Leito imaculado: sexo nos planos de Deus

*Este artigo é um resumo da palestra de Gilson Santos proferida na Conferência Fiel Jovens Interativa 2020.

O Brasil é um país legalista. Nós temos uma quantidade inumerável de leis e algumas sequer fazem sentido. Quando pensamos na Lei do Senhor, nos aproximamos desse conceito como se fosse um alimento amargo e chato que temos que deglutir. Quando lemos no Salmo 1 que o salmista tem prazer na Lei do Senhor, parece algo estranho e distante.

Mas há um sentido imensamente positivo na lei de Deus. Ela é o coração de Deus pulsando em amor por nós para nos ajudar a viver bem. Alguns pensam que a Lei começou quando Deus deu os Dez Mandamentos a Moisés, mas a Lei de Deus está presente desde o Éden quando Deus diz como viver. Ela é expressão de um Deus cuidadoso e amoroso que quer que sua criação viva bem. Ali no Éden está presente o sim de Deus, um sim amplo e abrangente. Eles podiam comer de todas as árvores do jardim. É algo imenso. Esse é um aspecto positivo da Lei de Deus. Mas também havia o não de Deus impondo limites. A Lei está na criação e ela possui um sentido moral e ético muito importante. E, se essa Lei está presente no Éden, ela possui um sentido não só permanente mas universal. Ela é a expectativa de Deus para todo ser humano, não apenas para os que vieram a crer. Se não entendermos isso, não compreenderemos bem o casamento nos termos de Deus.

Alguns intérpretes dividem os mandamentos em dois grupos, um com os 4 primeiros mandamentos, os quais remetem a uma relação mais imediata com Deus, e outro com os 6 últimos mandamentos, denotando uma relação imediata com o próximo. Contudo, essas “duas tábuas” não podem ser separadas. Elas possuem uma vinculação ética e lógica imensa. O cristianismo não faz ruptura entre religião e moral. O temor a Deus tem direta implicação na maneira que lidamos com o próximo e a maneira que vivemos com o próximo reflete como nos relacionamos com Deus.

Voltando um pouco no tempo, vemos que a vida sexual do mundo greco-romano era um caos sem lei. Não havia qualquer vergonha nas relações antes do casamento ou fora dele. Desde o palácio dos reis até as populações mais pobres, a imoralidade reinava, a ponto de muitos escritores da época escreverem relatos sentindo-se enojados de tais práticas. 

Agora pense no contexto em que nós estamos vivendo. Como a sociedade pensa sobre o adultério? Ela tende a considerar apenas uma inofensiva falha moral e não como uma violação da lei de Deus, que ofende a Deus. mesmo antes, o adultério já era visto com parcialidade, especialmente o masculino. Hoje temos visto as chamadas relações abertas, uma espécie de terceirização nas relações. Além disso, a mídia é aquela que praticamente molda toda a mentalidade e a cultura atual e seu papel não tem sido o melhor.

Certamente a grande maioria dos males vistos atualmente são devidos à quebra do mandamento “não adulterarás”. Sob a ótica de um que Deus é justo e amoroso ao mesmo tempo, podemos crer que Ele designou esse mandamento para o nosso bem! Qualquer atividade extraconjugal é adultério. E Jesus vai além: abrigar a lascívia no coração, mesmo que ela não se realize fisicamente, é pecado (Mt 5.27-30). Transformar pensamentos que vêm de repente e deleitar-se neles é algo pelo qual somos inteiramente ativos e responsáveis. Qualquer um que tem consciência da Lei, terá sentimento de culpa ao transgredi-la (Sl 51.3-4). Mas é preciso ter consciência de que essa Lei é para o nosso bem.

Quando não levamos isso em consideração sobre o adultério, podem vir muitas consequências e também outros pecados consigo: como filhos sem planejamento, abortos, extermina a confiança do cônjuge; ele envolve outras pessoas de forma mais explícita, embora até mesmo nos pensamentos imorais se encare o corpo do outro apenas como objeto de uso. No adultério, você se determina a não viver a plenitude do casamento.

É preciso entender que há três fases em todo casamento. A primeira fase chama-se deslumbramento. Nessa fase se vê no outro muito mais do que ele ou ela realmente é. Esse deslumbramento tem o seu tempo e tem seu papel. A segunda fase é o descobrimento. Ele chega uma hora ou outra, na grande maioria das vezes. Geralmente se precisa de ajuda externa. Ela também é importante pois traz uma clareza e um olhar realista. Por fim, a terceira fase é a melhor de todas. É a fase do aprimoramento. Os que conseguem resolver bem a fase 2 e conseguem chegar lá, vivem um momento mais maduro, leve e verdadeiro, que não se baseia em aparências. Mas se você não conseguir investir no casamento nos primeiros momentos sabendo que passará por isso, certamente irá naufragar.

Hb 13.4 diz que Deus honra o leito sem mácula. Deus procura leitos limpos, puros. A palavra “puro” denota algo que diante da luz não revela qualquer falha ou defeito. Em um tempo em que não havia tanta iluminação no interior dos ambientes, as pessoas podiam comprar peças com defeitos. Então, elas saíam para fora e recorriam ao sol para ver defeitos que não teriam sido notados lá dentro.

Deus procura pessoas que não tenham nada que esconder nas sombras. É para nosso bem que ele ordena que não adulteremos. Essa é uma palavra doce de um pai amoroso. Se você tem falhado nesse mandamento, eis o chamado: olhe para a pessoa de Cristo. Ele é inteiramente santo, sagrado, o cordeiro de Deus puro e sem mácula, uma peça sem defeito que pode ser exposta à luz do sol. Olhe para Ele e confie nele para o perdão dos pecados. Peça que Ele seja seu escudo e sua defesa. Implore seu perdão e peça a graça e a justiça que vêm dele e, assim, você poderá ter uma relação com o outro sexo digna e pura.