O que significa inerrância bíblica?

Episódio do Podcast John Piper Responde

Transcrição do vídeo

Nota do Editor: Este artigo é um recurso selecionado para a Semana da Inerrância Bíblica do Ministério Fiel e Voltemos ao Evangelho, uma semana onde estamos, juntos com a igreja verdadeira, proclamando a inerrância, suficiência e autoridade da Bíblia, que é a Palavra de Deus. Já temos o tradiconal podcast John Piper Responde todas as sextas, e por estarmos nesta semana especial, preparamos este episódio onde John Piper nos explica o que é inerrância bíblica e porque ela é tão importante.


Pastor John, de forma mais básica, como você define a inerrância bíblica?

 

Antes de passar à definição de inerrância, deixe-me dar-lhe o solo ou as raízes do porquê você faria essa pergunta. Os 66 livros do cânone cristão são o que estou falando quando digo “Escritura” ou “Bíblia”. Eles são, cremos, inspirados por Deus (ver 2 Timóteo 3.16). Ou, dizendo de outra forma: “Nenhuma profecia foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram de Deus como foram levados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.21).

Palavras da Palavra

Então, a razão pela qual a inerrância surge é porque afirmamos que este livro é a própria Palavra de Deus. O centro da revelação de Deus é Jesus. E ele é chamado de Palavra de Deus encarnada. E disse que as Escrituras não podem ser quebradas. Ele disse: “Até que o céu e a terra passem, nem um iota, nem um ponto” – nem o mais pequeno dos pontos em um iota – “passará longe da Lei até que tudo se cumpra” (Mateus 5.18). Assim, a Palavra de Deus valida a Palavra de Deus escrita. A Palavra de Deus encarnada validou a Palavra de Deus escrita no Antigo Testamento e, em seguida, ele encomendou aos apóstolos que falassem sua Palavra como o fundamento da igreja. E prometeu: “Quando vier o Espírito da verdade, vos guiará em toda a verdade” (João 16.13). Assim, Jesus está no centro como a Palavra de Deus encarnada, e olhando para trás, ele valida a Palavra de Deus escrita e, olhando para frente, ele valida a Palavra de Deus escrita. E os apóstolos entenderam desta forma porque disseram coisas incríveis sobre sua autoridade.

Paulo disse, por exemplo, em 1 Coríntios 14.37–38: “Se alguém pensa que é profeta, ou espiritual, deve reconhecer que as coisas que vos escrevo são um mandamento do Senhor. Se alguém não reconhece isso, não é reconhecido.” Isso é incrível. E a única razão pela qual ele tem o direito de dizer isso é porque ele disse: “Estamos ensinando em palavras, ditas não por homens, mas pelo Espírito Santo, porque Jesus prometeu que guiarei meus apóstolos em toda a verdade”.

Portanto, há a razão pela qual toda a questão da inerrância surge. Temos um livro à nossa frente que afirma ser a Palavra inspirada de Deus. E como Deus não mente e não comete erros, dizemos que a Bíblia não mente, não comete erros.

Ela não comete erros

Então, o que significa erro aqui se vamos dizer “inerrante”? A propósito, não sou daqueles que se incomoda ao usar a palavra “inerrância” ao invés de “infalibilidade” ou “veracidade”. Se você diz que a Bíblia é completa e totalmente verdadeira, e a Bíblia é completa e totalmente infalível, e a Bíblia é completa e totalmente inerrante, uma pessoa comum não estará percebendo nenhuma diferença entre os termos. E eu também não. Eu não gosto quando as pessoas discutem sobre a diferença entre essas palavras. Acho bom usar todas.

Para dar sentido à palavra “inerrante” – sem erro – temos que definir “erro”. O que é que não está neste livro? Qual é o seu erro? E temos que definir “erro” em termos da intenção do autor. E na Bíblia, desde que temos Deus inspirando este livro, temos a intenção de Deus mediada pela intenção dos autores humanos e indo também além deles – eu diria sempre indo além deles – porque Deus vê todas as inúmeras implicações necessárias que os autores bíblicos não podiam ver. Incluo isso no significado ou na intenção as implicações necessárias do que um autor diz, algumas das quais ele pode ver, e outras não. E Deus pode ver tudo isso. E, portanto, quando penso na intenção do autor, estou pensando em tudo o que o autor humano pretendeu ensinar e em tudo o que Deus pretendeu ensinar, que é sempre maior do que o que os humanos podem ver em suas implicações do que Deus os inspirou a escrever.

Atenção à Intenção

Agora, a razão pela qual a intenção é crucial é porque há todos os tipos de maneiras pelas quais dizemos coisas que poderiam ser entendidas como um erro, mas que não são um erro se as pessoas prestassem mais atenção à nossa intenção. Eu poderia dizer: “Tony, você me matou de susto entrando aqui assim”. Você não me responderia: “Você é mentiroso. Você é mentiroso, ou você é um tolo porque você ainda está respirando, não morreu coisa nenhuma!” Você não faria isso, porque você saberia que isso é uma expressão para: “Você realmente me assustou muito”. Você não iria discutir sobre o fato de que eu não estou morto. Você não diria: “Você errou, isso é um erro!”. E assim, temos que estar atentos a esse tipo de coisa na Bíblia. O que o autor quis dizer ou o qual a intenção autoral?

Outro exemplo seria o livro de Jó. Você tem 29 capítulos de teologia errada em seu livro. Jó está colocando frases em seu livro inerrante, mas que estão cheias de erros. Os conselhos de Elifaz, Bildade e Zofar eram maus conselhos. E Jó está contando a história e incluindo os maus conselhos. Então, o que você tem que fazer é perguntar: “Agora, como o livro de Jó é inerrante?” O livro de Jó é inerrante, não porque não inclua frases estúpidas de Elifaz, mas porque Jó está escrito de tal forma que sabemos que há sentenças estúpidas, e sabemos que são erradas, portanto, ele faz um ponto verdadeiro ao apontar a falsidade da má teologia em seu livro. É assim que a literatura funciona. É assim que falamos. Somos inerrantes quando o que estamos ensinando é verdadeiro e não falso.

A Revelação Escrita de Deus

Então, o que eu quero dizer com a Bíblia sendo inerrante é que os autores bíblicos, com Deus como guia, não ensinam nada falso ou ordenam como vontade de Deus qualquer coisa que desagrada a Deus. Ou, dito de outra forma, é verdade o que os autores pretendem que compreendamos ou obedeçamos sua palavras devidamente compreendidas em seu contexto mais próximo e amplo. Essas palavras nunca são enganosas. São inerrantes. São verdadeiras. Elas correspondem ao modo como as coisas realmente são. Bem como elogiam comportamentos e atitudes que Deus realmente quer. E também levantam muitas questões.

Eu também remeteria as pessoas para a Declaração de Chicago sobre Inerrância Bíblica (CSBI) porque esse documento às vezes é tratado superficialmente, como sendo uma documento ingênuo. Mas ele não é. Se você ler com atenção as distinções que são feitas nesse documento, é um bom guia para nós, eu creio.

Deixe-me encerrar isso dizendo: Eu amo essa verdade, porque eu amo a Bíblia, porque eu amo a Deus. Deus, Palavra, inerrância, para mim são coisas inseparáveis. Eu não posso romper com nada disso e ao mesmo tempo sentir que tratei Deus ou sua Palavra e sua verdade com a devida honra. Pela história e pela minha própria experiência, é quase impossível exagerarmos sobre a importância da verdade da Bíblia. Nós, humanos, somos incapazes de descobrir o que absolutamente temos que saber. Não podemos vencer o pecado. Não podemos escapar da ira de Deus. Não podemos nos tornar novas criaturas. Não podemos viver de maneira a agradar ao Senhor. Deus deve nos revelar essas coisas, ou pereceremos. E isso ele fez e continua a fazer por meio de sua Palavra escrita – a Bíblia. E quando uma pessoa entende o que a Bíblia ensina, ela entende a infalível, inerrante e verbal Revelação de Deus.

 

 


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Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: What is Inerrancy? | Traduzido por DB Studios (Arthur Baguera). Revisão e Edição por Vinicius Lima.