O feminismo e sua aversão à igreja

O que aconteceu na Catedral da Arquidiocese de Hermosillo, Estado mexicano de Sonora, revela o coração do problema ideológico do feminismo de atropelar direitos e garantias fundamentais em prol da supremacia de um pensamento ditatorial. No dia internacional da mulher, feministas interromperam a missa e vandalizaram a Catedral, causando terror em homens, mulheres e crianças – que foram obrigados a criar barricadas com os bancos de madeira: para proteger suas vidas e os seus objetos sagrados de culto, típico de cenas do The Walking Dead (5ª. Temporada), onde os sobreviventes se refugiam em uma capela episcopal, enquanto mortos-vivos tentavam a invasão, só que, no caso aqui, eram feministas. Detalhes do ocorrido, você poder assistir aqui.

Em sua defesa feministas alegam que se trata de um isolado grupo extremista e radical, que não representa o feminismo em sua totalidade. Mas, na verdade, qualquer coisa que seja ruim para a reputação é logo descartado, todavia o descarte não vem acompanhado de preocupação com as verdadeiras vítimas do atentado: mulheres e crianças, que rezavam desesperadamente pelas suas vidas e pela integridade de sua Catedral.

No caso aí, além de cadeia, quando falamos em feminismo precisamos sempre lembrar da dignidade da pessoa humana. Não é arriscado afirmar que o feminismo contribui para a degradação desse princípio universal [consciente e inconscientemente].

Desde a oposição contra a campanha de combate à gravidez precoce, até o silêncio diante de tantos vandalismos contra fiéis e suas Igrejas percebemos um engajamento proposital de acabar com a influência cristã no pensamento humano. O negócio é o seguinte:  validar a libertinagem e a sacanagem para atacar o sagrado dos outros, e criar uma falsa concepção de liberdade.

Mesmo que o uso da força não esteja claro no discurso de algumas feministas, o movimento, em sua totalidade, é incoerente, pois se diz preocupado com as mulheres, mas não se importa em ver militantes a invadir e pichar um templo com mulheres rezando dentro dele. Como é essencial para a metodologia feminista sufocar a confissão Cristã, não há preocupação com a mulheres cristãs. Na verdade, as vítimas são apenas mais um empecilho, no máximo, um efeito colateral do processo feminista de redenção da mulher.

Assim como Ravi Zacharias nos alerta sobre o impacto epistemológico que as mudanças provenientes do progressismo vêm gerando, o feminismo adota a mesma narrativa, com a mulher libertária devendo ser o sentido de todas as coisas. Se houver uma mulher cristã no caminho, ela não está passível de uma suposta proteção fornecida pelo movimento, na verdade, azar o dela. Aqui, enxergamos a aversão do feminismo contra a liberdade religiosa. O ocorrido no México é só um pequeno grão de areia, quando paramos para analisar que um dos pilares da humanidade, a Fé, é constantemente perturbada em protestos de feministas que berram, destroem templos, atentam contra o violentamente contra um pudor mínimo e assim por diante.

A marcha [que estava mais para surto psicótico promovendo violência] afeta outros bens além do sentimento religioso. A integridade física e psicológica dos fiéis foi violada, o objeto culto foi depredado, e a segurança [física e intelectual] de crianças foi maculada. Diante de tal cenário, o silencio por parte de todas as pensadoras feministas, demonstra consentimento. Trata-se de um projeto que visa deslocar o sagrado:

Quando Deus criou a humanidade, dois aspectos claramente sagrados foram transmitidos. Um deles foi a santidade da vida em si; o outro foi a santidade da sexualidade. […] Quando perdem de vista o grande Criador – o maior de todos os artistas – atacam justamente as coisas que ele apontou como sagradas: vida e sexualidade. O que vemos agora […]? A celebração da violência e do erotismo. A dessacralização do corpo humano desfigurou a vida, e nossa cultura lamentavelmente resvala para a tolerância do erótico e do perverso.[1]

Na buscar por acabar com a direção do Evangelho, temos por resultado violação às liberdades fundamentais como a religiosa, reunião e de ir e vir, e a sociedade fica abandonada a uma visão de mundo permeada de violência e incapaz de refrear o mal. Vale insistir no valor da sagrado para compreender que esse processo é sinônimo de desumanização.

O argumento que tenta justificar um protesto violento como “uso da liberdade de se opor e liberdade de expressão”, não tem como prosperar, por que a vida, a Fé e a integridade daqueles fiéis foram atropeladas, bem como o princípio basilar de todos: dignidade da pessoa humana. Quando, no gozo de uma liberdade, ataca-se a dignidade de alguém, temos um ato passível de reprovação e refreamento por parte do Estado.

Todas as liberdades emanam da Dignidade da Pessoa Humana, inclusive a de expressão. Em outras palavras, todas as liberdades são servas da dignidade e trabalham para seu crescimento. Ofender ou criticar uma instituição, entre elas, a igreja, encontra guarida na liberdade de expressão, senão vejamos: a igreja, como instituição, pode ser mais ou menos “admirada” por este ou aquele fiel, mas, regra geral (até por não ser o propósito da igreja instituição), a igreja não é adorada por ninguém. Por quê? Porque a instituição é composta por homens, logo passível de erros. De outra banda, a igreja administra o sagrado, mas não é o sagrado em si (não levando em consideração questões teológicas, como o fato de ser a noiva de Cristo, no caso das igrejas cristãs, mas geralmente as críticas e ofensas são à igreja enquanto organização e não enquanto organismo vivo). Daí decorre a possibilidade de, sob a proteção da liberdade, criticarmos a Igreja Católica Romana ou a Igreja Batista, por exemplo. Entretanto, o(s) objeto(s) e divindade(s) de adoração presentes em qualquer credo e fé, por mais que estejam associados a esta ou aquela igreja/instituição, são inerrantes para aqueles que o adoram. O sagrado é o alvo da fé e onde o ser humano deposita sua última e mais cara confiança. A esperança do crente é depositada aos pés do sagrado. Essa confiança e esperança última nascem e encontram ressonância no mais íntimo de cada ser humano, e, como tais, fundem-se com a dignidade. São inseparáveis. Metafísico vai além de qualquer medida humana. Aquele que adora o faz com todo o seu âmago e sem limites. Ofender e denegrir o sagrado é um ataque ao mais íntimo do homem. Aqui vale a expressão: “Ao que lhe é mais sagrado”. Atacar sua fé no sagrado é solapar a sua dignidade de ser humano. Essa é a última barreira, o último muro para a bestialidade. Aqui deixamos de ser humanos, para nos tornarmos animais.[2]

Um movimento contraditório, que se diz contra a objetificação da mulher, mas permite que mulheres exponham seus corpos para atacar seres humanos [no caso aqui, atacar devotos – homens, mulheres, meninas e meninos – que estavam em uma missa, rezando. Não estavam matando, roubando ou violentando ninguém], é desprovido de viabilidade existencial.

Enquanto discursa em favor das mulheres, o feminismo ataca as mulheres religiosas e as não religiosas também, porque não precisa ser religiosa para achar tais práticas absurdas. Se a mulher escolhe uma profissão em que possa defender sua fé, aquele discurso militante de “mais mulheres na arena pública” também não vale. O feminismo é um dos meios para se chegar no terrível fim do combate ao transcendente e na minimização da dignidade da pessoa humana.


[1] ZACHARIAS, Ravi. A verdade: como comunicar o evangelho a um mundo pós-moderno. Organizado por D. A. Carson. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 27

[2] VIEIRA, Thiago Rafael. REGINA, Jean Marques. Direito religioso: questões práticas e teóricas. 3º ed. ampliada e atualizada. São Paulo: Vida Nova, 2020. p. 98-99.

Por: TR Vieira e Jean Regina. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: O feminismo e sua aversão à igreja.