O Espírito, a iluminação e o testemunho

O Espírito e a Escritura - Capítulo 8

Nota do Editor: Este artigo é um recurso selecionado para a Semana da Inerrância Bíblica do Ministério Fiel e Voltemos ao Evangelho, uma semana onde estivemos, juntos com a igreja verdadeira, proclamando a inerrância, suficiência e autoridade da Bíblia, que é a Palavra de Deus. Pedimos ao nosso colunista mais assíduo do blog, o Reverendo Hermisten Maia, para escrever sobre o assunto; ele então nos presenteou com mais uma de suas séries, trazendo profundidade ao tema! Desfrute e compartilhe destes conteúdos e tenha sua fé na inerrante Palavra de Deus fortalecida!


Sem as Escrituras, a fé é um olhar sem rumo. Sem a fé, as Escrituras são um livro fechado. Quando as Escrituras e a fé salvadora abençoam a alma, a glória do Espírito Santo aparece, pois foi Ele quem primeiro outorgou a graça das Escrituras e depois também a da fé. (…) Fazer um incrédulo ter fé nas Escrituras é algo que se situa muito além da capacidade humana. A fé e as Escrituras andam de mãos dadas. O Espírito Santo dispôs as duas de forma que não podem ser separadas. – Abraham Kuyper (1837-1920).[1]

À parte do Espírito, a Palavra está morta, ao passo que, à parte da Palavra, o Espírito é desconhecido. – John Stott  (1921-2011).[2]

O Autor das Escrituras é também o seu comunicador. A obra de Deus é sempre completa. Nada cai no vazio ou simples esquecimento. Não há remendos ou ajustes. Nada escapa ao seu soberano e sábio controle e direção.

O Deus transcendente, criador de todas as coisas, se revela fidedignamente aos homens, fez com que essa revelação fosse progressivamente sendo escrita, encontrando o seu ápice em Jesus Cristo, o Verbo encarnado. Essa revelação foi registrada sobrenaturalmente e Ele a tem preservado, providenciando meios para que a sua Palavra infalivelmente alcance a todos a quem Ele a destinou.

Kuyper (1837-1920), distinguindo a iluminação da revelação e inspiração, define a iluminação como “o aclaramento da consciência espiritual que, no tempo por Ele escolhido, o Espírito Santo dá, segundo lhe apraz, a cada filho de Deus”.[3]

À frente, acrescenta: “Aquele que fez com que as Escrituras Sagradas fossem escritas é o mesmo que nos ensina a lê-la. Sem ele, esse produto de arte divina não pode nos afetar”.[4]

Pelo Espírito, Deus continua hoje aplicando a verdade bíblica aos nossos corações, levando adiante o seu eterno propósito.

Hodge (1797-1878) interpreta:

O Espírito especialmente ilumina a mente dos filhos de Deus para que conheçam as coisas graciosamente concedidas (reveladas) por Deus. O homem natural não as recebe, nem pode conhecê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Todos os crentes são, portanto, descritos (pneumatikois) como espirituais, porquanto são dessa forma iluminados e guiados pelo Espírito.[5]

Segundo Calvino (1509-1564), “A função peculiar do Espírito Santo consiste em gravar a Lei de Deus em nossos corações”.[6] É o Espírito quem nos ensina por meio da Escritura.[7]

Calvino sempre manifestou um alto apreço pelas Escrituras; elas são “A Palavra pura de Deus”,[8] a “Sagrada Palavra de Deus”,[9] “Santa Palavra”,[10] “Palavra da verdade”,[11] “Palavra de Vida”,[12] Infalível,[13] que tem “segura credibilidade”:[14] é íntegra.[15] Por isso ela é a “Norma da fé”,[16] “Infalível norma de sua sacra vontade”.[17]

Enfatizando os aspectos pedagógico da Palavra, diz que ela é “a escola do Espírito Santo”,[18] que é a “escola de Cristo”,[19]  “escola do Senhor”,[20] “escola de Deus”,[21] “escola do Filho de Deus”,[22] “escola de nosso Senhor Jesus Cristo”,[23] “escola do Mestre celestial”;[24] “escola do céu”;[25] “escola da sabedoria perfeita”.[26]

“O Espírito de Deus, de quem emana o ensino do evangelho, é o único genuíno intérprete para nô-lo tornar acessível”.[27] A “docência de Deus” consiste em nos levar à Cristo.[28] A Palavra é, “mediante o Espírito, eficazmente impressa nos corações”.[29]

A Igreja, por sua vez, é a “escola de Deus”.[30] Deus é o Mestre com inigualável poder.[31] “O Filho de Deus é o nosso Mestre”.[32] O Espírito é o “Mestre”;[33] “o melhor Mestre”;[34] “ótimo Mestre”;[35] “bendito Mestre”;[36] é o “Mestre interior”,[37] “Mestre no íntimo”,[38] “Mestre ou  Catedrático (Doutor) da verdade”,[39] “O único mestre e diretor de todos os profetas”.[40] Continua: “Daí se segue que, enquanto não formos intimamente instruídos por Ele, o entendimento de todos nós é assenhoreado pela vaidade e falsidade”.[41]

Em outros lugares Calvino continua com a mesma ênfase:

É Ele que nos ilumina com a sua luz para nos fazer entender as grandezas da bondade de Deus, que em Jesus Cristo possuímos. Tão importante é o seu ministério que com justiça podemos dizer que Ele é a chave com a qual são abertos para nós os tesouros do reino celestial, e que a sua iluminação são os olhos do nosso entendimento, que nos habilitam a contemplar os mencionados tesouros. Por essa causa Ele é agora chamado Penhor e Selo, visto que sela em nosso coração a certeza das promessas. Como também agora Ele é chamado mestre da verdade, autor da luz, fonte de sabedoria, conhecimento e discernimento.[42]

Devemos, portanto, nos matricular em sua escola:

Para que sejamos reconhecidos como cristãos, aprendamos, pois, a abrir nossos olhos e a matricular-nos na escola onde passamos a ser estudantes daquele que é o Mestre e Instrutor designado por Deus, seu Pai. Pois, se formos ensinados por Jesus Cristo, de fato podemos confessar que somos dele, contanto que nós mesmos aceitemos a instrução que vem dele e é ministrada em seu nome.[43]

Na Escritura temos o currículo completo e suficiente: “A Escritura é a escola do Espírito Santo, na qual, como nada é omitido não só necessário, mas também proveitoso de conhecer-se, assim também nada é ensinado senão o que convenha saber”.[44]

Na Reforma, “a Palavra de Deus era a única autoridade, e a salvação tinha como base única a obra definitiva do Senhor Jesus Cristo, consumada na cruz”, resume Schaeffer (1912-1984).[45]

Esta Palavra, portanto, antecede à Igreja, conforme enfatiza Calvino: “Se o fundamento da Igreja é a doutrina profética e apostólica, impõe-se a esta haver assistido certeza própria antes que aquela começasse a existir”.[46]

Portanto, como decorrência lógica, não é a Igreja que autentica a Palavra por sua interpretação,[47] como a igreja romana sustentou em diversas ocasiões.[48] “Um testemunho humano falível (como o da igreja) não pode moldar o fundamento da divina fé”, conclui Turretini (1623-1687).[49]

É a Bíblia que se autentica a si mesma como Palavra autoritativa de Deus[50] e, é Ele mesmo quem nos ilumina para que possamos interpretá-la corretamente (Sl 119.18). “A carne não é capaz de tão alta sabedoria como é compreender a Deus e o que a Deus pertence, sem ser iluminada pelo Espírito Santo”, ensina Calvino.[51] Por isso, a Palavra não pode ser separada do Espírito.[52] Essa atitude é produto da imaginação dos fanáticos,[53] “que, desprezando a palavra, ufanam-se do nome do Espírito, e incrementam coisas, como confidenciais, em suas próprias imaginações. É o espírito de Satanás que é separado da palavra, a qual o Espírito de Deus está continuamente unido”, conclui Calvino.[54]

Portanto, quando o Espírito aplica a Palavra ao nosso coração, Ele produz a sua boa obra em nós, gerando a fé salvadora que se direciona para Cristo e para os feitos de sua redenção.[55]

Somente pela operação divina poderemos reconhecer a sua origem divina bem como compreendê-la salvadoramente. “A suprema prova da Escritura se estabelece reiteradamente da pessoa de Deus nela a falar”.[56]  Desse modo, a pretensão da igreja de subordinar a autoridade da Bíblia ao seu arbítrio consiste numa “blasfêmia”: “É chocante blasfêmia afirmar que a Palavra de Deus é falível até que obtenha da parte dos homens uma certeza emprestada”.[57] Em outro lugar: “…. a Palavra do Senhor é semente frutífera por sua própria natureza”.[58]

Na Confissão Gaulesa (1559),[59] no Capítulo IV lemos:

Nós sabemos que esses livros [das Escrituras] são canônicos, e a regra segura de nossa fé (Sl 19.9; 12.7), não tanto pelo comum acordo e consentimento da Igreja quanto pelo testemunho e persuasão interior do Espírito Santo.

Na mesma linha, registra a Confissão de Westminster:

A nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações. (I.5).

Reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das cousas reveladas na palavra. (I.6).[60]

Anglada (1954-2019) resume bem este ponto, do seguinte modo: “O testemunho do Espírito não é uma nova luz no coração, mas a sua ação através da qual Ele abre os olhos de um pecador, permitindo-lhe reconhecer a verdade que lá estava, mas não podia ser vista por causa da sua cegueira espiritual”.[61]

Cabe a nós submeter o nosso juízo e entendimento à verdade de Deus conforme testemunhada pelo Espírito.[62]

A Palavra de Deus direcionada ao homem, revela a seriedade com que Deus nos trata: “Sempre que o Senhor se nos acerca com sua Palavra, Ele está tratando conosco da forma mais séria, com o fim de mover todos os nossos sentidos mais profundos. Portanto, não há parte  de nossa alma que não receba sua influência”, conclui Calvino.[63]

A Palavra é escola da Trindade. A Trindade esteve totalmente comprometida com a Revelação, o registro e a preservação da Palavra. Esse mesmo Deus Triúno nos ilumina na compreensão da Palavra, acompanha na sua transmissão e abre o coração do seu povo para que possa entendê-la espiritualmente.

Portanto, sem a aplicação da mensagem do Evangelho em nosso coração, a pregação não obterá nenhum efeito salvador. Contudo, o propiciar as condições para que ouçamos o Evangelho, já é por si só, uma ação do Espírito. A didática de Deus é completa e perfeita:

O ensino externo será infrutífero e inútil se não for acompanhado pelo ensino do Espírito Santo. Portanto, Deus tem dois métodos de ensino: primeiro, ele nos faz ouvi-lo pelos lábios humanos; e, segundo, ele nos fala intimamente por seu Espírito; e ele faz isso ou no mesmo instante, ou em momentos distintos, conforme achar oportuno.[64]

Desse modo, continua o reformador: “Nossa oração a Deus deve ser no sentido de desimpedir nossa vista e nos capacitar para a meditação sobre suas obras”.[65]

Assim sendo, “Se porventura desejamos lograr algum progresso na escola do Senhor, devemos antes renunciar nosso próprio entendimento e nossa própria vontade”.[66]

A Reforma teve como uma de suas características principais, a ênfase na pregação da Palavra.[67] “A Reforma foi antes de tudo uma proclamação positiva do evangelho Cristão”, resume Leith (1919-2002).[68]

A Reforma onde quer que chegasse, se preocupava em colocar a Bíblia na língua do povo – e neste particular a tipografia foi fundamental para a Reforma –, a fim de que todos tivessem acesso à sua leitura – sendo o “reavivamento” da pregação da Palavra um dos marcos fundamentais da Reforma. “A divulgação da Bíblia na língua vernácula dos povos foi o centro do movimento em todos os países da Europa”, escreve Schalkwijk.[69] Ela foi caracterizada pela “emergência de uma nova pregação”, interpreta Marc Lienhard.[70]

George sumaria:

Os reformadores queriam que a Bíblia lançasse raízes profundas na vida das pessoas que foram chamadas para servir. A Palavra de Deus não devia ser apenas lida, estudada, traduzida, memorizada e usada para meditação; ela também devia ser incorporada à vida e à adoração na igreja. A concretização da Bíblia foi muito claramente expressa no ministério de pregação, que recebeu nova preeminência na adoração e na teologia das tradições da Reforma.[71]

Os Reformadores criam que se as Escrituras estivessem numa língua acessível aos povos, todos os que quisessem poderiam ouvir a voz de Deus e, todos os crentes teriam acesso à presença de Deus. Portanto, “para eles, as Escrituras eram mais uma revelação pessoal que dogmática”, argumenta Lindsay (1843-1914).[72] De fato o estudo bíblico tinha um alcance “acadêmico e popular”.[73]

Calvino, por exemplo, entendia que as Escrituras eram tão superiores aos outros escritos que, “Logo, se lhes volvemos olhos puros e sentidos íntegros, de pronto se nos antolhará a majestade de Deus, que, subjugada nossa ousadia de contraditá-la, nos compele a obedecer-lhe.”[74] Contudo, os reformadores esbarraram num problema estrutural: o analfabetismo generalizado entre as massas. A leitura era um privilégio de poucos; de livros, então, restringia-se a médicos, nobres, ricos comerciantes e integrantes do clero. Mas, o tratamento dessa questão ultrapassa os objetivos dessas anotações.[75]


[1]Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 428,429.

[2] John Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 108.

[3] Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010. p. 111.

[4]Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 113.

[5] Charles Hodge, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2001, p. 396. Veja-se: Sinclair Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Os Puritanos, 2000, p. 92-93.

[6] João Calvino, O Livro dos Salmos, v. 2, (Sl 40.8), p. 228. “O ensino interno e eficaz do Espírito é um tesouro que lhes pertence de forma peculiar. (…) A voz de Deus, aliás, ressoa através do mundo inteiro; mas ela só penetra o coração dos santos, em favor de quem a salvação está ordenada” (João Calvino, O Livro dos Salmos, v. 2, (Sl 40.8), p. 229).

[7] Veja-se: J. Calvino, As Institutas, I.9.3.

[8] João Calvino, As Institutas, IV.4.1; IV.8.9; IV.10.26. Fala também da “mui pura Palavra de Deus” (J. Calvino, As Institutas, II.16.8).

[9] João Calvino, As Institutas, I.18.3.

[10]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 4, (IV.15), p. 116.

[11] João Calvino, Exposição de Romanos, (Rm 12.7), p. 432.

[12] João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.7), p. 10; João Calvino, Exposição de Hebreus, (Hb 4.12), p. 110.

[13] João Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.15), p. 98; As Institutas, IV.16.16; Exposição de Hebreus, Dedicatória, p. 14.

[14] João Calvino, As Institutas, I.8.1.

[15] João Calvino, As Pastorais, (1Tm 6.21), p. 187.

[16] João Calvino, Exposição de Romanos, (Rm 9.14), p. 330.

[17] João Calvino, Exposição de Hebreus, Dedicatória, p. 14.

[18] J. Calvino, As Institutas, III.21.3; As Institutas, (1541), IV.12. Ainda que haja em autores antigos alusão aqui e ali a respeito deste ensinamento, Calvino foi de fato quem sistematizou e ampliou a doutrina concernente ao Espírito Santo. Warfield compreende que: “A doutrina da obra do Espírito Santo é um presente de João Calvino para a Igreja de Cristo. (…) Foi Calvino quem primeiro deu-lhes expressão sistemática ou apropriada, e foi tão somente por ele que eles chegaram a ser a propriedade garantida da Igreja de Cristo. Não existe nenhum fenômeno na história doutrinal mais extraordinário do que as ideias comumente concebidas como as contribuições feitas por João Calvino para o desenvolvimento da doutrina cristã” (B.B. Warfield, Notas Introdutórias à obra, Abraham Kuyper,  A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 35). Warfield cunhou a expressão dizendo que Calvino pode ser considerado “o teólogo do Espírito Santo” (B.B. Warfield, Calvin and Calvinism, Michigan: Baker Book House (The Work’s of Benjamin B. Warfield), 2000 (Reprinted), v. 5,  p.  21, 107;  B.B. Warfield, Calvin and Augustine (organizada por Samuel G. Craig), Philadelphia:  Presbyterian and Reformed,  ©1956, 1971, p. 487). Murray (1898-1974), não isoladamente, adota a mesma perspectiva, ao escrever: “Calvino tem sido corretamente chamado de o teólogo do Espírito Santo” (John Murray, Calvin as Theologian and Expositor: In: Collected Writings of John Murray, Cambridge: The Banner of Truth Trust © 1976, 2001 (Reprinted), v. 1, p. 311).  Calvino pode com razão ser chamado de o Teólogo da Palavra e do Espírito Santo. Schaff  (1819-1893) diz que a “teologia de Calvino está baseada sobre um perfeito conhecimento das Escrituras” (Philip Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1996, v. 3, p. 261). (Vejam-se: João Calvino, As Institutas, I.7.4-5; I.9.3; Bernard Ramm, The Witness of the Spirit, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1959, p. 22-27; Hendriksus Berkhof, La Doctrina del Espiritu Santo, Buenos Aires: Junta de Publicaciones de las Iglesias Reformadas; Editorial La Aurora, (1969), p. 23; D.M. Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1998, p. 13; I. John Hesselink, O Movimento Carismático e a Tradição Reformada. In: Donald K. McKim, ed. Grandes Temas da Teologia Reformada, São Paulo: Pendão Real, 1999, p. 339; Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Os Puritanos, 2000, p. 10).

[19]João Calvino, Efésios, (Ef 4.17), p. 133; João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, p. 27. Ainda que não se referindo sempre às Escrituras, Calvino usa a figura em outros lugares: Vejam-se: João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.40), p. 76; (Jo 3.1), p. 112; (Jo 3.3), p. 115; (Jo 4.16), p. 164; (Jo 4.19), p. 165; (Jo 4.25), p. 177; João Calvino, Sermões sobre Tito,  Brasília, DF.: Monergismo,  2019, (Tt 2.15-3.2), p. 206. (Edição do Kindle).

[20]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 1.17), p. 55; (1Co 3.3), p. 100; João Calvino, Beatitudes: Sermões sobre as Bem-Aventuranças, São Paulo: Fonte Editorial, 2008, p. 35; João Calvino, As Institutas, III.2.34; III.10.5; Sl 94.12; João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 68 (Edição do Kindle).

[21] João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 6.45), p. 280; (Jo 7.16), p. 313; v. 2, (Jo 14.25), p. 109. Vejam-se também: Ex 19.10; Dt 12.4; 31.12; Sl 25.14; 49.3; 73.2,17; 119.35, 163; João Calvino, Sermões sobre Tito,  Brasília, DF.: Monergismo,  2019,  p. 4;  (Tt 3.8-15), p. 249. (Edição do Kindle); João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 81, 196,199, 225, 270 (Edição do Kindle).

[22]John Calvin, To the Marchioness of Rothelin, “Letters,” John Calvin Collection, [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Software, 1998), 5 de fevereiro de 1558, nº 489; João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 104 (Edição do Kindle).

[23] João Calvino, Beatitudes: Sermões sobre as Bem-Aventuranças, São Paulo: Fonte Editorial, 2008, p. 36; João Calvino, Sermões sobre Tito,  Brasília, DF.: Monergismo,  2019,  (Tt 1.4-5), p. 50. (Edição do Kindle);  João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 145 (Edição do Kindle).

[24] John Calvin, Concerning the Eternal Predestination of God,  London: James Clark & Co., 1961, p. 161.

[25]John Calvin, John Calvin’s Commentary on the Bible (Active Index): Complete Bible Commentaries. Edição do Kindle. (Ex 31.18), Posição 20702 de 321073; John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 3, (Ex 31.18), p. 328. Witsius chama de “escola celestial” (Herman Witsius, O Caráter do Verdadeiro Teólogo, São Paulo: Teocêntrico Publicações, 2020. (Locais do Kindle 263).

[26]John Calvin, John Calvin’s Commentary on the Bible (Active Index): Complete Bible Commentaries. Edição do Kindle. (Sl 119.142), Posição 65903 de 321073.

[27]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 2.14), p. 93. Lutero também escrevera: “O Espírito Santo é o escritor mais simples nos céus e na terra; portanto, suas palavras não podem ter mais do que um sentido simples, ao qual chamamos de sentido das escrituras ou sentido literal” (Apud F.W. Farrar, History of Interpretation, London: Macmillan and Co., 1886, p. 329).

[28] “A Igreja não pode ser restaurada de qualquer outra forma senão por Deus empreendendo o ofício de Mestre e conduzindo os crentes a si. O método de ensino, de que fala o profeta, não consiste meramente na voz externa, mas igualmente na operação secreta do Espírito Santo. Em suma, esta docência de Deus consiste na iluminação interior do coração” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 6.45), p. 278).

[29]João Calvino, As Institutas, I.9.3.

[30]João Calvino, As Pastorais, (1Tm 5.7), p. 136; João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, (Dn 3.2-7), p. 190; João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 23, 157. De forma comparativa, veja-se: João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 19, 81 (Edição do Kindle).

[31]“Mestre tão poderoso quanto Deus” (João Calvino, Sermões sobre Tito, Brasília, DF.: Monergismo,  2019, (Tt 2.15-3.2), p. 209. (Edição do Kindle). O Senhor é o “Mestre da igreja” (João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 21 (Edição do Kindle).

[32] João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 172 (Edição do Kindle). “Jesus Cristo é o único Soberano e Mestre”. Designado pelo Pai como “principal e soberano Mestre sobre nós”; “Soberano e Mestre” que deve ser honrado. (João Calvino, Sermões sobre Gálatas, Brasília, DF.: Monergismo, 2022, v. 1, p. 95 (Edição do Kindle).

[33]João Calvino, Exposição de Romanos,(Rm 1.16), p. 58.

[34]João Calvino, As Institutas, IV.17.36. Calvino diz que quem rejeita o “magistério do Espírito”, é desvairado. (João Calvino, As Institutas, I.9.1).

[35]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, v. 4 (IV.12), p. 24.

[36]João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.16), p. 41.

[37]João Calvino, As Institutas, II.2.20; III.1.4; III.2.34; IV.14.9. Witsius o denominaria de “professor das almas” (Herman Witsius, O Caráter do Verdadeiro Teólogo, São Paulo: Teocêntrico Publicações, 2020. (Locais do Kindle 255).

[38] João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.25), p. 108; (Jo 16.13), p. 156.

[39] João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.17), p. 101. Veja-se também: João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, v. 2, (II.4), p. 89.

[40]John Calvin, Commentary on the Book of the Prophet Isaiah, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, (Calvin’s Commentaries), 1996, v. 8/3, (Is 48.16), p. 484.

[41]João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.17), p. 101; João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 2, (II.4), p. 89.

[42]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, v. 2, (II.4), p. 89.

[43] João Calvino, Sermões sobre Tito,  Brasília, DF.: Monergismo,  2019, (Tt 1.1-4), p. 24-25. (Edição do Kindle).

[44] J. Calvino, As Institutas, III.21.3. Veja-se também: As Institutas, IV.17.36. “A tal ponto se tem proveito em Sua escola que não há necessidade de acrescentar nada que venha de outros, e se deve ignorar tudo o que não é ensinado nela” (João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, v. 4, (IV.12), p. 24).

[45]F.A. Schaeffer, La Fe de los Humanistas, p. 10.

[46] J. Calvino, As Institutas, I.7.1.

[47]Antes, é da Palavra que nasce a Igreja e é justamente pela fidelidade à Palavra que a Igreja de Cristo é reconhecida. (Veja-se: J. Calvino, As Institutas, I.7.1-2).

[48]Como exemplo, citamos Stanilaus Hosius (1504-1579) que considerava a Bíblia como “propriedade da Igreja Católica”          (Cf. Sudhoff, Hosius: In: Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictionary of Biblical, Historical, Doctrinal, and Practical Theology, Chicago: Funk & Wagnalls Publishers, (revised edition), 1887, v. 2, p. 1024). Escrevendo contra o reformador amigo de Lutero, Brentius [J. Brenz (1499-1570)], Hosius disse que “As Escrituras têm tão-somente a mesma força que as fábulas do Esopo, se destituída da autoridade da igreja” (Apud Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology, Phillipsburg, New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1992, v. 1, p. 86). Segundo citação de Turretin, Hosius “não hesitou em blasfemar ao dizer”: “Melhor seria para os interesses da igreja se jamais houvesse existido a Bíblia” (Apud Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology, v. 1, p. 57). Johann Maier von Eck (1486-1543), amigo e depois severo oponente de Lutero, escreveu em 1525 [?] que, “As Escrituras não são autênticas, exceto pela autoridade da igreja” (John Eck, Enchiridion of Commonplaces Against Luther and Other Enemies of the Church,  Grand Rapids, Michigan: Baker, 1979, I, p. 13). (Francis Turretin cita diversos outros pronunciamentos feitos por católicos a respeito deste assunto. Vejam-se: Institutes of Elenctic Theology, v. 1, p. 86; Kevin J. Vanhoozer, Autoridade Bíblica Pós-Reforma: resgatando os solas segundo a essência do Cristianismo Protestante puro e simples, São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 150). Notemos que aqui, nestas questões levantadas pelos católicos, não há uma negação da procedência das Escrituras, mas sim a afirmação da supremacia do subjetivo sobre o objetivo. Neste caso, a verdade não é o que é; ela é o que digo (no caso a Igreja Católica Romana) que ela seja.

[49] Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology, v. 1, p. 89.

[50] Ver: João Calvino, Exposição de Hebreus, (Hb 4.12), p. 110.

[51] João Calvino, As Institutas, II.2.19.

[52]Zuínglio (1484-1531) dissera textualmente: “Entendo a Escritura somente na maneira em que ela interpreta a si mesma pelo Espírito Santo. Isso não requer nenhuma opinião humana” (Apud Timothy George, Teologia dos Reformadores, p. 129. Vejam-se as p. 126-130. Calvino: “A verdade de Deus não depende da verdade do homem” (João Calvino, Romanos, 2. ed. São Paulo: Parakletos, 2001, (Rm 3.4), p. 111). Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, São Paulo: ASTE., 1988, p. 234ss.). Vejam-se: Tomás de Aquino, Súmula Contra os Gentios, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 8I), 1973, VI, p. 69; J. Calvino, As Institutas, I.9.3; D.M. Lloyd-Jones, Vida no Espírito, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991, p. 126ss.

[53]“Aqueles fanáticos que incorrem em erro sob o pretexto de terem a revelação do Espírito Santo” (João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 146).

[54] John Calvin, Commentary on the Book of the Prophet Isaiah, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, (Calvin’s  Commentaries), 1996, v. 8/4,  (Is 59.21), p. 271. “É o múnus peculiar do Espírito Santo nos ensinar de tal forma que a palavra que ouvimos tenha com isso sua posição e autêntica estima, e que dela tiremos proveito” (João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 146).

[55]Cf. William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004,  (Jo 17.20), p. 772.

[56]J. Calvino, As Institutas, I.7.4. Ver também, As Institutas, I.9.3.

[57]João Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.15), p. 98.

[58]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 3.6), p. 103. Vejam-se dois estudos de Murray sobre a posição de Calvino a respeito das Escrituras e de sua Autoridade. John Murray, Calvin’s Doctrine of Scripture  e  Calvin and the Authority of Scripture: In: John Murray, Calvin as Theologian and Expositor, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, (Collected Writings of John Murray, v. IV), 1976, p. 158-175 e 176-190. Também: A.D.R. Polman, Calvino y la Inspiracion de la Escritura: In: Jacob T. Hoogstra, compilador, Juan Calvino, Profeta Contemporáneo, Barcelona: CLIE., 1973, p. 99-114.

[59]Essa Confissão foi escrita por Calvino (1509-1564) e seu discípulo Antoine de la Roche Chandieu (De Chandieu) (1534-1591), provavelmente com a ajuda de T. Beza (1519-1605) e Pierre Viret (1511-1571).

[60] Do mesmo modo diz a Confissão Belga (1561), Art. 5.

[61] Paulo Anglada, A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras: In: Fides Reformata, São Paulo: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, 2/2 (1997), p. 124-125.

[62]Ver: J. Calvino, As Institutas, I.7.5.

[63] João Calvino, Exposição de Hebreus, (Hb 4.12), p. 108.

[64] João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.25), p. 109.

[65]João Calvino, O Livro dos Salmos, v. 3, (Sl 92.6), p. 465.

[66]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 3.3), p. 100. Veja-se: João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.25), p. 109.

[67] Veja-se: John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 125; Roland H. Bainton, Martin Lutero, 3. ed. México: Ediciones CUPSA., 1989, p. 391. Podemos dizer que na Reforma houve uma revitalização da Pregação Bíblica. A Palavra de Deus passou a ser pregada com ênfase e, a pregação a ser estudada, considerando-se a sua natureza e propósito. No período da Renascença e da Reforma houve diversas contribuições neste campo (Para uma amostragem destas, Veja-se: Vernon L. Stanfield, The History of Homiletics: In: Ralph G. Turnbull, ed. Baker’s Dictionary of Practical Theology, 7. ed. Michigan: Baker Book House, 1970, p. 52-53). Vejam-se: Segunda Confissão Helvética (1566), Capítulo I, Confissão Escocesa (1560), Capítulo XIX; Confissão Belga (1561), Artigo 5; Confissão de Westminster (1647), Capítulo I).

[68] John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 36.

[69] Frans Leonard Schalkwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630-1654), Recife, PE: Fundarte, (Coleção Pernambucana, 2. Fase, v. 25), 1986, p. 22,23. Ver também, p. 227,228.

[70]Marc Lienhard, Martin Lutero: tempo, vida e mensagem, São Leopoldo, RS.: Editora Sinodal, 1998, p. 97.

[71]Timothy George, Lendo as Escrituras com os reformadores: como a Bíblia assumiu o papel central na Reforma religiosa do século XVI, São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p.181.

[72] T.M. Lindsay, La Reforma en su Contexto Histórico, Barcelona: CLIE., (1985), p. 475.

[73] Timothy George, Lendo as Escrituras com os reformadores: como a Bíblia assumiu o papel central na Reforma religiosa do século XVI, São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p. 34.

[74] João Calvino, As Institutas, I.7.4.

[75] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Raízes da Teologia Contemporânea, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2018.

Autor: Hermisten Maia. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e Revisor: Vinicius Lima.