Poder e pureza (Mateus 17.1-2)

 

Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. (Mateus 17.1-2)

 

Como John Lennon e Paul McCartney sugeriram uma vez, há lugares dos quais nos lembraremos por toda a nossa vida.[1] Certamente Pedro, Tiago e João considerariam esse monte, onde viram a transfiguração de Cristo, como um desses lugares. Sem dúvidas, Pedro nunca se esqueceu (2Pe 1.17-18).

O que estava envolvido na transfiguração? Para início de conversa, ela mudou a aparência de Jesus. Sua face “resplandeceu”. Claramente isso não foi uma questão de limpeza, mas de transformação sobrenatural. Havia um brilho radiante em sua face, que Mateus pôde descrever apenas como “como o sol”. Suas roupas eram tão brancas, que cegavam — mais brancas do que você ou eu jamais vimos —, o que significava a pureza incomparável do céu.

Uma das maneiras como o Antigo Testamento descreve a Deus é que se cobre “de luz como de um manto” (Sl 104.2). E foi assim que Jesus se parecia no topo do seu monte. Quem faz algo assim? Somente Deus! Não era coincidência, mas uma pista de que a transfiguração era uma revelação não apenas vinda de Deus, mas a respeito do próprio Deus. Nessa cena, Cristo se revela como Deus de uma maneira sem precedentes. A Escritura nos conta que Jesus é “o resplendor da glória [de Deus]” (Hb 1.3). Contudo, quando ele entrou em nosso mundo, a glória de Deus estava coberta na humilde humanidade de Cristo. A transfiguração foi aquilo a que João Calvino se referiu como “uma exibição temporária de sua glória”.[2] Foi um pequeno subir das cortinas — uma pequena amostra no monte e na mente dos três discípulos. Deus estava tornando possível para Pedro, Tiago e João terem uma prova do que eles não podiam ainda compreender plenamente, mas que um dia iriam desfrutar pela eternidade.

Na Escritura, quando há uma exibição da majestade de Deus, as pessoas costumam reagir caindo com a face no chão. Os discípulos não eram diferentes, respondendo com terror. Mas Jesus graciosamente lhes disse: “Erguei-vos e não temais” (Mt 17.7).

Será que você e eu nos aproximamos de Cristo com admiração similar à sua perfeita santidade e transcendência? Ou existe a possibilidade de que nossa visão de Deus às vezes seja muito pequena? Venha a ele de tal forma que você se encontre com a face no chão ao considerar o poder e a pureza de Cristo. Então ouça-o, em sua misericórdia, dizer: Levante-se. Você não precisa temer. Essa é a maneira de viver em admiração e alegria hoje e todos os dias, até que você veja, por si mesmo, o glorioso Senhor.

 

Aprofunde sua devoção a Deus em fiel.in/devocional


[1] John Lennon e Paul McCartney, “In My Life” (1965).

[2] Commentary on the Harmony of the Evangelists Matthew, Mark, and Luke, trad. William Pringle (Calvin Translation Society, 1845), Vol. 2, p. 347. Publicado no Brasil em português pela Editora Fiel, Harmonia dos Evangelhos.