A oração é uma conversa com Deus

Entendo melhor este precioso meio de graça

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Um dos grandes temas da Reforma foi a ideia de que toda a vida deve ser vivida sob a autoridade de Deus, para a glória de Deus, na presença de Deus. A oração não é um solilóquio, um mero exercício de autoanálise terapêutica ou uma recitação religiosa. A oração é uma conversa com o próprio Deus pessoal. No ato e na dinâmica de orar, coloco toda a minha vida sob o olhar de Deus. Sim, Ele sabe o que está em minha mente, mas tenho o privilégio de articular para Ele o que está lá. Ele diz: “Venha. Fale comigo. Manifeste para mim os seus pedidos.” Portanto, vamos à oração para conhecer a Deus e sermos conhecidos por Ele.

Há algo errado na pergunta “se Deus sabe tudo, por que devemos orar?” A pergunta supõe que a oração é unidimensional e é definida apenas como súplica ou intercessão. Pelo contrário, a oração é multidimensional. A soberania de Deus não anula a oração de adoração. A presciência ou conselho determinativo de Deus não nega a oração de louvor. A única coisa que ela deveria nos dar é maior razão para expressarmos nossa adoração por quem Deus é. Se Ele sabe o que vou dizer antes que eu o diga, Seu conhecimento, em vez de limitar minha oração, aprimora a beleza de meu louvor.

Minha esposa e eu somos tão próximos quanto duas pessoas podem ser. Com frequência, sei o que ela vai dizer antes que o diga. O contrário também é verdade. Se isso é verdadeiro em relação ao homem, quanto mais verdadeiro é em relação a Deus? Temos o incomparável privilégio de compartilhar nossos pensamentos mais íntimos com Deus. É claro que poderíamos simplesmente ir aos nossos lugares de oração, permitir que Deus lesse nossa mente e chamar isso de oração. Mas isso não é comunhão e, com certeza, não é comunicação.

Somos criaturas que se comunicam primariamente por meio da fala. Oração falada é obviamente uma forma de diálogo, uma maneira de nos comunicarmos e termos comunhão com Deus. Há um sentido em que a soberania de Deus deve influenciar nossa atitude para com a oração, pelo menos no que diz respeito à adoração. Nosso entendimento da soberania de Deus deveria provocar em nós uma intensa vida de oração de ação de graças. Por causa desse conhecimento, devemos ver cada benefício, cada bem e cada dom perfeito como uma expressão da abundância da graça de Deus. Quanto mais entendemos a soberania de Deus, mais nossas orações serão cheias de ações de graça.

De que maneira a soberania de Deus afeta “negativamente” a oração de contrição, de confissão? Talvez poderíamos chegar à conclusão de que nosso pecado é, em última análise, responsabilidade de Deus e de que nossa confissão é uma acusação de culpa contra Ele. Todo verdadeiro cristão sabe que não pode culpar Deus por seu pecado. Posso não entender a relação entre a soberania divina e a responsabilidade humana, mas compreendo realmente que o que procede da iniquidade de meu coração não pode ser atribuído à vontade de Deus. Então, temos de orar porque somos culpados, e rogar o perdão a quem ofendemos: Aquele que é santo.

 

Nota do editor: Este post é um trecho do livro A oração muda as coisas? da Série Questões Cruciais, publicada pela Editora Fiel (2018).

Por: R.C. Sproul. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Oração: uma conversa com Deus | Traduzido por João Costa. Revisão por Renata Gandolfo. Editor: Vinicius Lima.