Um blog do Ministério Fiel
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Nossa centralidade em Deus aqui no Desiring God levanta questões sobre a integridade da criação – questões sobre nós, humanos, em particular. Tenho 9 perguntas relacionadas para oferecer a você, pastor John – todas grandes, todas tocando em vários pontos da teologia, todas semelhantes, todas acumuladas ao longo dos anos com a ajuda dos nossos ouvintes. Acho que são os tipos de perguntas que todos nós enfrentaremos em algum momento, ao lermos nossas Bíblias e desenvolvermos uma visão apropriada do universo centrada em Deus. Colocarei todas as questões na mesa para você, resumidamente, aqui estão as questões:
- Seremos nós, como criaturas, simplesmente um meio para a auto glorificação de Deus?
- Existimos para um propósito além da auto exaltação de Deus?
- Deus nos ama além de seu amor por si mesmo ou o primeiro está totalmente incluído no segundo?
- Nós, como portadores de Sua imagem, somos meros espelhos para que ele veja a si mesmo?
- Nós temos alguma importância?
- Deus ama ou se deleita em suas criaturas pelo que elas são em si mesmas?
- Falando de incrédulos, Deus se deleita em abençoar materialmente criaturas que não creem ou nunca crerão nele?
- Mas falando dos crentes, será que Deus gosta de nos amar simplesmente porque isso nos abençoa?
- Esse tipo de pensamento é razoável? Como você lidaria com questões como essas?
Pode ser útil esclarecer o que dá origem a esse tipo de pergunta, depois dar uma resposta muito breve, de uma frase, a cada uma dessas nove perguntas. Depois dar um passo para trás e olhar para a Bíblia e ver o que ela traz em Deus e seus caminhos, que tornam essas respostas muito breves, justificáveis e convincentes e, em seguida, explique por que essas respostas fazem sentido.
O que provoca as perguntas
Então, o que dá origem a estas questões é que eu, e muitos outros na história da igreja, enfatizamos o ensino bíblico de que Deus criou e redimiu o seu povo para a sua própria glória – ou seja, para causar a sua glória (a sua grandeza, a sua beleza, seu valor) para ser conhecido, valorizado e mostrado no universo. Isso é o que penso que “para sua própria glória” significa.
“Estrelas, pedras e montanhas são meios para a auto glorificação de Deus, mas não da mesma forma que os humanos.”
Isaías 43.6 –7 diz: “[…] meus filhos […] e minhas filhas, […] os que criei para minha glória, […]”. Fomos escolhidos, predestinados, adotados, redimidos através do sangue de Cristo para o louvor da glória da graça de Deus como em Efésios 1:4-7. E esse ensino – ou seja, que todas as coisas vêm dele, por meio dele e para ele, para sua glória – esse ensino faz com que todas essas questões sejam levantadas. Então, deixe-me responder a cada uma dessas nove perguntas com uma resposta muito curta e depois examinar o ponto principal nas Escrituras.
Nove breves respostas
Pergunta 1: Somos simplesmente um meio para a auto glorificação de Deus?
Não, não simplesmente, porque as estrelas, as pedras e as montanhas são meios para a auto glorificação de Deus, mas não da forma como os humanos o são. Não é tão simples assim.
Pergunta 2: Existimos para um propósito além da auto exaltação de Deus?
Não, não existe algo como “além da glória de Deus”.
Pergunta 3: Deus nos ama além de seu amor por si mesmo ou o primeiro está totalmente incluído no segundo?
Deus não tem amor maior do que o amor que tem por seu Filho Jesus, que é, como escrito em Hebreus 1.3 “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”. Esse amor por seu Filho é, portanto, um amor por seu próprio ser infinitamente glorioso. Amar-nos com esse mesmo amor não é algo que pode ser superado.
Pergunta 4: Nós, como portadores de sua imagem, somos meros espelhos para que ele veja a si mesmo?
Não, ele não precisava de nós simplesmente para se ver. Ele fez isso com alegria infinita na comunhão da Trindade desde toda a eternidade.
Pergunta 5: Nós temos alguma importância?
Sim. Ele não precisava nos criar, mas também não nos criou à toa.
Pergunta 6: Deus ama ou deleita-se nas suas criaturas pelo que elas são em si mesmas?
Além de nossa confiança em Deus e alegria em Deus, o que os seres humanos são em si mesmos é para o que serve o inferno. Não é sensato querer ser amado da mesma forma que um ser humano no inferno pode ser amado.
Pergunta 7: Deus se deleita em abençoar materialmente criaturas que nunca acreditarão nele?
Sim, Deus se deleita com o excesso de misericórdia, mesmo quando ela é rejeitada.
Pergunta 8: Falando de crentes, Deus gosta de nos amar simplesmente porque isso nos abençoa?
A bênção de Deus nunca é simplesmente para nós sem também ser para ele, porque não há bênção eterna onde o nosso bem não inclua Deus.
Pergunta 9: Esse tipo de pensamento é ao menos razoável? Ou seja, a ideia de Deus nos amar simplesmente porque nos abençoa?
Não, é ateísmo pensar que seria bom que Deus nos abençoasse de uma forma que não glorificasse a sua graça pelo nosso desfrute dela.
Da repressão à alegria
Agora, deixe-me ver se consigo colocar alguma verdade bíblica por trás dessas respostas curtas.
Primeiro, precisamos levar muito a sério o fato de que existe uma poderosa tendência ateísta em cada coração humano. Isso é o que significa ser caído, depravado e pecador por natureza. Os humanos “detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1.18). Que verdade detemos? “Eles não aprovaram ter conhecimento de Deus” (Romanos 1:28, tradução minha). Eles “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Romanos 1.23). “os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8.7). Por outras palavras, a Bíblia ensina que os seres humanos, por natureza, serão poderosamente resistentes a qualquer doutrina que enfatize a supremacia absoluta de Deus em todas as coisas e que faça de Deus o bem último de tudo o que é bom.
“Nosso bem final sempre consiste em conhecer, valorizar e mostrar a glória de Deus.”
Então, a segunda coisa a notar na Bíblia é que, repetidamente, o próprio Deus e tudo o que ele é para nós em Jesus é mostrado como o bem final, a realização final, a felicidade, a satisfação e a alegria do coração humano redimido. Se você traçar o amor de Deus desde sua origem na graça eterna de Deus, através de sua obra redentora em Cristo, até o fim último e maior, mais belo e mais satisfatório, esse fim é sempre Deus – o próprio Deus desfrutado supremamente no coração do resgatado.
Jesus ora por nós para que vejamos sua glória, esse é o seu último desejo de amor por nós, e o encontramos em João 17.24 – que vejamos a sua glória e que sejamos capazes de amá-lo com o mesmo amor que o Pai tem por ele. Pedro, em 1 Pedro 3.18 diz que Cristo sofreu por nós “para conduzir-vos a Deus”, onde encontramos “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.” conforme Salmos 16:11. Isso é o que Deus será para os redimidos.
Fora com o ateísmo
Agora, o que se resume a isso é o seguinte: nunca faz sentido falar de Deus se deleitando em nos fazer o bem e Deus se deleitando em sua própria glória como se nosso bem supremo pudesse ser distinto da glória de Deus. Não faz sentido falar assim; não pode ser, porque nosso bem supremo sempre consiste em conhecer, valorizar e mostrar a glória de Deus.
A resistência a essa maravilhosa verdade de que a glória de Deus brilha em mim por meio de minha exultação feliz nele, como se pudesse haver alguma felicidade maior se eu pudesse ser apenas eu – diferente de confiar em Deus, diferente de regozijar-se em Deus, diferente de glorificar a Deus – essa resistência é maligna. É um resquício da natureza ateísta com a qual nascemos, e precisamos pedir a Deus que a remova.