizar muitas coisas todos os dias — no homeschooling, na cozinha, na igreja, em sua comunidade —, mas, como ela não consegue fazer tudo, vê a si mesma como um fracasso em tudo. Uma amiga, que é jovem e solteira, falou comigo sobre o efeito debilitante do perfeccionismo: “Nada me incomoda mais do que deixar de fazer o devocional, tirar notas inferiores à minha capacidade, errar uma cesta no treino de basquete ou até mesmo levar um carro para um cliente no trabalho e ver que, apesar de todos os meus esforços, o carro ainda tem uma pequena mancha. Quero agradar a Deus, minha família, minha igreja, meu professor — e a lista continua”.

Cindy, a pecadora

A igreja da Cindy foca na lei, no pecado e no juízo e raramente menciona justificação, perdão e adoção. Seu pastor é especialista no que há de errado com os cristãos, com a igreja e com o mundo. Ela acha que foi salva há alguns anos, mas tem pouca ou quase nenhuma certeza de sua fé. Além disso, tem convicção plena de que é pecadora e merece a condenação de Deus. Seus filhos estão perplexos com a mãe, sem entender por que alguém ser amado por Deus e ir para o céu são coisas tão deprimentes.

Justine, nota 10

Eu já conheci muitas Justines. Quando eu trabalhava como médica, quase todas as minhas pacientes que trabalhavam exclusivamente em casa respondiam à pergunta sobre o que faziam dizendo: “Sou só uma dona de casa” ou “Sou só uma secretária”. Na raiz dessa resposta, encontra-se uma visão antibíblica da vocação, a ideia equivocada de que somente os chamados ministeriais são chamados de Deus, de que somente os trabalhos expressamente cristãos valem a pena ou de que somente alguns tipos de trabalho fora de casa contam como uma vocação verdadeira. Justine nunca leu o que William Tyndale escreveu: “Não há um trabalho melhor que outro para agradar a Deus; servir água, lavar pratos, ser sapateiro ou pregador da Palavra, tudo é uma coisa só”. E Martinho Lutero disse: “Deus e os anjos sorriem quando um homem troca uma fralda”. Se Deus se agrada de um homem trocando uma fralda, muito mais quando trocamos dez em um só dia.

Vastas consequências

Eu dei esses exemplos não somente para ajudá-la a descobrir a própria identidade, mas também para mostrar quanto é fácil ter sua identidade roubada, distorcida ou alterada por diversos acontecimentos, decisões e circunstâncias. Isso também demonstra que nossa resposta à pergunta “Quem sou eu?” tem vastas consequências por muitos anos. Responder a essa pergunta corretamente e pensar sobre si mesma da maneira que Deus quer que pensemos é uma das atividades mais importantes da Academia Refresh, além de um passo importantíssimo rumo a uma vida no ritmo da graça.

Refresh

Vivendo no ritmo da graça em um mundo acelerado

Muitas mulheres não percebem que estão correndo em um ritmo insustentável até entrar em um quadro de esgotamento físico, emocional e espiritual. Com base em muitos anos de aconselhamento e na própria experiência que tiveram de depressão, Shona e David Murray vão ajudar você a desacelerar a fim de que viva no ritmo da graça para a glória de Deus.

Confira

 

Por: Shona Murray. © Editora Fiel. Website: editorafiel.com.br. Trecho retirado com permissão do livro: Refresh.

Original: Quem sou eu? Justine, Paula, Bia… © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados.