Estou grávida, e agora? Terei muitos gastos?

A gravidez é um momento maravilhoso na vida da mulher: estamos sendo instrumentos de Deus para gerar uma nova vida. Como é delicioso imaginarmos um ser sendo desenvolvido dentro do nosso ventre, especialmente quando lemos o Salmo 139 e o modo assombrosamente maravilhoso como Deus forma esse pequenino ser.

Porém, a gravidez vem cheia de temores: Será que conseguirei amamentar? Qual tipo de alimentação vou seguir? Será que conseguirei sustentar meu filho com tantas coisas que ele precisa no mundo de hoje: roupa, sapato, boa escola, inglês, brinquedos legais, festas maneiras, piano, balé, judô, e por aí vai, uma infinidade de coisas passam pelos pensamentos das mãezinhas. A insegurança quanto essas questões sempre nos rodeiam.

Vou me ater a questão financeira, especificamente, mas, como pessoas integrais que somos, tudo está junto e misturado com a vida espiritual.

Quando eu estava à espera da minha primeira filha, a Clarissa, o guarda-roupa dela tinha um visor para duas prateleiras, que era onde eu colocava os sapatinhos.  Ali cabiam em torno de uns 50. Tinha de todo tipo, rosa, vermelho, de verniz, de couro, social, esporte, para todas as ocasiões. Muitos foram herdados de uma amiga, mas eu embalei na coleção e comprei mais um tanto, assim como ganhei muitos outros. Até que um amigo nos visitando me falou: “quero ver quando ela crescer e for adolescente se você vai conseguir sustentar todo esse luxo”. Ui! Fui duramente confrontada. Para falar a verdade, não aprendi logo de cara não, aproveitei ainda muitas outras promoções para comprar vários sapatos e outras coisas, até que meu coração foi sendo transformado pelo Espírito Santo (e continua sendo até hoje). Pela graça e misericórdia do nosso bom Deus, minha filha, hoje adolescente, se atém aos mais básicos e que combinam com tudo.

A questão é, minhas irmãs, que como mães, queremos “exibir” nossos filhinhos lindos, cheirosos e sua ótima educação. Os problemas por trás de tudo isso são: os gastos exagerados, os chás de bebê e revelação, as festas, os inúmeros apetrechos que “precisamos” comprar até chegar ao momento de decidir escola e cursos extras. É para desesperar pai e mãe mesmo. E isso nos mostra o quanto estamos sendo contaminados pelas definições do mundo quanto as finanças x criação de filhos.

Limites de gastos

Pois bem, mas qual seria o limite de gastos que deveríamos estipular com a chegada dos filhos ou durante a criação dos filhos?

Um parâmetro é: não podemos gastar mais do que ganhamos, isso é fato. Fazer dívida para algumas coisas que podem ser consideradas luxo ou para que consideramos necessidade sem ser necessidade. Então eu entro no segundo parâmetro: Gosto sempre de meditar nos seguintes versículos para tal decisão: “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;” (Mt 6.31, 32). Vamos dar foco no “necessitais”. Hoje, com relação aos sapatinhos, eu pensaria assim: a minha filha ainda não anda, então o sapato entra como um adereço, se ela tiver um social para vestido e outro mais esporte, já está ótimo. É isso que ela necessita por hora. Conforme vai crescendo, as necessidades vão mudando, por exemplo, quando estiver começando a andar precisaria que tivesse um sapato com solado mais seguro. Eu necessito ter uma babá eletrônica se minha casa é pequena e qualquer gemido da criança eu ouço do meu quarto? Com certeza não.

Vocês já devem ter ouvido muitas histórias das caixas de brinquedos. Aquelas histórias que os pais vão felizes dar um presente super legal para a criança (e muitas vezes se endividaram para isso), ela abre o pacote e nem dá bola para o brinquedo, mas passa horas brincando com a caixa. Que frustração! Isso acontece porque pensamos mais no que está na moda do que o que realmente a criança gostaria.

Minha filha Melissa de 10 anos gosta de eletrônicos, como, atualmente, toda criança, mas se perguntarmos o que ela mais gosta ela diz que são as brincadeiras antigas: mamãe da rua, esconde-esconde etc. Nesse último aniversário dela fizemos ou compramos 10 coisas para ela, simbolizando os 10 anos e o que ela mais gostou foi da cabana que montamos com os lençóis aqui de casa mesmo.

Por falar em aniversário, esses dias são um caso especial, que na verdade, junto com os chás de bebê e revelação, viraram uma festa de gastos exorbitantes. Já ouvi falar de pessoas que fizeram empréstimo para pagar festas. Veja bem, não sou contra festa, pelo contrário, gosto muito de decorar, pensar em cardápio, receber. Mas as coisas estão passando dos limites, ou melhor, já passaram. É uma verdadeira fábrica e o marketing em cima disso foi tão pesado, que as pessoas veem como necessidade básica (bom, a pandemia nos mostrou que podemos muito bem viver sem festas tão exorbitantes). É possível organizar uma festinha com bastante criatividade e gastando pouco. A internet está aí para nos ajudar com isso e com certeza sempre conhecemos alguém que é boa com papel, outra com comida, outra com decoração. Fora que os preparativos são sempre muito prazerosos.

Cursos e custos

Quando chegar a época de escolher os cursos extras, não pire! Veja a real necessidade. Qual vai ser a real diferença entre começar a fazer o curso com a idade x ou começar a fazer com a idade y? O que isso de fato vai afetar a vida do meu filho. E, nesse sentido, devemos sempre pensar em desenvolver os dons e talentos que o Senhor já deu para nossos filhos, para que ele possa servir ao próximo, seja na igreja e na sociedade, de forma a glorificar a Deus. Vale lembrar que esportes são oferecidos gratuitamente pelas prefeituras ou, quem sabe também possam formar um grupo de crianças ou adolescentes na igreja para praticarem esportes juntos? E os cursos intelectuais são possíveis de se obter gratuitamente ou com preço razoável. Com essa questão de aulas on-line, podemos usufruir muito disso.

E isso serve tanto para você que tem uma condição de vida confortável, mas que precisa pensar com moderação nos seus gastos (Fp 4.5), quanto para você, que já tem uma vida mais moderada ou passa por dificuldades financeiras, em que tem de exercitar o contentamento em todas as circunstâncias (Fp 4.12).

Tenho visto como as famílias são abençoadas com a chegada de novos filhos. Mesmo que em uma situação não tão confortável, são abençoadas com móveis, roupinhas, fraldas e por aí vai. Mesmo sendo algumas coisas de segunda mão, não tem problema, muitas coisas são usadas durante pouco tempo e sempre aproveitáveis. O Senhor cuida do seu povo através do seu povo.

Não estou dizendo, com isso, que a família deve viver às custas da igreja ou de irmãos, sem procurar em se esforçar com a busca de emprego ou se capacitar para ter um emprego melhor para sustentar sua família, estou dizendo daquelas fases mais difíceis que passamos e precisamos ser socorridas.

Em primeiro lugar o mais importante

Por fim, queridas irmãs, deixo para vocês a continuação do capítulo 6 de Mateus, no versículo 33: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Antes dessas questões mencionadas, devemos direcionar nossos olhos aos céus, procurando saber qual é a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para nossos filhos. Como iremos desenvolver nossa missão de mãe de forma a glorificá-lo e que nossos filhos cresçam a imagem e semelhança de Cristo. Mergulhe na Palavra do Senhor, dobre seus joelhos em oração, procure irmãs que têm seus filhos na igreja, desde aqueles pequeninos que prestam atenção ao culto até aqueles que já desenvolvem a fé, servindo ao corpo de Cristo. Não busquem o conhecimento para esse momento tão singular em coisas desse mundo, em pessoas que vão te fazer enxergar uma necessidade que não condiz com a moderação e contentamento bíblicos. Grude nas irmãs piedosas e moderadas, que estão constantemente buscando no Senhor a melhor maneira de criar seus filhos.

Deus a abençoe e guarde, desde já sua gravidez e em todos os momentos.