Era uma vez uma pastora

Mulheres ordenadas fora de ordem

Século XXI, ano 2019, alguém me chamou no celular, era um conhecido perguntando se poderia passar meu contato para uma jovem irmã, pastora. Ela queria conversar comigo, um aconselhamento pessoal com questões ministeriais envolvidas. Eu não a conhecia pessoalmente, nem tão pouco a sua denominação, mas Deus em sua soberania inclinou o coração dessa jovem mulher cristã a procurar ajuda de uma mulher cristã mais velha, para aconselhar-se sobre algo que ela desconfiava não ser bíblico. Em nossa primeira conversa, por vídeo conferência, ela revelou o peso de seu coração e disse que pensava não ser bíblico sua ordenação como pastora. Muitos encontros depois ela renunciou a seu encargo de pastora e algum tempo depois ela saiu da igreja em que havia sido ordenada, entendendo que aquele não era um papel que ela deveria exercer conforme o ensino da Palavra de Deus.

Diferentes papéis

Você já teve dúvidas sobre qual papel uma mulher deve desempenhar na igreja? 

Nem todas as mulheres têm dúvidas, porque na verdade muitas mulheres não aprenderam o que é vida cristã e como exercer seus dons no corpo de Cristo. A maioria das novas convertidas iniciam sua vida cristã sem ensino apropriado, ou são submetidas ao ensino de falsos mestres, aqueles que procuram a sua própria promoção e não estão comprometidos com a sã doutrina do Deus verdadeiro. 

Esse tem sido um assunto bastante controverso, no entanto temos nossa regra de fé na Palavra de Deus, que é inerrante e infalível. A Bíblia nos instrui no caminho que devemos andar.

Cremos que homem e mulher têm igual valor diante de Deus. Cremos que homens e mulheres desempenham papéis diferentes em suas diversas áreas de atuação, e que homens e mulheres se complementam em suas funções. 

O teólogo Wayne Gruden e o pastor John Piper usam a palavra  complementarismo para se referirem à sua posição, explicam que essa palavra sugere tanto a igualdade quanto as diferenças benéficas entre homens e mulheres. Complementarista atualmente é o termo mais conhecido nas igrejas que creem nessa ordem dos papéis exercidos por homens e mulheres contrapondo com os termos “igualitarista” ou “feminista evangélico”.

O sacerdote no Antigo Testamento era consagrado e ungido para ser o líder espiritual. No AT não encontramos nenhuma mulher exercendo o sacerdócio, sinal claro de que no mundo hebraico as mulheres não tinham papel de liderança espiritual na nação de Israel. Porém, no AT há mulheres que desempenharam liderança civil, como Débora, a juíza. Ou seja, mulheres não tinham autoridade para liderar espiritualmente, no entanto, poderiam exercer cargos civis de liderança em casos excepcionais.

No Novo Testamento há descrição de pastores, apóstolos, presbítero e diáconos, e várias recomendações para as mulheres ficarem debaixo da liderança espiritual masculina. Ou seja, à mulher é vedado exercer autoridade espiritual consagrada e ungida. Embora não tenham ordenança ou consagração, as mulheres desempenham papel importante na vida cristã, tanto em seus lares, como em sua comunidade de fé, a igreja. 

O apóstolo Paulo ensinou com insistência esse assunto, podemos ver suas recomendações em 1 Coríntios 11. 8-9, 11-12:

Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem.

No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.

Paulo vê na ordem da criação (Gn 2.7, 22) um exemplo da liderança do homem em relação à mulher. O apóstolo segue com seu raciocínio apontando a interdependência entre homens e mulheres. No Senhor homens e mulheres são dependentes. Paulo diz em 1 Timóteo 2.11-14:

A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

O silêncio ordenado por Paulo é o que diz respeito ao ensino autoritativo e o papel de governança dos homens.

Submissão para aprender não significa que a mulher é inferior a outra pessoa, isso é um engano muito comum e acontece por causa da maldição da queda; alguns homens, maridos, usam erradamente o termo e mantêm relações abusivas de autoridade; mulheres têm aversão ao termo e são rebeldes à liderança do marido, por exemplo. Em outros trechos das cartas de Paulo, Adão é responsabilizado pela Queda, mas aqui especificamente, Paulo está alertando que as mulheres têm sido conduzidas ao erro pelos falsos mestres.

Embora mulheres não devam ser ordenadas elas podem ensinar, como lemos em Tito 2.3-5:

Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.

Mulheres ensinam outras mulheres. Ensinam a sã doutrina. Muitas são as mulheres que servem à igreja local com o dom do ensino, e isso feito de acordo com a aprovação da liderança espiritual da igreja local. Mulheres exercem o aconselhamento junto à outras mulheres, praticando o ministério particular da Palavra, auxiliando pastores em conselhos que algumas vezes são impedidos de realizar por serem temas muito femininos e íntimos.

Homens e Mulheres desempenham papéis diferentes

Mesmo antes da Queda o papel de liderança – governo masculino – é atribuído ao homem. Algumas comprovações bíblicas da liderança do homem:

A ordem da criação

A ordem que homens e mulheres foram criados, Adão primeiro, depois Eva (Gn 2.7). Inclusive Paulo evidencia isso em 1Tm 2.3: “primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” como razão para que homens e mulheres cumpram diferentes papéis na vida da igreja.

A representação

Adão representa a raça humana, em razão do papel particular de liderança. Lemos em 1Co 15.22 “como em Adão, todos morreram, assim também todos serão vivificados em Cristo.”

A responsabilidade primária

Deus chamou primeiro a Adão para que lhe prestasse contas depois que ele e Eva pecaram: Gn 3.9 “Chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: ‘Onde estás?’. Deus demonstrou que, como líder, Adão tinha a responsabilidade primária por sua família.

O propósito

Deus criou Eva para ser a auxiliadora de Adão. “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; vou lhe fazer uma auxiliadora que lhe seja idônea.” Gn 2.18

O conflito

O pecado trouxe conflito para a relação de Adão e Eva ao distorcer os papéis que Deus estabeleceu para eles, no entanto, o teólogo Wayne Grudem destaca que não foram criados novos papéis, eles apenas se tornaram mais difíceis (assim como tudo na vida após a Queda)… Deus falou em juízo para Eva depois de pecarem: “teu desejo, será para teu marido, e ele te governará.” Gn 3.16. “Governará” refere-se a posterior liderança severa de Adão sobre Eva, não uma liderança entre iguais, mas de alguém que governa em virtude de poder e força.

A restauração

Jesus veio para trazer restauração ao relacionamento do homem e da mulher. Colossenses 3.18-19 diz “esposas sedes submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura.” Essa relação que deveria ter acontecido entre Adão e Eva.

O mistério

O relacionamento de Adão e Eva representava o relacionamento de Cristo e sua igreja. Ef 5.31-32 “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.” Nessa passagem Paulo afirma que desde o princípio o casamento foi designado por Deus para nos mostrar como Jesus se relaciona com sua igreja, a sua noiva. Ele escreve ainda em Ef 5.23 “porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja.”

Quando os papéis do homem e da mulher são distorcidos a responsabilidade de desempenhar suas funções também se tornam distorcidas. Papéis diferentes exigem responsabilidades diferentes. Posso perceber um cuidado especial de Deus com suas filhas mulheres, que embora capazes, inteligentes, sábias e tantas outras qualificações, estão sendo protegidas quando submetidas ao governo espiritual do homem. Justamente por serem diferentes em sua biologia, emoções e pensamentos, homens têm estrutura para proteger, guardar e prover as mulheres, foram criados e preparados pelo seu Criador para esse propósito.

Não negligenciemos este ensino!

O ensino dos papéis do homem e da mulher nas igreja e nos lar tem sido negligenciado, distorcido e enfraquecido, dando margem cada vez maior para o engano e a mentira serem fortalecidas e divulgadas. 

Voltemos ao Evangelho, busquemos a verdade, clamemos por sabedoria do alto!

Mulheres têm igual valor que os homens porque foram criadas à imagem e semelhança de Deus, no entanto, mulheres desempenham papéis distintos dos homens, designados na criação por Deus. 

 

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Por: Renata Gandolfo. © Voltemos Ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Revisor e Editor: Vinicius Lima.