Deus é mais do que “Deus”

Por que Ele adora ser chamado de pai

“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gl 4.6).

Em conversas, orações, e mesmo em evangelismos, muitos de nós costumamos usar dois títulos para nos referirmos ao nosso Criador e Redentor: Deus e Senhor. Não estamos errados em usá-los, é claro — as Escrituras fazem isso repetidamente. Mas nós podemos nos perder se, lentamente, permitirmos que tais títulos ofusquem os nomes que Deus nos revelou de forma tão graciosa.

Podemos até ir mais longe e dizer que um vocabulário onde Deus e Senhor predominam é ligeiramente “sub-cristão”. Pois, como Paulo nos lembra, entre os pagãos “há muitos deuses e muitos senhores” (1Co 8.5). Mas os cristãos não estão interessados em simplesmente adicionar mais um Deus e Senhor ao panteão do mundo. Ao contrário,

“todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” (1Co 8.6)

Quando dizemos Deus, queremos dizer Pai; quando dizemos Senhor, queremos dizer Jesus. As maravilhas da nossa salvação e glória estão escondidas nesses dois nomes. Mas, para sentirmos o peso deles, primeiro precisamos lembrar o nome que veio antes de todos: Yahweh.

O Deus que é

Na sarça ardente, enquanto Moisés tremia com os pés descalços em solo sagrado, Deus falou: “Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros” (Êx 3.15). Escondido sob a palavra Senhor (traduzido em letras maiúsculas pequenas na maioria das traduções inglesas) está o nome que conhecemos como Yahweh, o qual está relacionado ao verbo mencionado no versículo anterior: “Eu Sou” (Ex 3.14). O Deus de Israel é o Deus que é.

A afirmação contida nesse nome não poderia ser mais abrangente. Ele é Yahweh, aquele que sempre foi e que sempre será. Ele é Yahweh, Criador de toda matéria, Sustentador de cada célula. Ele é Yahweh, o Senhor a quem ninguém pode manipular ou controlar. Ele é Yahweh, Deus sobre todos os chamados “deuses” do Egito e os ídolos de todas as outras nações.

O mais extraordinário de tudo, Ele é Yahweh “seu Deus” (Ex 6.7). Ao revelar-se a Israel como o grande “Eu sou”, Yahweh queria que o seu povo soubesse que descansava em seus braços eternos (Dt 33.27). E por mais de um milênio depois, este foi o nome pelo qual Israel conheceu seu Deus. Até que Yahweh se fizesse carne.

O Deus que salva

Quando um anjo do Senhor apareceu a José, ele lhe disse qual seria o nome do Messias: “lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Jesus, construído a partir do nome hebraico Josué, significa “Yahweh salva”. Quando o “Eu sou” se tornou homem, foi para salvar seu povo dos seus pecados. “Portanto”, disse o anjo, “chame-o Jesus”.

Deus se preocupa de forma tão profunda com o nosso resgate do pecado e quer que nos lembremos disso com tanta frequência, que ele envolveu a salvação no próprio nome do nosso Salvador. Quando dizemos Jesus, proclamamos aquele que cumpriu a santa lei do Sinai, que curou enfermos e ressuscitou mortos, e que voltou seu rosto para a cruz, recusando salvar a si mesmo. O nome Jesus nos convida a lembrar do chicote que açoitou suas costas, dos cravos que marcaram suas mãos e pés, da lança que perfurou seu lado, da tumba que guardava seu corpo e da pedra que não resistiu à sua ressurreição.

Nosso Deus não é apenas Yahweh, mas Jesus: não só o Deus que é, mas o Deus que salva. E porque ele salva, passamos a conhecê-lo por outro nome, um que pode ser o mais doce de todos.

O nome cristão de Deus

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho”, escreve o Apóstolo Paulo. Yahweh se revestiu de carne; Jesus, nosso Salvador, nasceu. E por quê? “Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gl 4.4-6). Quando o Senhor Jesus nos salva de nossos pecados, ele nos leva para casa do Pai.

O significado do nome Pai talvez seja melhor descrito por J.I. Packer:

É possível resumir toda a religião do Novo Testamento se a descrevermos como o conhecimento de Deus como um santo Pai de alguém. Se você quiser julgar quão bem alguém entende o Cristianismo, descubra o quanto ela pensa em ser filha de Deus e ter Deus como seu Pai. Se esse não é o pensamento que inspira e controla sua adoração e suas orações, além de toda a sua cosmovisão, isso significa que essa pessoa não entende muito bem o Cristianismo. […] “Pai” é o nome cristão de Deus” (O Conhecimento de Deus, p. 201).

Portanto, quando o Espírito faz morada em nós, passamos a clamar mais do que “Deus!” ou “Senhor!”. Ele nos leva, em virtude de seu amor insondável, a falarmos como uma criança: “Aba! Pai!”. Pois o Deus a quem adoramos não é uma divindade indistinta, mas aquele que uma vez se revelou como Yahweh e agora, como o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. E nós amamos dizer seu nome.

Por: Scott Hubbard. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: God Is More Than ‘God’: Why He Loves to Be Called Father.

Original: Deus é mais do que ‘Deus’: Por que Ele adora ser chamado de pai. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Julia Maria S. M.. Revisão: Renan A. Monteiro.