Ministério para mulheres

Existem todos os tipos de ministério nos quais as mulheres podem se envolver, tendo em mente que devemos sempre ministrar umas às outras.

Pelo fato de homens e mulheres serem diferentes biológica e racionalmente, as mulheres conhecem melhor mulheres, e os homens estão em melhor posição de conhecer os homens e, portanto, há um benefício particular em mulheres ministrarem a mulheres e homens a homens. Há o benefício do conhecimento vivido e há a empatia que existe entre os iguais.

Precisamos defender o evangelho em nossas igrejas, nossas casas e no mundo; fomos recrutadas para isso; esse é o significado:

Mas, seguindo a verdade, em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. Efésios 4.15,16.

Toda doutrina da Bíblia tem implicações significativas sobre como devemos viver nossas vidas como mulheres piedosas. Os principais ensinamentos sobre a Bíblia em si podem ser classificados como a autoridade de Deus, a clareza da Escritura, a necessidade da Escritura e a suficiência da Escritura. Essas são as verdades básicas que as mulheres precisam conhecer sobre a Bíblia para que entendam melhor o lugar essencial da doutrina em suas vidas.

Quando Deus nos chama para servi-lo no Ministério, precisamos confiar que ele suprirá os recursos que precisaremos. É imprescindível lembrar que o Ministério não é particular, de uma pessoa, mas é de Jesus. Essa perspectiva poupará de tristezas enquanto caminha-se com as mulheres pelas provações de suas vidas.

Satanás pode tentar desanimar e colocar obstáculos no caminho. Não podemos ceder às suas tentações nem cair em suas mentiras. É necessário submeter-se aos líderes da igreja, diante de Deus e, sempre, pedir o auxílio do Espírito Santo (Tiago 4.1-8).

Fazer um Encontro Inicial, seguido de Oração, para então começar a Ação. A sugestão é que nessa etapa inicial seja realizado um encontro informal com as pessoas convidadas, de preferência num dia e horário fora de qualquer atividade da igreja, tendo a duração máxima de 1 hora. Deve ser dinâmico, e será explicado o que é discipulado e que o compromisso será uma atividade que vai transformar a sua vida. O autor ainda sugere utilizar o texto de Lucas 14.26, 27: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos e irmãs, e até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Serão necessárias renúncias, primeiramente em relação ao tempo. Haverá um material de estudo que será usado no processo, como um roteiro para o discipulado. Este deve ser estudado.

Os encontros devem ser semanais, em grupo, para que estudem as lições, e também compartilhem o que Deus tem falado a cada um. Ele descreve os passos para a formação dos grupos, função do coordenador, periodicidade dos encontros. O ideal é que 2 pessoas da mesma família não participem do mesmo grupo, principalmente marido, esposa e irmãos.

A proposta é para o crescimento sólido da igreja, por meio do discipulado. Descreve, ainda, alguns princípios fundamentais do discipulado, a saber: relacionamento com Deus; relacionamento com pessoas.[1]

Devemos deixar Deus agir em nós; depois, deixar Deus agir por nós, e finalmente, deixá-lo agir através de nós, pois foi assim que Jesus fez com os seus discípulos e por esse motivo, hoje somos discípulos, dos discípulos, dos discípulos de Jesus.

Jesus pode usar qualquer um que deseja ser usado. Seu objetivo inicial era arregimentar pessoas que fossem capazes de testemunhar a respeito de sua vida e manter sua obra em andamento, depois que retornasse ao Pai. Pessoas que as mãos do Mestre moldaram, ganhavam uma nova imagem. Não dá para transformar o mundo se as pessoas que nele vivem não forem transformadas.

Jesus ajudava o povo, mas dedicou sua atenção prioritariamente a algumas pessoas, mais do que às massas, com o objetivo de garantir que elas tivessem oportunidade de conhecer o caminho da salvação. Este era o aspecto mais genial de Sua estratégia.

O mesmo autor descreve que Jesus pedia apenas que seus discípulos o seguissem. Quem o acompanhava, aprendia. Um testemunho vivo vale tanto quanto uma centena de explicações.

Para desenvolver o processo de Discipulado, o acompanhamento deve ser sempre pessoal. O compromisso dos discípulos não era com uma doutrina, mas com uma Pessoa que era o cerne desta mesma doutrina. Só se continuassem em sua Palavra é que poderiam conhecer a verdade.

Para realizar o discipulado, deve haver, incondicionalmente, uma obediência a Cristo para experimentar um desenvolvimento de caráter ou propósito. Quando na companhia de Jesus, os discípulos foram incentivados e fortalecidos. Com o Mestre por perto, sentiam como se não houvesse nada impossível. Imprescindível para nós esta certeza: O poder está no Espírito de Cristo. Não se trata de quem somos, mas de quem ele é. É isto que faz a diferença.

O Mestre não esperava que Seus seguidores fizessem nada além do que podiam, mas esperava que fizessem o melhor que pudessem, e que desenvolvessem, à medida que fossem crescendo no conhecimento e na graça. Portanto, para propor o Discipulado, é necessário que o discipulador tenha uma vida piedosa, de oração, para que as vidas produzam frutos, além de ser um exemplo de vida.

Bounds afirma algo que gostaria de ressaltar:

“Enquanto não houver pessoas cheias do Espírito e comprometidas com o plano divino, nenhum de nossos métodos funcionará… precisamos de pessoas melhores: gente que conheça seu Redentor com mais profundidade; que tenha a mesma visão do Mestre e sinta a mesma paixão pelas almas perdidas; que esteja disposta a desaparecer para que Jesus apareça; que queira apenas ver Cristo refletir sua vida neles e através deles, de acordo com a sua vontade, que é a melhor. Foi assim que o Mestre planejou para que seu objetivo se cumprisse na Terra; e quando sua estratégia for colocada em prática, as portas do inferno não prevalecerão contra a obra de evangelização do mundo.”[2]

Desta forma, o Evangelismo nos diferencia porque nos caracteriza, nos identifica como seguidores do Mestre, pois se o amamos tanto, precisamos contar às pessoas quem ele é, e quem elas podem ser, quando alcançadas pela sua graça.

Jesus, quando chamou os discípulos, chamou os improváveis. O perfil social, cultural e econômico do público era caracterizado por pessoas simples, iletrados e pobres. O caráter desses chamados também foi curioso. Pessoas que erravam nos julgamentos, lentos para compreender questões espirituais, mas honestos, que admitiam fraquezas. Eram grosseiros, de habilidades limitadas, com exceção a Judas, todos tinham um grande coração.

Discípulos eram alunos ou protegidos do mestre. Ser discípulo exige: obediência e lealdade. Seguidores assumem o caráter do líder. Seguir implica em confiar, e ser seguidor de Jesus implica em fazer morrer a natureza pecaminosa, amar ao próximo e obedecer a Cristo. Ações que poucos querem fazer. Jesus foi um exemplo de obediência absoluta. Só sabe liderar, aquele que aprende a se submeter.

Embora pareça tão óbvio, hoje ainda vemos com muita frequência, membros de igrejas que apenas frequentam aos cultos de forma passiva, há anos, apenas enquanto espectadores, mas nunca foi realizado um trabalho de discipulado com eles.

Discipulado ajuda pessoas a descobrirem sua missão de vida e faz com que a igreja de Cristo cumpra sua missão. É um processo no qual precisamos persistir para assimilar princípios e mandamentos de Jesus. Renata Gandolfo, descreve bem uma situação, muito real em nossas igrejas locais. Ela relata que mulheres chegam à nossa igreja com tantos problemas, e precisamos ajudá-las, tendo compaixão delas. Para a autora, quando separamos um tempo na nossa agenda semanal para andar junto com alguém que está precisando se aproximar mais de Deus e ser mais parecida com ele, pode se caracterizar um discipulado. Orar, ler as Escrituras, conversar sobre a vida cotidiana, relacionamentos, afetos, aplicando as Escrituras em situações reais e práticas.[3]

É necessário andar mais que uma milha. Gastar a própria vida com a vida do discípulo, investir tempo. “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (Mateus 5.41).

A autora ainda ressalta a importância de memorizar versículos para alinhar os pensamentos aos do Senhor; estudar os atributos de Deus para conhecer aquele a quem devemos obedecer e para ter uma teologia centrada nele. Isso possibilita colocar Deus no lugar de Deus: acima de todos os deuses. Aprender o valor de ler as Escrituras com frequência e assiduidade.

Devemos exalar o bom perfume de Cristo, capacitando o outro a ser o perfume de Cristo na vida das filhas que Deus continua nos dando. “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem” (2 Coríntios 2.15).

Afirma, ainda, que não é necessário ter um diploma de graduação, pois discipular é andar junto com aquela irmã que Deus proporcionar estar ao seu lado hoje. Andar junto é investir seu tempo com ela. Tempo bom ou ruim; por isso, são necessárias duas características fundamentais: disposição e compromisso; com isso, o Senhor vai nos suprindo e nos habilitando para toda boa obra.

E para fazer isso é necessário investir tempo em oração por essa vida que Deus designou a você. Observe-a, pense sobre ela à luz das Escrituras. Ame-a. Tenha um coração misericordioso, Lembre-se de como Jesus teve misericórdia de você. Relacione-se com essa pessoa; crie oportunidade de estarem juntas. Mulheres têm muitas oportunidades de conviverem. Haverá tempo de dar o seu próprio testemunho, de confessar suas fraquezas e mostrar como Cristo agiu poderosamente em sua luta contra o pecado. A sua vida é a Bíblia viva que ela está lendo. A aprendiz de ovelha estará verdadeiramente olhando para tudo o que você faz, a forma como você fala, suas reações. Você será um modelo. Mesmo sentindo que não está pronta para isso, o Senhor é quem nos habilita.

Mark Dever define discipular como ajudar outras pessoas a seguir Jesus; uma outra definição é: exercer uma boa influência espiritual sobre alguém, de modo deliberado, de forma que essa pessoa se torne mais parecida com Cristo.[4]

Dever afirma que fazer discípulos é uma ordem que deve ser obedecida. Acrescenta que parte do processo de crescimento em maturidade é ajudar o próximo a crescer em maturidade. Ou seja, não estamos na igreja apenas para suprir nossas necessidades, mas também para sermos preparados e estimulados a cuidar de outras pessoas.

Acrescenta que o cristianismo não é para o autossuficiente, que não precisa de mais ninguém; é uma religião para os discípulos de Cristo, seguidores que guiam outras pessoas a também fazer discípulos. Ele ressalta, de forma interessante e esclarecedora que a Escritura é sensível às questões de gênero no discipulado; por exemplo, Paulo diz a Tito:

Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e aos seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.[1] Tito 2.3-5.

Para o autor, discipular faz parte da estrutura familiar: todos temos pai e mãe, irmã, irmão, cônjuge; porém, na igreja, apesar de compactuarmos com homens e mulheres, e termos uma família de amigos, quando voltamos para um relacionamento de discipulado regular e deliberado, é sábio que homens discipulem homens e mulheres discipulem mulheres.

Reconhecemos que o gênero é uma realidade outorgada por Deus e desejamos tratá-la de forma realista e respeitosa, devemos amar todos os membros da igreja e ao mesmo tempo trabalhar para evitar intimidades equivocadas.

Quanto à idade dos discípulos, Pedro nos ensina em 1 Pedro 5.5:

Rogo-vos igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns para com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.

Assim como, no texto anteriormente citado (Tito 2.3-5), as mais velhas devem ensinar as mais novas. É necessário que haja confiança entre o discipulador e o discipulando: “E o que da minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Timóteo 2.2).

Jesus concluiu seu tempo na terra com a ordem a seus discípulos de fazerem discípulos, como vimos anteriormente. Mas, seria assim que seu reino seria construído? Jesus ensinou em Mateus 13.31,  32:

O reino do céu é como uma semente de mostarda que um homem tomou e semeou em seu campo. Ela é a menor das sementes, mas ao crescer fica maior que todas as plantas do jardim e se torna uma árvore, de modo que as aves do céu vêm e fazem ninhos em seus galhos.

Para cumprir essa ordem, o discipulado equivale a iniciar um relacionamento no qual o discipulador ensina, corrige, serve de modelo e ama, sendo necessário muita humildade.

Fazer discípulos envolve coisas difíceis, tais como: dizer não, perseverar em meio aos problemas, saber quando devemos ter paciência com alguém e realmente ser pacientes. Para Dever, discipular nada mais é do que ajudar alguém a seguir Jesus ao exercer de forma intencional uma boa influência espiritual sobre a vida dessa pessoa. Somos cristãos porque pessoas fizeram isso por nós e, consequentemente, outras fizeram isso por elas, e assim, em todas as gerações anteriores até chegar aos primeiros discípulos.

As testemunhas oculares de Deus ensinaram o que ele lhes ordenou que fizessem, e assim surgiram as testemunhas auriculares. Essa prática continua até os dias de hoje, e agora, é a nossa vez. Sob a soberania de Deus, a geração futura de discípulos depende de seguirmos o exemplo dos primeiros discípulos. Discipular é parte do nosso próprio discipulado a Cristo.

Maureen Bonner, compartilha da mesma ideia das autoras Furman e Nielson sobre Ministério de Mulheres, ao afirmar que Jesus, quando viveu aqui na terra, ensinou tanto por meio de palavras, como por meio de obras; e no final do seu Ministério terreno, Ele deixou para a igreja o mandamento – que já vimos – de aplicar sua missão de ensinar e discipular (Mateus 28.19, 20).[5]

Para a autora, o discipulado cristão é simplesmente o processo de uma pessoa passar para a outra a aplicação da verdade da Palavra de Deus. Para ela, o objetivo desse discipulado é que, no final, toda mulher cristã venha a ser tão firmemente fundamentada na Palavra de Deus que saberá como aplicar a verdade de Deus às situações perturbadoras e às circunstâncias difíceis que enfrentar. Além disso, ao se tornar mais madura em sua fé, será capaz, então, de se colocar ao lado de outras mulheres equipando, ensinando e discipulando-as.[6]

Ela explica que Cristo instituiu a igreja local como instrumento para ajudar os crentes a crescer à semelhança dele; e uma das maneiras como a igreja ajuda os cristãos a amadurecerem é por meio do discipulado e aconselhamento. Uma vez que o alvo de Cristo para os crentes é que eles se tornem cada vez mais semelhantes a ele (Romanos 8.28, 29), toda a igreja precisa focar intencionalidade na santificação progressiva – ou crescimento – de todo membro do corpo. Assim, é possível ter um modelo centrado em Deus para mudança bíblica e para o crescimento do cristão.

Desta maneira, então, por ser missão da igreja fazer discípulos, um ministério bíblico para mulheres deve ter como fundamento um ministério forte de discipulado e de aconselhamento.

Apesar do mandamento de Cristo para a igreja ser óbvio, muitas igrejas não enfatizam a missão da igreja de “ir e fazer discípulos”.

Existem igrejas que, apesar de crerem na Bíblia e a ensinarem, não ensinam toda a Escritura com a intenção de ajudar os membros a aplicá-la às diferentes circunstâncias e provações da vida. Por causa dessa negligência, os cristãos não são ensinados que as Escrituras são suficientes para todos os conflitos, problemas e circunstâncias da vida (2 Timóteo 3.15-17; 2 Pedro 1, 3).

As pessoas são instruídas erroneamente que precisam amar a si mesmas, se perdoarem e elevar a sua autoestima. Elas são ensinadas a pensar que o propósito da vida é a busca de sua própria felicidade. Frequentemente, tais ideias são integradas às verdades da Palavra de Deus, criando um misto que, a princípio parece inofensivo, porém é perigoso porque é corrompido pela sabedoria humana.

Elas precisam ser incentivadas a estudarem a cosmovisão bíblica que as preserve e proteja dos ensinos seculares. Muitas das dificuldades que as mulheres enfrentam hoje, resultam de ideias errôneas acerca de doutrinas bíblicas. Às vezes, ficam confusas a respeito da ordem de Deus para elas; não entendem quais são os Seus planos para elas.

Essa é a razão pela qual não é suficiente simplesmente ajudar mulheres a adquirir conhecimento da Bíblia. É preciso ajudá-las a viver os ensinamentos da bíblia para que vidas sejam transformadas. Esse deve ser o objetivo do ministério de mulheres na igreja.


[1]CAMPANHÃ, J. Discipulado que transforma: princípios e passos para revigorar a igreja. São Paulo: Hagnos, 2012, p.117.

[2]COLEMAN, R. E. O Plano Mestre de Evangelismo; traduzido por Omar de Souza. – 2.ed. com nova tradução. – São Paulo: Mundo Cristão, 2006, p.108.

[3]GANDOLFO, R. Discipulado de Mulheres: ensinando ovelhas a serem ovelhas Disponível em: <https://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/03/discipulado-de-mulheres-ensinando-ovelhas-serem-ovelhas/>. Acesso em: 07 de abril de 2019.

[4]DEVER, M. Discipulado: como ajudar outras pessoas a seguir Jesus. São Paulo: Vida Nova, 2016, p.15.

[5]BONNER, M. Estabelecendo um Ministério Bíblico para Mulheres IN: FITZPATRICK, E. Mulheres aconselhando mulheres: respostas bíblicas para os difíceis problemas da vida. São Paulo: NUTRA Publicações, 2013, p.87.

[6]Ibid., página 98.