Buscando respostas para a crise nos múltiplos saberes da Civilização Ocidental

Muito tem se falado a respeito do caráter pivotal da crise pela qual passamos, que, além do aspecto central da ameaça à saúde humana, envolve também questões de produção e destruição de riqueza econômica e empregos, desafios à liderança política na democracia e o surgimento de novos modos de viver, trabalhar, cultuar e até divertir-se. Uma frase que se ouve bastante é: “não seremos mais os mesmos depois que isto passar”.

Em geral, esse pensamento parece ter conotações positivas, no sentido de que a presente crise nos vai tornar mais fraternos, atentos a quem está ao nosso lado, flexíveis etc. No entanto, algumas tendências observáveis nas reações e respostas ao perigo do novo Coronavírus sinalizam desenvolvimentos não tão salutares – a quase total licença concedida à ação dos governantes de limitar certas liberdades fundamentais, como a liberdade religiosa, especialmente a liberdade de culto.

Tempos de emergência exigem, sem dúvida, atitudes extraordinárias. Certas decisões e políticas recebem uma licença que, no decorrer normal das coisas, nunca seria concedida sem protestos e debates. Esse, porém, não é um insight recente: na Antiguidade Clássica o filósofo grego Aristóteles definiu a prudência como a virtude que permite encontrar os critérios de julgamento e ação apropriados para as mais diversas situações e as atitudes a elas pertinentes. A pessoa prudente é capaz de julgar o contexto no qual se encontra e dar, a partir de princípios e critérios gerais, a hierarquia de prioridades e o tom correto da ação necessária – e assim, agir responsavelmente. Por vezes, o líder prudente irá, sempre guiado pelo saber acumulado, tomar atitudes não previstas nos códigos morais e políticos estabelecidos, em função do caráter extraordinário do desafio enfrentado.

Hoje precisamos, tanto os líderes quanto a sociedade como um todo, encontrar a sabedoria que nos permita agir com prudência, responsabilidade e eficácia, utilizando os insights acumulados na história e representados nas melhores tradições do saber e agir para responder à crise que atravessamos. Para contribuir com esse objetivo, o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) organiza a 1ª Jornada Virtual de Estudos em Direito e Religião, que acontece nos dias 12, 19 e 26 de maio, e também dia 2 de junho próximos.

O IBDR é uma instituição criada para buscar e defender a verdade por meio da ciência jurídica, da filosofia, das humanidades e dos saberes técnicos e práticos. Reunindo juristas, filósofos, teólogos e cientistas sociais de renome e ampla experiência na área acadêmica, religiosa, empresarial e pública, bem como várias tradições cristãs, o IBDR vem oferecer sua contribuição para os importantes debates atuais, facultando o acesso de toda a sociedade pelos meios virtuais a ideias e reflexões objetivas a partir de diversas perspectivas, num formato dialógico e aberto.

A 1ª Jornada Virtual de Estudos em Direito e Religião será dividida em quatro sessões temáticas, respeitando assim o caráter complexo e multifacetado dos desafios que enfrentamos.

A primeira sessão, no dia 12 de maio às 21h, trará o saber jurídico para considerar o tema das Liberdades e Excessos em Tempos de Exceção. Em um momento em que antigos e preciosos direitos e liberdades, a muito custo conquistados, são sumariamente ignorados, sem grandes justificativas, em nome do que é visto como a única solução em um ambiente nebuloso e incerto, precisamos recorrer aos instrumentos que o próprio Direito e as Cartas Magnas para lidar com essas situações. Para nos conduzir por essa reflexão, reunimos dois grandes nomes do Direito, o prof. Dr. Ives Gandra da Silva Martins, um dos maiores juristas brasileiros vivos, com mais de 200 obras no currículo e tendo sido um dos escritores de nossa Constituição, juntamente com o Prof. Dr. Marcus Boeira, acadêmico de renome e pós-doutor em filosofia do Direito, com a mediação do Rev. Dr. Davi Charles Gomes, pós-doutor em teologia, ex-chanceler do Mackenzie e os comentários do Dr. José do Carmo Veiga de Oliveira, desembargador aposentador e professor universitário, Dr. Jean Regina e Dr. Thiago Vieira, advogados, escritores e professores de Direito Religioso.

A segunda sessão ocorrerá no dia 19 de maio, também às 21h, trazendo algumas respostas da filosofia para esclarecer as Fronteiras existentes entre a Ciência, a Fé e o Direito – e, portanto, o papel específico de cada um desses saberes e práticas. Tendo em conta que cada uma dessas disciplinas e áreas do agir humano têm autoridade própria para discorrer e disciplinar o fazer humano nos seus respectivos âmbitos, torna-se necessário refletir sobre uma aplicação e convivência harmoniosa dos três saberes durante a contenda contra a pandemia do Coronavírus e suas consequências danosas para a vida pessoal e social. Sem deixar que qualquer uma das três assuma um papel exorbitante e interfira na competência das demais, a sociedade só tem a ganhar com a união das contribuições que cada modo de viver e conhecer traz para o enfrentamento do problema. A discussão reunirá os professores e doutores em filosofia Jonas Madureira (Mackenzie) e Gabriel Ferreira (Unisinos), com moderação do Rev. Dr. Davi Charles Gomes e interação para debates de Marcus Boeira, Francisco Razzo, professor, escritor e mestre em filosofia, e Thiago Vieira.

O terceiro tema será o da Vocação Social da Igreja em meio à Pandemia, abordado no dia 26 de maio às 21h. A fé religiosa – seja ela qual for – tem um papel central e organizador para a pessoa e a comunidade, que se reúne em torno de um núcleo de sentido (fé) e perspectiva de futuro (esperança) para agir com decisão e solidariedade (caridade). E, ao contrário dos estudiosos da “secularização”, o advento e avanço da modernidade e da pós-modernidade não trouxeram o fim da crença, antes levaram tradições e grupos religiosos a reproporem suas tradições e cultos em contextos sempre mais desafiadores. As igrejas continuam sendo, portanto, referências insubstituíveis para as pessoas que sofrem as consequências físicas, psíquicas e sociais da pandemia, e suas comunidades constituem verdadeiros exércitos para combater – com armas de paz, solidariedade e criatividade – os seus efeitos nefastos em todas as suas dimensões. Para testemunhar a presença sempre renovadora da igreja junto ao povo, os palestrantes principais dessa sessão temática serão o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer (a confirmar) e Rev. Davi Charles Gomes. A moderação será feita pelo Prof. Ives Gandra da Silva Martins, e o Rev. Franklin Ferreira, teólogo, professor, escritor e Diretor do Seminário Martin Bucer, Pe. Marcos Lázaro, teólogo, radialista e Pr. Valmir Nascimento, escritor, teólogo e jurista oferecerão comentários para enriquecer o debate.

Finalmente, a dimensão econômica não pode ser esquecida, pois tem sido uma das mais atingidas pelos efeitos do distanciamento social e do “lockdown”. Na sessão temática de 02 de junho, à 21h, a Economia em Tempos de Crise será o assunto do diálogo entre Antônio Cabrera Mano Filho, empresário e ex-ministro da agricultura e o economista e empresário Hélio Beltrão. A moderação será feita pelo Rev.  Davi Charles Gomes e interação e debates estarão a cargo de Jean Regina, Alex Catharino, historiador e editor, Madeleine Lackso, jornalista e digital influencer e Augusto Ventura, advogado, professor e escritor.

A participação de todos será gratuita, mediante inscrições na página https://doity.com.br/jornada-virtual-ibdr. Os eventos serão virtuais e o acesso se dará por meio de aplicativo do “DOITY” que será enviado ao e-mail informado no ato da inscrição ou por meio de acesso ao link, também enviado por e-mail. Além dos debates imperdíveis e esclarecedores, serão sorteados livros e divulgadas ações dos parceiros do evento. O IBDR emitirá certificados para os inscritos em cada palestra, totalizando o total (todos os eventos) 8 horas-aula para fins de atividades complementares acadêmicas.

Venha participar e juntar-se a nós nesse esforço coletivo e individual de vencer uma das principais crises de nossa geração. Somente com a recuperação da sabedoria milenar e multidisciplinar com que nossa civilização foi construída, resultando em uma liberdade, prosperidade e abertura nunca vistas na história da Humanidade, será possível encontrar os novos caminhos e soluções apropriadas para defender e renovar a vida humana.