A importância da amizade para pastores

Texto-base: Deuteronômio 34.1-6; 1 Reis 19.1-4; 2 Timóteo 4.10-18

Fidelidade no ministério não nos protege de desânimo no ministério. Como exemplo, veremos o final da vida de Moisés, de Elias e de Paulo. Moisés e Elias em geral resumem a Lei e os Profetas, e Paulo foi o maior missionário da igreja primitiva. Contudo, os três sofreram desencorajamento. Os servos de Deus mais fiéis sofreram desencorajamento e, de fato, o pastor não é exceção à solidão. Mas Deus entende os demônios do coração e se importa com o que você sente. Ele sabe o que precisamos nos momentos de desencorajamento. Vejamos, então, essas três passagens.

Moisés

Perto da morte de Moisés, Deus lhe apresenta a terra prometida. 430 anos antes da escrita de Deuteronômio, Deus já a havia prometido a Abraão. O ministério de Moisés tinha o objetivo de conduzir o povo de Deus à terra prometida por Deus. A promessa é repetida em Dt 34.4, mas o restante do versículo é de quebrar o coração. Deus permite que Moisés contemple a terra, mas não permite que ele entre por causa do pecado no episódio das águas de Meribá (Nm 20), onde ele perdeu a paciência e, ao ferir a rocha, foi desrespeitoso para com o Senhor.

Agora, bem próximo ao cumprimento da promessa, o Senhor permite que ele veja, mas não entre na terra. O texto fala que Moisés morreu ali, sozinho. Depois de tanto serviço e sacrifício, não havia nenhuma pessoa para velar seu corpo. Mas Moisés entende, melhor que ninguém, o que é ter o coração partido no ministério. Às vezes, o coração partido é suscitado por nosso próprio pecado. Mesmo com as melhores intenções, podemos machucar o povo de Deus, e nem sempre as histórias possuem um final feliz. Nem sempre podemos consertar as coisas.

Elias

No capítulo 18 de 1 Reis, Elias obtém uma grande vitória sobre os profetas de Baal, uma vitória tão surpreendente que ele achou que haveria um despertamento em Israel, talvez o ponto máximo de seu ministério. Deus havia se mostrado de maneira miraculosa. Contudo, na transição para o capítulo seguinte, Elias foi para Jezreel, achando que o avivamento começaria ali, na capital.

Ali, Elias, pela primeira vez, pede para morrer. Seria ele um covarde? Não. Mas o que o desencorajou tanto quando Jezabel o ameaçou? Ele achou que, por causa do milagre no monte Carmelo, as pessoas voltariam para Deus, que o nome de Deus seria glorificado novamente. Apesar de sua fidelidade e bravura, ele viu que Israel não havia se convertido. Então ele apenas pede para morrer.

Por vezes, os pastores se sentem desencorajados por verem que, apesar de pregarem fielmente, as pessoas ainda buscam doutrinas de acordo com seus próprios corações, evangelhos que prometem prosperidade acima de tudo. Contudo, nós, pastores, devemos descansar em Cristo, pois é possível que Deus, em sua providência, não tenha ordenado que certas pessoas venham à fé. Apesar de talvez ficarmos de coração partido, devemos confiar que Deus faz o melhor possível para a glória de seu nome.

Timóteo

Em 2 Timóteo 4.16, vemos que ninguém apareceu para defender Paulo. Ele fora completamente abandonado. Desde que Paulo apelou para César, seu único desejo era dar testemunho de Cristo perante o imperador. Contudo, ele está sozinho. Uns estão fazendo um trabalho fiel em outra parte; outros apenas estão com medo de serem associados a Paulo. Essa é uma das passagens mais tristes.

É possível que pastores cheguem a esse ponto no ministério. Até amigos podem nos abandonar, mesmo que sejamos fiéis até o fim. Fidelidade não é garantia contra o desencorajamento. Contudo, observe algo que ocorreu com os três. Quando todos os confortos terrenos lhes foram retirados, o conforto oferecido pelo Senhor foi o que os encorajou.

Quem sepultou Moisés? O Senhor. Não havia ninguém para sepultá-lo, e Deus não abandonou o seu corpo para ser devorado pelos animais do vale. Deus se importa com seus servos e não os abandona. Quando Elias se deitou para morrer, Deus enviou-lhe um anjo para encorajá-lo e alimentá-lo (1Re 19.6). Além disso, quando prestes a partir, Deus o levou de volta para casa em uma carruagem de fogo e em um redemoinho. Deus conhece o desânimo e as dores de seus servos e se importa com elas. E, de fato, essa não é a última vez que vemos Moisés e Elias, pois eles viram a luz da glória de Deus na face de Cristo na transfiguração (Lc 9). Ambos receberam o que mais queriam: ver a glória de Deus. Se nossos desejos são voltados para a glória do Filho de Deus, eles serão satisfeitos de uma forma além do que podemos imaginar. Tudo fará sentido quando olharmos para Cristo.

E quanto a Paulo? O Senhor o assistiu (2Tm 4.17). Antes de Paulo tornar-se cristão, quando ainda perseguia a igreja, ele estava presente no martírio de Estêvão, o qual, prestes a morrer, viu a glória de Deus. Enquanto Estevão morria por apedrejamento, via seu Salvador intercedendo por ele. Ele não estava só, mas o Senhor estava com ele. Paulo, muitos anos mais tarde, também teria o mesmo testemunho. Todos o abandonaram, mas o Senhor ficou com ele. Se você se sente abatido e abandonado, saiba que Deus não o deixará, mas ficará ao seu lado até o fim.

Nem todos os pastores possuem bons amigos no ministério. Permita-me encorajá-lo a estudar a vida do apóstolo Paulo, pois em seu ministério a amizade é um tema fundamental. Para Paulo, é importante fazer bons amigos, pois a solidão pode acontecer. Como pastor, identifique um grupo de jovens que possam ser discipulados por você e desenvolva uma amizade com eles. Busque um mentor mais velho que possa discipulá-lo no ministério. Mentoreie um ministro mais jovem. Além disso, busque a amizade de cada um deles. Jesus desenvolveu amizades a fim de mostrar o Evangelho às pessoas. Você não foi designado para enfrentar o ministério sozinho.