O Senhor e a sua Palavra que nos ensina

O aspecto didático da Palavra de Deus

Temos visto até aqui sobre a percepção dos salmistas sobre Deus em sua natureza essencial e, também, em relação à sua Palavra. Mesmo as divisões não sendo tão rigorosas e formais, elas foram abordadas priorizando essas ênfases.

A partir de hoje, vamos estudar como o nosso Pastor que é Santo, Justo, Fiel, Misericordioso e nos deu a sua Palavra que é fiel, pura, verdadeira e límpida, se relaciona conosco.

Spurgeon (1834-1892) nos chama a atenção para o fato de que a posição do Salmo 23 no cânon é oportuna, ficando após o salmo 22: “Temos que conhecer por experiência o valor do sangue derramado, e ver a espada desembainhada contra o Pastor, antes que possamos conhecer verdadeiramente a doçura dos cuidados do Pastor”.[1]

De fato, o Servo sofredor, é aquele que, como nosso pastor, nos conduz às águas tranquilas e nunca nos abandona.

Uma pergunta que inicialmente deve ser feita é: Como Deus se relaciona conosco?

Nas Escrituras, aprendemos que Deus se relaciona com integridade. Ele não representa um papel ou nos trata como seres insignificantes, antes, como seus filhos, filhos da Aliança a quem Ele declara amor eterno.

Partindo do livro de Salmos, destaquemos preliminarmente, apenas em forma indicativa, alguns aspectos dessa relação.

Devemos, de antemão afirmar que Deus nos conhece perfeitamente. Ele sabe de nossas necessidades mais profundas, as quais, por vezes, nem sequer nos chegaram à consciência ou mesmo, jamais saberíamos nominá-las.

Davi declara extasiado: “SENHOR, tu me sondas (chaqar) (“escanear”, inquirir, investigar, examinar) e me conheces (yada’) (…) Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda” (Sl 139.1,4).

Ele conhece nossos pensamentos, a nossa forjada aparência de nobreza e boas intenções, mas, que por vezes, são pensamentos vãos, egoístas, efêmeros e passageiros: “O SENHOR conhece os pensamentos do homem, que são pensamentos vãos (hebel)” (Sl 94.11).[2]

O salmista traçando o resultado de seguir duas agendas diferentes e excludentes, termina por dizer que o Senhor conhece os nossos caminhos: “Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl 1.6).

Somos o seu povo. Ele é de fato o nosso pastor e nós, o seu rebanho: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.3).

O Senhor como nosso pastor, não permite que nada nos falte: “Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará” (Sl 34.10).

Estudemos mais amplamente esse assunto especialmente à luz dos Salmos:

Deus nos ensina

Há somente um verdadeiro Mestre, o único que nunca aprendeu o que ensinou a todos. Mas os homens precisam primeiro aprender o que devem ensinar, e recebem o que têm de dar a outros. (…) Ora o que devemos aprender antes de qualquer outra coisa, senão estar silenciosos para podermos ser capazes de falar? − Ambrósio  (c. 340-397).[3]

O salmista confiante na didática acomodatícia de Deus, em sua capacidade de aprender e na eficácia prática de seus ensinamentos, suplica: “Faze-me, SENHOR, conhecer (yada) os teus caminhos (derek), ensina-me (lamad) as tuas veredas (orach)” (Sl 25.4).

Deus é o Mestre por excelência

A educação começa por Deus. É Ele quem prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra a fim de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação.

Deus jamais foi ensinado

Quando estudamos a vida de algum grande personagem, artista, cientista ou escritor, é comum querermos saber quais foram os seus mestres e, se possível, quem mais o influenciou.  Às vezes o caminho é por via inversa: começamos a encontrar certas semelhanças nas obras de dois personagens e depois, descobrimos um tanto casualmente, que de fato, um foi inspirador do outro… E por vezes, dois mestres em áreas diferentes se aproximaram por interesses comuns e ambos influenciaram e foram influenciados reciprocamente, como foi o caso de Francis Schaeffer (1912-1984) e H.R. Rookmaaker (1922-1977).

As Escrituras enfatizam que Deus jamais foi ensinado. Como senhor de todo saber, não precisa ser ensinado por ninguém, porque não há saber fora dele:  “Acaso, alguém ensinará  (למד) (lamad) ciência (דּעת) (da‛ath) (sabedoria, conhecimento) a Deus, a ele que julga os que estão nos céus?” (Jó 21.22).

Deus como fonte de todo saber

A origem do saber está em Deus. Ele é a fonte de toda verdade, como disse Calvino em frase tão bem repetida: “toda verdade procede de Deus”.[4] Assim, quem quer que saiba genuinamente alguma coisa aprendeu dele, a fonte de toda verdade:[5]

Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho (יעץ) (ya‛ats), para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu  (למד) (lamad) na vereda do juízo, e lhe ensinou (למד) (lamad) sabedoria (דּעת) (da‛ath), e lhe mostrou o caminho de entendimento? (Is 40.13-14). (Ver também: Rm 11.33-34).

Deus é descrito nas Escrituras como o Mestre; o primeiro mestre, completo, perfeito e por excelência.[6]

Continuamente Ele instrui o seu povo quanto ao que deve crer e obedecer.  A sabedoria começa ao darmos ouvidos a Deus e à sua Palavra.[7]

Autoridade de quem ensina

Biblicamente, a autoridade de quem ensina é derivada da fidelidade aos ensinos de Deus, não à sua criatividade independente da fidelidade ao ensino da Palavra (Dt 4.1,5,10,14;[8] 5.1,31; 6.1). Certamente Hughes, inspirando-se em Tg 3.1,[9] está correto ao afirmar: “Deus julgará o discurso dos professores ainda mais duramente que o discurso de outros crentes”.[10] Somos responsáveis diante de Deus pelo que ensinamos.[11]

O curioso é que o salmo 25, entre outros (34, 37,111, 112, 119, 145), inicia cada estrofe com a sequência das 22 letras do alfabeto hebraico.[12] Uma possível explicação para esse tipo de redação é a tentativa por objetivar a melhor memorização do texto. Davi está, portanto, desejoso de guardar, “memorizar” o ensinamento de Deus para poder segui-lo confiadamente.

No salmo 25 Davi faz algumas constatações a respeito do Senhor como Mestre:

            1) Aponta (ירה)(yarah)[13] o caminho que devemos seguir:

                        “Bom e reto é o SENHOR, por isso, aponta (ירה) (yarah) o caminho aos pecadores” (Sl 25.8).

                        “Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruirá (ירה) (yarah) no caminho que deve escolher” (Sl 25.12).

            2) Guia (דּרך)(darak) na justiça:

                        “Guia (דּרך)(darak) os humildes na justiça”  (Sl 25.9).

                        Guia-me (דּרך)(darak) na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl 25.5).

            3) Ensina (למד)(lamad)[14] o seu caminho:

                        “Guia os humildes na justiça e ensina (למד)(lamad) aos mansos o seu caminho” (Sl 25.9).

Recurso pedagógico da música

Deus confere à música um caráter também pedagógico. Como mestre perfeito, Ele usou desse recurso para ensinar a Lei ao povo:

Escrevei para vós outros este cântico e ensinai-o (למד)(lamad) aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel. (…) Assim, Moisés, naquele mesmo dia, escreveu este cântico e o ensinou (למד)(lamad) aos filhos de Israel. (Dt 31.19,22/Dt 32.1-47).

Deus prescreve no Antigo Testamento o modo como deseja ser adorado e, ao mesmo tempo, adverte ao povo de Israel quando se dirigia a Canaã, para que destruísse todos os lugares de culto pagão (Dt 7.5;12.2,3) e, acrescenta:

Consumirás a todos os povos que te der o Senhor teu Deus: os teus olhos não terão piedade deles, nem servirás a seus deuses, pois isto te seria por ciladas. (Dt 7.16).

Quando o Senhor teu Deus eliminar de diante de ti as nações, para as quais vais a possuí-las, e as desapossares e habitares na sua terra, guarda-te, que te não enlaces com imitá-las, após terem sido destruídas diante de ti; e que não indagues acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações aos seus deuses, do mesmo modo também farei eu. Não farás assim ao Senhor teu Deus, porque tudo o que é abominável ao Senhor, e que ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até a seus filhos e a suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses. (Dt 12.29-31/Dt 16.21-17.1-7).

Israel deveria se guardar de aprender as práticas pagãs dos povos estrangeiros: “Quando entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te der, não aprenderás (למד)(lamad) a fazer conforme as abominações daqueles povos” (Dt 18.9). (Ver também Dt 20.18).

Deus promete profeticamente que enviará seus mestres

Em outro contexto (c. 740 a.C.) Deus mostra por intermédio de Isaías, que apesar da desobediência de Israel em atender à mensagem, Deus enviará mestres que instruirão o povo (Is 30.20-31).[15] As nações virão a Jerusalém para que Deus as ensine (Is 2.3).[16] O Servo do Senhor que virá, possui a língua e os ouvidos de erudito (Is 50.4).[17]

Os genuínos filhos de Israel vivem na gloriosa esperança aguardando com alegria a era messiânica, quando todos serão ensinados pelo Senhor: “Todos os teus filhos serão ensinados (למּוּד) (limmûd) do SENHOR; e será grande a paz de teus filhos” (Is 54.13).

 Por isso, o homem que na presente condição é ensinado por Deus é considerado bem-aventurado. Na realidade, o caminho da felicidade envolve o aprender e guardar a lei, até mesmo por meio da repreensão e disciplina: “Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu repreendes (yasar) (= instruir, advertir, corrigir), a quem ensinas (למד)(lamad) a tua lei” (Sl 94.12).

Ensina o que é útil e necessário

O ensino de Deus relaciona-se diretamente com o que é necessário à nossa existência. A sua instrução é fundamental para sermos bem-sucedidos em nossa vida. Ele mesmo nos diz: “Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina (למד)(lamad) o que é útil (yaal) (proveitoso, valioso) e te guia (דּרך) (darak) pelo caminho em que deves andar” (Is 48.17).

A sabedoria, portanto, consiste em atentar para os ensinamentos do Senhor. Este é o caminho da vida. Moisés insistira com o povo quanto a esta necessidade:

Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. (Dt 4.6).

45Tendo Moisés falado todas estas palavras a todo o Israel, 46 disse-lhes: Aplicai o coração a todas as palavras que, hoje, testifico entre vós, para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta lei.  47 Porque esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir. (Dt 32.45-47).

Esquecimento dos atos pedagógicos de Deus

Por sua vez, o esquecimento dos atos de Deus contribui para o nosso afastamento dele e de sua Palavra. Esse é o diagnóstico que faz o salmista ao considerar a rebeldia de Israel: “Nossos pais, no Egito, não atentaram (sakal) às tuas maravilhas (pala); não se lembraram (zakar) da multidão das tuas misericórdias (hesed) e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho” (Sl 106.7).

O povo se manteve indiferente a Deus. Não considerou a Palavra de Deus, seus atos e a aliança feita.

Creio que essa experiência não é estranha a muitos de nós. Em alguns momentos, sob o impacto de um grande livramento, a concretização de um desejo intensamente acalentado, o restabelecimento de uma enfermidade, a conquista de um emprego depois de meses sem sucesso…. Quem sabe, louvamos a Deus com sinceridade e integridade. Assumimos compromissos santos diante de Deus, e confessamos as nossas falhas… Mas, em seguida, passados os primeiros momentos de júbilo, gradativamente podemos incorrer no esquecimento de Deus, dos seus atos e de nossas promessas. Foi o que aconteceu com o povo de Israel:

11 As águas cobriram os seus opressores; nem um deles escapou.  12 Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor.  13 Cedo, porém, se esqueceram (shakach)  das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios (…)   21 Esqueceram-se (shakach)  de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas (gadol). (Sl 106.11-13, 21).

Ensino desde à juventude

Contrariamente, o salmista na velhice reconhece com gratidão que Deus o tem ensinado desde a sua mocidade, sendo este o seu testemunho constante: “Tu me tens ensinado (למד) (lamad), ó Deus, desde a minha mocidade; e até agora tenho anunciado as tuas maravilhas (pala) (admiráveis, extraordinárias) (Sl 71.17).

Quando somos jovens ou inexperientes em determinadas áreas, costumamos considerar fantásticas determinadas dicas e aprendizados. Com o passar do tempo, é possível, que olhemos aquilo tudo como algo que foi útil no início ou, que já não mais faz sentido.

É difícil amadurecermos com a convicção de que o que aprendemos continua sendo maravilhoso, grandioso e extraordinário. O salmista continuava se guiando pela Palavra de Deus e tem constatado ao longo da vida, as grandiosas maravilhas e as coisas extraordinárias que Deus tem realizado.

Devemos, portanto, buscar aprender com Deus desde a nossa juventude.[18] Não deixemos escapar as oportunidades que o Senhor nos confere. Sabemos que conhecimento não é necessariamente sabedoria.[19] Porém, a sabedoria consiste em saber se valer positivamente do conhecimento que adquirimos. O que aprendemos hoje, amanhã poderá se configurar de grande valia em nossa vida como resultado da sabedoria adquirida, por graça, ao longo dos anos.

Deus é o originador de todo conhecimento e sabedoria. Não existe conhecimento fora de Deus. A realidade pertence a Deus quem a criou.

A Palavra de Deus confere sentido ao conhecimento que, por si só pode ser desesperador já que a ciência não tem, num primeiro momento, nenhum compromisso ético com as suas descobertas e invenções. No entanto, em Deus encontrarmos o sentido de todas as coisas.[20] Devemos, portanto, nos valer desde cedo, do que a Palavra santamente nos ensina a fim de vivermos com sabedoria para a sua Glória.

Notemos que o salmista aprendeu a confiar em Deus desde cedo; não esperou para aprender apenas na velhice. O seu testemunho também foi uma constante. Agora, com os dias avançados, pôde, então, fazer a sua síntese como ato de gratidão e contínua instrução.

O Senhor nos ensina constantemente e de muitas formas. O ponto capital é a Palavra. Por meio dela podemos interpretar os fatos.             Peçamos a Deus que nos ensine, nos concedendo discernimento. Isso também faz parte do seu propósito.

Temos desejado aprender com Deus?

Temos buscado analisar e interpretar todas as coisas pela ótica das Escrituras? As respostas que dermos às essas perguntas indicam se temos ou não considerado com seriedade o pastorado do Senhor.

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[1] C.H. Spurgeon, El Tesoro de David, Barcelona: CLIE., (1989), v. 1, p. 163.

[2] Isso reflete a própria vida humana: “O homem é como um sopro (hebel); os seus dias, como a sombra que passa” (Sl 144.4).

[3]St. Ambrose, Three Books on the Duties of the Clergy, I.1.3-4: In:  P. Schaff; H. Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, (Second Series), 2. ed. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1995, v. 10, p. 1.

[4]João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (Tt 1.12), p. 318.

[5] Veja-se: Walter C. Kaiser, Lâmad: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 791.

[6]Cf. Sherron K. George, Igreja Ensinadora: fundamentos Bíblicos-Teológicos e Pedagógicos da Educação Cristã, 2. ed. Campinas, SP.: Editora Luz para o Caminho, 2003, p. 43.

[7]Cf. Vern S. Poythress, Teologia Sinfônica: a validade das múltiplas perspectivas em teologia,  São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 24.

[8]1Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos (mishpat) que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá. (…) 5 Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos (mishpat), como me mandou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir.  (…)  10Não te esqueças do dia em que estiveste perante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos (…)14 Também o SENHOR me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir” (Dt 4.1,5,10,14). “Chamou Moisés a todo o Israel e disse-lhe: Ouvi, ó Israel, os estatutos e juízos (mishpat) que hoje vos falo aos ouvidos, para que os aprendais e cuideis em os cumprirdes” (Dt 5.1). “Tu, porém, fica-te aqui comigo, e eu te direi todos os mandamentos, e estatutos, e juízos (mishpat) que tu lhes hás de ensinar que cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la” (Dt 5.31). “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos (mishpat) que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir” (Dt 6.1).

[9]“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo” (Tg 3.1).

[10]John A. Hughes, Por que Educação Cristã e não Doutrinação Secular?: In: John F. MacArthur, Jr. ed. ger. Pense Biblicamente!: recuperando a visão cristã do mundo, São Paulo: Hagnos, 2005, p. 384.

[11] “Não há dúvida de que a ignorância tem causado muita confusão, mas nós afirmamos que um guia que negligencia o exame das estradas antes de empreender um trabalho de condutor de viajantes é indigno de seu título. Um ministro da Palavra é um guia espiritual, nomeado pelo Senhor Jesus para conduzir os peregrinos que viajam para a Jerusalém celestial  através dos Alpes da fé, onde as comunicações comuns da vida terrena cessaram de um ao outro platô da montanha. Dessa forma, ele é indesculpável quando, meramente supondo a localização da cidade celestial, aconselha seus peregrinos a tentarem o caminho que parece ir naquela direção. Em virtude de seu posto, ele deve ter como seu objetivo principal conhecer qual é o caminho mais curto, mais seguro e mais certo e, então, dizer-lhes que esse, e não outro, é o caminho a seguir. Antigamente, quando os vários caminhos ainda não tinham sido examinados, era até certo ponto recomendável tentar todos, mas, agora, visto que o seu caráter enganador é tão bem conhecido, tornou-se imperdoável tentá-los novamente” (Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 392).

[12] Ainda que o arranjo não seja perfeito, havendo irregularidade nos versos 2,5,18,22. (Cf. W.S. Plumer, Psalms, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1978, p. 329).

[13] Figuradamente a palavra traduzida por “ensinar” tem o sentido de mostrar, indicar, “apontar o dedo”; encaminhar (Gn 46.28); disparar (Sl 11.2; 64.4); apontar (Sl 25.8); atingir (Sl 64.4); desferir (Sl 64.7). No hifil tem o sentido de “ensinar”. (Do mesmo modo: Sl 86.11; 119.33; Pv 4.4; 4.11, etc.). Devemos ter em vista que o hifil é causativo; ou seja: o sujeito pratica ou leva o sujeito a causar a ação.

[14] A ideia básica da palavra é a de aprender, ensinar, treinar, educar, acostumar-se a; familiarizar-se com. Deus nos ensina para que cumpramos a sua Palavra: “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino (למד)(lamad) para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá” (Dt 4.1). (Do mesmo modo: Dt 4.5,14; 5.1,31; 6.1).

            Como mestre perfeito, Deus usava inclusive do recurso musical para ensinar a Lei ao povo: “Escrevei para vós outros este cântico e ensinai-o (למד)(lamad) aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel. (…) Assim, Moisés, naquele mesmo dia, escreveu este cântico e o ensinou (למד)(lamad) aos filhos de Israel” (Dt 31.19,22/Dt 32.1-47). (Cf. Walter C. Kaiser, Lâmad: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, p. 791; D. Müller, Discípulo: In: Colin Brown, ed. ger. Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 1, p. 662; A.W. Morton, Educação nos Tempos Bíblicos: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 2, p. 261; E.H. Merrill, dml: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 2, p. 800-802; Hermisten M.P. Costa, Introdução à Educação Cristã, Brasília, DF.: Monergismo, 2010).

[15]Embora o Senhor vos dê pão de angústia e água de aflição, contudo, não se esconderão mais os teus mestres; os teus olhos verão os teus mestres. 21Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele” (Is 30.20-21).

[16] “Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine (ירה) (yarah) os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém” (Is 2.3).

[17]O SENHOR Deus me deu língua de eruditos (למּוּד) (limmûd), para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos (למּוּד) (limmûd) (Is 50.4).

[18] “Os jovens são os verdadeiros proprietários do futuro, cujos sonhos são plásticos e cuja bagagem de frustrações é diminuta” (Roberto Campos Discurso do Paraninfo da turma de economandos, março de 1970. In: Ensaios imprudentes, São Paulo: Record, 1987, p. 365).

[19] “Muitos consideram intolerável o pensamento de um mundo sem sentido. Se não há sentido, então não há nenhum propósito na vida. Vivemos em uma época na qual o crescimento da internet tornou mais fácil que nunca a ter acesso à informação e acumular conhecimento. Mas informação não é a mesma coisa que sentido, e conhecimento não é a mesma coisa que sabedoria. Muitos se sentem engolidos por um tsunami de fatos no qual não conseguem encontrar sentido” (Alister E. McGrath, Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e o sentido das coisas, São Paulo: Hagnos, 2015, p. 10-11).

[20]“Por que alguém na iminência de cometer suicídio abaixaria o revólver ao ouvir que o total é maior do que a parte ou jogaria fora o cianeto na pia ao ouvir que 2 + 2 = 4? Essas afirmações podem estar de acordo com os fatos. Elas são, contudo, existencialmente insignificantes, nada tendo a dizer sobre as questões mais profundas da mente humana ou dos anelos do coração humano” (Alister McGrath,  A Fé e os credos, São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 14-15). “Os seres humanos anelam por fazer sentido das coisas – identificar padrões na rica estrutura da natureza, fornecer explicações do que ocorre ao redor deles para refletir sobre o significado da própria vida. É como se nossa “antena” intelectual estivesse sintonizada para discernir pistas sobre o propósito e o sentido ao nosso redor, pistas essas incorporadas na estrutura do mundo” (Alister E. McGrath,  Ajuste fino do Universo: Em busca de Deus na Ciência e na Teologia, Viçosa, MG.: Ultimato, 2017, p. 19).

Autor: Hermisten Maia. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e Revisor: Vinicius Lima.