Os Macguffins da Teoria da Evolução

Elementos sem explicação para dar sentido à "linda história" sobre a origem da vida

Em anos recentes, pesquisas têm dado grande ênfase na compreensão da origem da vida. Porém, as propostas para esta origem nos circuitos acadêmicos são semelhantes aos roteiros de filmes de ficção científica. Há uma situação, um protagonista, um antagonista, uma solução viável e, em todos os passos, a presença de um MacGuffin. A situação (ou circunstância) é o problema que se apresenta, em torno do qual o protagonista se debate tentando resolver. O antagonista é alguém, ou uma circunstância, que impede ou atrasa a solução da situação. E, por fim, a presença de um MacGuffin, um elemento de cena (fantástico, mágico, ficcional, místico, onírico, sinistro, sobrenatural, emocional ou paradoxal) que permite o desenrolar do roteiro. Esse elemento não tem necessidade de explicação pormenorizada, nem de sua origem ou mesmo de sua existência, mas ao seu redor gira a trama. A plateia o aceita como algo normal, sem cobrar explicações, por mais incongruente, inconsistente ou irracional que seja. A presença de um MacGuffin pode engendrar mil tramas diferentes, enquanto não se questione o absurdo de sua existência. Em todos os enredos de viagem no tempo, por exemplo, a máquina do tempo é sempre o MacGuffin. Como ela funciona, sob que princípios opera, que tipo de energia usa, qual seu alcance, como foi construída, as implicações de sua existência, etc., não são explicados (e, quando o são, usa-se outro MacGuffin para explicar o primeiro MacGuffin). Conta-se com a boa vontade do público em aceitar o disparate irracional (afinal é cinema, não é real, apenas ficção). Quem se importa se o elemento vital da trama é verdadeiro ou não, contanto que pareça fazer sentido e permita contar uma boa história?

As propostas naturalistas da origem e evolução da vida, travestidas de ciência, seguem exatamente o roteiro acima descrito. O problema a se resolver é a existência e origem da vida em um universo tão somente material. O protagonista é o pesquisador audaz, imbuído da filosofia naturalista, mas perfeitamente neutro e livre de preconceitos (um disparate por si só e um MacGuffin ao mesmo tempo, pois não existe neutralidade na ciência). O antagonista é a soma das forças do obscurantismo, personificadas pela ignorância e pela religiosidade (especialmente a de cunho cristã). A única solução viável apresentada na trama é a evolução cega, guiada por meio de um processo aleatório. O MacGuffin, o elemento fantástico/mágico que deve ser aceito sem questionamentos pela platéia, e que viabiliza a solução encontrada pelo protagonista, é algo chamado evolução, através de um mecanismo chamado seleção natural que aparece em cena sempre vestida da armadura chamada Tempo e empunhando a espada chamada Acaso. Na linguagem do cinema é um MacGuffin caracterizado com três elementos cênicos distintos, ainda que incongruentes, mas necessários para dar algum sentido e brilho ao o enredo.

Começa a trama: há bilhões de anos atrás, no planeta só havia matéria inorgânica, em um ambiente abiótico, estéril, com altas temperaturas e sem qualquer traço de vida. De repente, em meros milhões de anos, em uma poça qualquer, contendo substâncias simples na presença de descargas elétricas ionizantes, contrariando as leis fundamentais da termodinâmica e do bom senso (posto que a poça deverá existir por alguns milhões de anos no mesmo lugar, sem ser afetada por mudanças geológicas, sempre com os mesmo compostos, com estabilidade química extraordinária, a ainda ser atingida por milhões de descargas elétricas, ou meteoros, no decorrer dos milênios), surgem as primeiras bases nitrogenadas e nucleotídeos. Qual a explicação para um enredo tão fantástico? MacGuffin é claro: foi o tempo e o acaso. Tudo o que era necessário estava lá, até as descargas elétricas! Com o tempo, tudo pode acontecer. Assim, é requerido que o espectador aceite de bom grado que todas as condições necessárias já estavam lá, pelo mais puro acaso, somente esperando o tempo necessário para evoluir. Nessa altura do enredo, para o filme não se alongar muito (haja bilhões de anos), há uma aceleração no ritmo da trama e novo ambiente começa a surgir: apareceram como que por mágica as primeiras proto-estruturas biológicas, como sequências curtas de protoDNA, pequenas proteínas, enzimas e até protocélulas. Como um deus ex-machina, com todas as condições mágicas anteriores presentes, ocorre o salto da não-vida para a vida! É mágico! Rapidamente o mundo explode nas mais variadas e fantásticas formas de vida. Como um milagre sem santo, a única explicação possível é o velho MacGuffin: ora, é óbvio que foi tudo obra do tempo, do acaso e da evolução! O que mais poderia ser a causa da vida? Dê o nome que quiser a essa explicação, mas isso se chama pensamento mágico, irracionalidade bruta e fé cega e insana.

Muita pesquisa tem sido empreendida para responder como compostos inorgânicos puderam transpor a barreira termodinâmica (e mesmo a barreira metafísica) para sistemas biológicos complexos. Em laboratório, cadeias de proteínas e sequências genéticas têm sido modificadas para gerar compostos mais complexos, com o intuito de provar que foram modificações de sequências primordiais que levaram ao aparecimento da vida via evolução química. São manipulações feitas por seres inteligentes (e não ao acaso), capazes de projetar novas rotas, visando determinados propósitos (e não uma seleção cega). Imaginam que ao conseguirem provar que a vida pode ser criada em um laboratório (por um ser inteligente, diga-se de passagem), estarão provando que a vida não necessitou de um Criador. Uma clara distorção cognitiva.

O roteiro da verdadeira origem da vida prescinde de MacGuffins fantásticos como tempo, acaso, seleção natural e evolução. Sistemas altamente ordenados implicam na existência de fatores de ordenação. Fatores de ordenação implicam em escolhas, quer restritivas quer permissivas. Matematicamente, uma escolha ordenada significa escolher e colocar em ordem, sem espaço para o acaso. Se não há possibilidade de acaso e demais MacGuffins, então o que resta é intencionalidade na escolha dos meios, processos e propósitos. Intencionalidade aponta para um design inteligente. Sistemas vivos demandam inteligência para sua origem e manutenção. Para além dos MacGuffins, somente a existência de um Designer Inteligente pode explicar satisfatoriamente a existência, beleza e complexidade da Vida.

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Autor: KELSON MOTA. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Revisão e Edição por Vinicius Lima.