Ajudando umas às outras

O ministério que prepara mulheres para ajudar outras mulheres

O meio cristão está comprometido com um número considerável de mulheres sinceras que gostariam muito de viver a palavra de Deus como regra de fé e prática. Porém, a intencionalidade não as faz viver o que almejam. Depara-se, cotidiana e rotineiramente, com mulheres angustiadas, desanimadas, em meio à desesperança e confusão mental que as incapacita de viver o que Deus planejou e determinou em sua Palavra.

A realidade apresentada se evidencia ao deparar-se com mulheres cristãs com doenças de causas emocionais, como depressão, síndrome do pânico, entre outras. Além disso, encontra-se mulheres dispostas a viver uma vida no silêncio de sua dor, por não compartilharem o coração com alguém em quem confiam. Sem contar aquelas que decidem deixar o marido, seu trabalho, entregando suas casas ao abandono emocional por não saberem lidar com seus traumas, dores, afetividades e sentimento de culpa implacável.

Um dado ainda preocupante é que a taxa de divórcio entre os evangélicos não tem diferenças significativas em relação aos não evangélicos. Contudo, uma pesquisa do Instituto Barna (EUA), feita em fevereiro de 2017, mostra que a taxa de divórcios entre evangélicos se iguala a da sociedade em geral. O percentual de divórcios é o mesmo (25%) para todas as confissões. Ou seja, não há mudança significativa entre evangélicos, católicos e membros de outras religiões.  Ao mesmo tempo, nessa pesquisa, é apontado o trabalho que as igrejas evangélicas geralmente fazem junto às famílias como um diferencial, que impede que o número seja ainda maior.[1]

Os pais possuem a responsabilidade dada por Deus para serem os principais agentes formativos na educação dos seus filhos; precisam construir o caráter temente a Deus na vida deles, guiando-os diligentemente nos caminhos da sabedoria desde a infância até a idade adulta, confiantes de que a graça soberana de Deus é capaz de resgatar a alma deles e conduzi-los nesse caminho, mesmo quando seus pais e outros modelos não estiverem mais por perto.

Sobre o papel que Deus designou para o homem, vale ressaltar, a exposição que Merkh[2] faz: “o amor bíblico é oferecido pelo marido, e não exigido pela esposa; é uma ordem, e não uma opção; exige uma obra sobrenatural do Espírito Santo, produzindo a vida de Cristo no marido; o amor bíblico é uma escolha, e não uma emoção. Além disso, o amor bíblico do marido segue o padrão do sacrifício de Cristo (Efésios 5.25); o amor bíblico implica o pastoreio da esposa (Efésios 5. 26,27); o amor bíblico do marido exige a proteção da esposa (Efésios 5.28-31).”

Entretanto, quando o marido não se propõe a assumir e exercer o papel de líder no lar, a mulher, fica desprotegida e acaba tentando buscar recursos no mundo, muitas vezes utilizando o trabalho como um falso refúgio, visando não somente a remuneração, mas também a realização pessoal.

Os problemas conjugais facilmente se desenvolvem na área financeira, de comunicação, falta de perdão, infidelidade, medos, interferência de outros (na vida conjugal e criação dos filhos), solidão e outros. Logo, os desafios que a mulher casada enfrenta, atualmente, são muitos. E muitas dessas mulheres têm procurado ajuda espiritual para suas causas.

À luz da palavra de Deus, a mulher mais experiente tem o dever de ensinar, repreender, corrigir, instruir em justiça as mais jovens. Ao conhecer a necessidade vigente, quero despertá-la a implementar um Ministério de Mulheres em sua igreja local, ou se envolver no Ministério, caso este já exista.

Com a função de promover o fortalecimento destas enquanto cristãs.

Um dos meios de servir a Deus é sobre como a mulher cristã pode agradá-lo e Servi-lo, conforme expresso em Tito 2.3-5:

Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e aos seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. 

Para iniciar a implementação desse Ministério, é importante ter em mente que, à medida que o ministério se estabelece, há a necessidade de realizar um treinamento das líderes que irão exercer o ministério equipadas com a Palavra, sendo mulheres que tenham interesse em se envolver, de alguma forma, servindo a Deus como instrumento dele.

A prática da vida cristã especificamente na dinâmica da igreja, tem mostrado a necessidade de investimento nos princípios bíblicos de Aconselhamento Bíblico, exaltando a suficiência das Escrituras, uma vez que há uma contaminação humanista, especialmente no que diz respeito a condutas frente a situações de alterações de comportamento e angústia da alma.

Muitas mulheres falam rapidamente sobre problemas que estão passando, que precisam ser tratados à luz das Escrituras, e isso demanda um tempo. Porém, vemos que para que o problema seja identificado, dando nome ao pecado, é necessário direcionamento para que haja arrependimento, confissão e revestimento do “novo homem”, e isso pode ser facilitado quando num grupo com menos pessoas, onde haja confiança e sigilo para fazer isso.

As diversas faces do Ministério de Mulheres

Existem trabalhos específicos que noticiam alguns Ministérios de Mulheres, de várias denominações evangélicas, porém, podem ser voltados para atender as necessidades da mulher da Igreja e da comunidade nas áreas física, mental, social e espiritual. Alguns priorizam promover comunhão, integração, ação social e evangelização. Outros, realizam ações, criando oportunidade de melhoria de renda familiar por meio das oficinas de artesanato; outros, ainda, tem o foco na intercessão pelos filhos. Ainda encontramos os “Chá com Prosa”, Cafés, encontros mensais, conforme a realidade e demanda local.

Há Igrejas que ainda tem um Ministério que prepara mulheres para ajudarem outras mulheres, independentemente da situação civil, social ou profissional, desenvolvendo trabalhos voltados para inúmeras situações de vida da mulher: preparo para o casamento; gravidez (planejada ou indesejada); situações judiciais (mulheres que estão encarceradas); divórcio e separação (mulheres que enfrentam o rompimento do casamento, pensam em se separar ou foram abandonadas por seus maridos); viúvas.

De toda forma, a família é um campo de batalha em que o inimigo de Deus, Satanás, trava suas batalhas mais ferozes; e uma das maneiras estratégicas que ele utiliza e investe está relacionada aos papéis dos cônjuges.

Por isso, a perspectiva de implementação do Ministério de Mulheres na igreja local, visa a funcionalidade, promovendo frutos espirituais na vida e família dessas mulheres casadas, solteiras, bem como na vida das adolescentes e jovens da igreja local. Que elas recebam auxílio para tornarem-se boas esposas,

Na Igreja Presbiteriana em Ribeirão Preto (interior de SP), foi realizada uma pesquisa sobre a caracterização das mulheres casadas da igreja local, com objetivo de levantar a necessidade de iniciar o Ministério de Mulheres, para que estas se envolvam umas com as outras, servindo ao Senhor e à igreja de maneira bíblica. Isso realizou-se com elaboração um questionário para mulheres casadas da igreja local, e após análise das respostas, foi proposta a implementação, visando a formalização do Ministério de Mulheres, dispondo de recursos e condições que resolvam a problemática da limitação do trabalho com essas pessoas.


[1]ARAGÃO, J. Um terço dos casamentos no Brasil termina em divórcio. Disponível em: <https://www.gospelprime.com.br/pesquisa-revela-que-1-3-dos-casamentos-no-brasil-termina-em-divorcio/>. Acesso em: 24 de setembro de 2019.

[2]MERKH, D. J. Comentário bíblico: lar, família & casamento: fundamentos, desafios e estudo bíblico-teológico prático para líderes, conselheiros e casais. São Paulo: HAGNOS, 2019.