Mulheres da Bíblia

Uma das características da Bíblia é o modo pelo qual ela trata a mulher. Em vez de rebaixá-la ou menosprezá-la, as Escrituras geralmente parecem não medir esforços para homenageá-la, engrandecer o seu papel na sociedade e na família, reconhecer sua influência e exaltar as virtudes das mulheres que se constituíam em exemplos singulares de dedicação a Deus.

Desde Gênesis somos ensinados que a mulher, assim como o homem, é portadora do selo da própria imagem de Deus (Gênesis 1, 27; 5.1, 2). A mulher desempenha papéis importantes em muitas narrativas bíblicas. Ela é vista como parceira e companheira querida pelo seu marido (Gênesis 2.20-24; Provérbios 19.14; Eclesiastes 9.9).

Vemos nas Escrituras mulheres que desempenharam um papel vital na história da redenção. Essas mulheres tinham características pessoais e, certamente, assim como nós, hoje, elas também tinham dificuldades e tentações pessoais, do mesmo tipo daquelas que todas as pessoas de fé enfrentam em todas as épocas.

A maioria das mulheres não tinha nada de especial; elas eram comuns, normais, e, em alguns casos, mulheres de classe declaradamente baixa. A mulher samaritana (João 4), não tem seu nome na narrativa bíblica. Ana também era uma viúva desconhecida e idosa, que só aparece em uma breve introdução nos capítulos iniciais de Lucas (Lucas 2.36-38). Raabe era uma prostituta comum. E Maria, mãe de Jesus, era uma moça que não tinha nada de especial, que morava numa cidade desconhecida, em uma região inóspita e desprezada da Galileia. Porém, todas elas tiveram um encontro inesquecível com o Deus do universo que transformou suas vidas. Por fim, Eva, criada por Deus para ser o ideal puro e cristalino da feminilidade, mas logo estragou tudo, quando pecou. Mesmo assim, ela ainda se tornou o retrato vivo do fato de que Deus pode restaurar e redimir aqueles que caem – e fazer deles troféus extraordinários da sua graça, apesar dos seus fracassos.

Os relatos bíblicos dos patriarcas sempre dão o destaque devido às suas mulheres. Sara, Rebeca e Raquel têm grande importância no relato de Gênesis sobre o tratamento dado por Deus aos seus maridos. Miriã, irmã de Moisés e de Arão, era tanto profetisa quanto compositora – e em Miqueias 6.4, o próprio Deus a honra, ao lado de seus irmãos como uma das líderes da nação durante o êxodo. Débora, também profetisa, era juíza em Israel antes da monarquia (Juízes 4.4). Os relatos bíblicos da vida familiar, geralmente, colocam a mulher na posição de conselheira sábia de seu marido (Juízes 13, 23; 2 Reis 4.8-10). Quando Salomão se tornou rei, ele homenageou sua mãe publicamente, levantando-se quando ela entrou em sua presença e, depois, curvando-se a ela antes de se sentar no seu trono (1Reis 2.19). Sara e Raabe são citadas claramente entre os heróis da fé, em Hebreus 11. Em Provérbios, a sabedoria é personificada como uma mulher. A igreja do Novo Testamento é igualmente representada por uma mulher, a noiva de Cristo.

MacArthur, ainda relata que o cristianismo, que nasceu em um mundo onde a cultura romana e hebraica viviam juntas, elevou a posição da mulher a uma altura sem precedentes. Várias mulheres eram discípulas de Cristo (Lucas 8.1-2)[1]. Além disso, Jesus incentivou o discipulado delas, retratando-o como algo mais necessário que o serviço doméstico (Lucas 10.38-42). Na verdade, a primeira revelação clara de Cristo, de sua própria identidade como o Messias verdadeiro, foi feita à mulher samaritana (João 4.25, 26). Ele sempre tratou as mulheres com dignidade (Mateus 9.20-22; Lucas 7.37-50; João 4.7-27). Ele abençoou os filhos delas (Lucas 18.15,16), ressuscitou os mortos de suas famílias (Lucas 7;12-15), perdoou seus pecados (Lucas 7.55-58) e restaurou a honra e a virtude delas (João 8.4-11).

Portanto, não é surpresa que a mulher tenha recebido destaque no ministério da igreja primitiva (Atos 12.12-15; 1 Coríntios 11.11-15). No dia de Pentecostes, quando a igreja do Novo Testamento nasceu, as mulheres estavam presentes com os principais discípulos, orando (Atos 1.12-14). Algumas eram conhecidas por suas obras (Atos 9.36), outras pela sua hospitalidade (Atos 12.12; 16.14,15); outras, ainda, pelo seu entendimento da sã doutrina e pelos seus dons espirituais (Atos 18;26; 21.8,9). A até o apóstolo Paulo ministrava regularmente ao lado de mulheres (Filipenses 4.3). Ele reconheceu a fidelidade e o talento delas (Romanos 16.1-6; 2 Timóteo 1.5).

Jesus, ao encontrar com as mulheres, deixou na Palavra: “Vês esta mulher?” (Lucas 7.44), este foi o relato de Jesus ao seu anfitrião fariseu, que o desprezou por permitir que uma mulher notoriamente pecadora fizesse uma cena à mesa do jantar: ela chorou aos pés de Jesus, secando-os com seu cabelo e derramando sobre eles o perfume de seu vaso de alabastro. Simão, o fariseu, só conseguia ver alguém indesejável, uma mulher desprovida de valor, alguém em quem você não desejaria tocar. Jesus, contudo, viu uma mulher que amava muito aquele que poderia perdoar seus muitos pecados. E ele lhe disse que seus pecados haviam sido perdoados. Ele a admirou: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (v. 50). Quando os outros não conseguiam enxergar, Jesus viu essa mulher.

“Não chores (Lucas 7.13). Novamente, a multidão segue Jesus, dessa vez no vilarejo de Naim. Dessa vez, é uma viúva em procissão, levando para fora do portal da cidade o corpo morto do seu único filho. Lucas permite que vejamos a compaixão de nosso Salvador: “Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!” Lemos não somente que Jesus ressuscitou esse filho da morte, mas também que ele “o restituiu a sua mãe”. (Lucas 7.15).


[1]MACARTHUR, J. Doze mulheres extraordinariamente comuns: como Deus moldou as mulheres da bíblia, e o que ele quer fazer com você. 1ª Edição, Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019, p.17.