As igrejas virtuais realmente existem?

As “igrejas virtuais” realmente existem?

Certamente, os cristãos podem ficar online e assistir a um pastor pregar em uma transmissão de vídeo ao vivo. Eles podem entrar em um bate-papo em grupo. E Deus usará essas coisas para o bem.

Mas isso não significa que devemos chamar essas atividades de “igreja”.

Pense. Você já chamou uma conferência cristã, reunião denominacional ou acampamento de jovens de “igreja”? Não? Por que não? Há pregação, oração e canto. No entanto, entendemos que eles não são igrejas. Poderíamos começar a chamá-los de igrejas. Poderíamos redefinir a palavra “igreja” para incluir conferências e acampamentos. Mas sabemos que chamá-los de “igreja” não os tornaria igrejas, pelo menos não pelos padrões da Bíblia.

Assim é também com a “igreja virtual” ou “igreja na internet”. Pelos padrões bíblicos, essas coisas não existem. Elas não são igrejas. Quando dizemos essas palavras, redefinimos inadvertidamente a palavra igreja. As frases são furtivas assim.

O guia bíblico de “como construir uma igreja”

O que aprendemos quando nos voltamos para Jesus e a Bíblia como nosso guia de “Como construir uma igreja”?

A etapa 1 para construir uma igreja, descobrimos nas Escrituras, é reunir os cristãos em nome de Jesus. A própria etimologia da palavra grega para “igreja” ensina isso. Ekklesia, traduzido literalmente, significa assembleia. Portanto, uma igreja, antes de mais nada, é uma assembleia de pessoas que se identificam e declaram o nome de Jesus e seu Evangelho.

No entanto, se a etimologia não o convence, vamos fazer a exegese. O próprio Jesus diz que o ajuntamento carrega sua autoridade e hasteia sua bandeira. Depois de se referir a uma ação da “igreja” (Mt 18:17), Jesus afirma a licença da igreja para agir como agia, dizendo que a reunião física o representa: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20). Ele está “lá” e “entre” os “reunidos” – três palavras que se referem a espaço. E é nesse espaço, naquele espaço físico, que uma igreja declara oficialmente o Evangelho e se identifica com o Evangelho.

Como eles se identificam com Jesus e seu Evangelho? Consulte a Etapa 2.

Se Mateus 18 nos dá a Etapa 1, Mateus 28 nos dá a Etapa 2: batizar as pessoas no nome de Jesus e ensinar-lhes toda a Bíblia (Mt 28.19-20). O que faz sentido. São aqueles que se reúnem em seu nome que devem batizar e ensinar em seu nome. É com aqueles com quem ele promete morar agora (Mt 18.20) que ele promete morar para sempre, especialmente quando eles se movem no tempo e no espaço (Mt 28.20). Ele nunca diz que vai morar na internet.

Espalhados entre as nações, cada um desses encontros funciona como um posto avançado ou uma embaixada do reino de Jesus. Ele não quer que seus seguidores reivindiquem terras, desenhem fronteiras em um mapa e levantem militares. No entanto, ele sabe que seus cidadãos ainda precisam de um espaço geográfico para se apoiar uma vez por semana, uma maneira de se tornarem visíveis para que saibam quem são e para que o mundo saiba quem são.

A assembleia é onde a igreja encontra seu espaço geográfico semanal, um espaço santificado que olha para trás, para o Jardim do Éden e o Templo onde Deus habitou com o homem, e também para os novos céus e nova terra onde ele habitará de novo. Isso torna a igreja – a igreja universal – tridimensional, encarnada, visível, tocável por apenas algumas horas no domingo. Você pode entrar, olhar ao redor, esfregar os ombros e sentir a temperatura da sala subir conforme os corpos ocupam o espaço. A assembleia é onde os incrédulos podem vir e testemunhar o reino de Deus e dizer: “Deus está, de fato, no meio de vós.” (1Co 14.24-25).

O passo 3 para construir uma igreja é exercitar este Evangelho e reafirmarmos uns aos outros como membros do mesmo corpo por meio da Ceia do Senhor: “Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão.” (1Co 10.17; veja também Mateus 26.27-28). Consequentemente, Paulo está profundamente preocupado em como a igreja pratica a Ceia “quando vos reunis na igreja” (1Co 11.18-34). Observe nesta frase, há um sentido em que a igreja não é uma igreja até que se reúna. Ele é, portanto, inflexível em que, quando eles participam da Ceia, devem “discernir o corpo” e “esperar um pelo outro” (vv. 29, 33).

Não estou dizendo tudo isso apenas porque sou um congregacionalista ou o cara da One Assembly. A “Forma de Governo Eclesiástico” da Assembleia de Westminster (1645) – o primo menos conhecido da “Confissão de Westminster” – diz que uma igreja “se reunirá em uma assembleia” para o culto público.

Por que você necessita se reunir realmente, e não apenas virtualmente

Com certeza, a tecnologia do Zoom ou Google Chat nos dá alguns dos benefícios da presença real. Louvado seja Deus. No entanto, também se pode entender por que muitos cristãos, em todo o mundo, simpatizam mais do que nunca com a piada do general da Marinha: “Presença virtual é ausência real.” Este ponto é afirmado de coração por qualquer pessoa que esteja em uma praia esperando um resgate pelos fuzileiros navais.

Da mesma forma, você não quer estar virtualmente com sua esposa em lua de mel. Você quer estar com ela, de verdade. Você não quer se reunir com seus filhos virtualmente na manhã de Natal. Você quer se reunir com eles, de verdade. Quantos de nós, nesta temporada de pandemia, também estamos descobrindo, como nunca antes, a diferença entre a presença virtual e a presença real em nossas igrejas?

Lembra de como você lutou contra o ódio oculto por um irmão durante toda a semana, mas então a presença dele na mesa do Senhor o atraiu à convicção e à confissão? Lembra de como você lutou contra a suspeita em relação a uma irmã, mas então a viu cantando as mesmas canções de louvor que você, e seu coração se aqueceu? Lembra de como você lutou contra a ansiedade sobre a recente eleição, mas então o pregador declarou a vindoura vitória e vindicação de Cristo, você ouviu gritos de “Amém!” ao seu redor, e você lembrou que pertence a uma cidadania celestial firmada na esperança? Lembre-se de todas aquelas vezes em que você foi tentado a manter sua luta no escuro, mas então a pergunta carinhosa, mas urgente, do casal mais velho durante o almoço – “Como você está realmente?” – atraiu você para a luz?

Cristão, você e eu podemos “baixar” as verdades bíblicas virtualmente. Maravilhoso. No entanto, não podemos sentir, experimentar e testemunhar essas verdades encarnando-se na família de Deus, o que fortalece nossa fé e cria laços de amor entre irmãos e irmãs.

Pelos padrões bíblicos, não existe igreja virtual. E você não se sente feliz por isso? A Escritura nos oferece algo corporificado, melhor e vivificante – a assembleia de sua noiva comprada por sangue, que é linda.

Última pergunta: você é um pastor que está pensando em começar um “campus virtual”? Irmão, não engane as pessoas com algo fora da realidade. Fique com as Escrituras, insistindo que a Bíblia significa incomodar suas vidas e horários por causa do amor. O amor pessoal é sempre melhor do que o amor virtual. Pergunte a sua esposa e filhos se tiver dúvidas.

Por: Jonathan Leeman. © 9Marks. Website: 9marks.org. Traduzido com permissão. Fonte: Do Virtual Churches Actually Exist?

Original: As igrejas virtuais realmente existem? © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.