Um blog do Ministério Fiel
A História do Inferno: 1700 d.C.
O que os cristãos creram a respeito do inferno ao longo da história?
Após uma introdução das três principais visões sobre o inferno, apresentamos aqui grandes nomes da história e o que defendiam sobre o assunto. (acesse a introdução para ver o índice)
Isaac Watts (1674-1748)
Watts, o escritor de hinos, sustentava a tradicional visão do inferno como um lugar eterno de tormento para o pecador, e retratou tal visão com freqüência em sua poesia. Watts escreveu muitos hinos que focavam em Deus como soberano e majestoso, inclusive em sua justa condenação dos pecadores, uma condenação para a qual os salvos olham do céu com alegria:
Tua mão há de sobre rebeldes reis
Uma tempestade de fogo espalhar,
Enquanto nós, debaixo de Tuas asas protetoras
Havemos de Tua justa vingança adorar.
As suas Canções divinas e morais para crianças constituem um dos primeiros hinários escritos especificamente com crianças em mente (entre elas consta um dos seus mais famosos hinos acerca da soberania de Deus, Eu canto a força onipotente de Deus), e muitos dos hinos ali encontrados lembram àquelas crianças do seu potencial para a condenação.
Assim como Edwards, Watts frequentemente usava o temor do inferno como um fator de motivação para encorajar os seus ouvintes a se arrependerem. Em um de seus mais conhecidos hinos das Canções divinas e morais, acham-se os seguintes versos:
Existe além do firmamento
Um céu de alegria e amor;
E crianças santas, quando morrem,
Vão para aquele mundo superior.
Existe um inferno terrível,
E dores que não têm fim:
Lá, os pecadores habitam com demônios
Em escuridão, fogo e cadeias.
Pode um miserável como eu
Escapar desse maldito destino?
E posso esperar que, ao morrer,
Eu hei de ascender ao céu?
Então, eu irei ler e orar,
Enquanto tiver vida e fôlego,
A fim de que eu não seja arrancado hoje
E enviado para a morte eterna.
Outros hinos apontavam a ameaça do inferno como a recompensa por amaldiçoar e blasfemar contra Deus, ofender outros, deixar-se influenciar por “crianças pecadoras”, mentir, tornar-se obstinado em pecar, e conformar-se a “modas de ímpios” ao invés de permanecer firme pela verdade.
William Law (1686-1761)
Law é principalmente conhecido por sua obra Um sério chamado a uma vida devota e santa, um chamado para uma vida moral e focada inteiramente em Deus. A obra exerceu grande influência sobre os líderes religiosos e culturais de seu tempo, de John Wesley a William Wilberforce, a Samuel Johnson e a Edward Gibbon (a cujos filhos Law serviu por dez anos como professor. Gibbon tinha aversão à religião, mas respeitava Law). Embora seu foco sempre fosse a “religião do coração”, seus últimos escritos, sob a influência do místico Jacob Boehme, tornaram-se mais místicos e especulativos à medida que ele procurava explicar as idéias de Boehme a uma audiência leiga.
Law era um universalista que via a punição e o amor de Deus como dois lados de uma mesma moeda, ambos direcionados ao propósito final de eliminar do mundo o pecado e a morte: “E, se longas e longas eras de dor ardente e tormentosa escuridão serão dadas como a porção de muitos, ou a maioria das criaturas apóstatas de Deus, essas eras só durarão até que o grande fogo de Deus tenha derretido toda arrogância em humildade, e tudo o que é do Eu tenha morrido nas longas agonias e no suor ensangüentado de um Deus perdido, que é aquela todo-salvadora cruz de Cristo, a qual nunca perderá o seu poder redentor, até que o pecado e os pecadores não mais tenham um nome entre as criaturas de Deus”.
Jonathan Edwards (1703-1758)
Parte da visão de Edwards acerca do inferno encontra-se gravada na mente de todo estudante de ensino médio ou superior que tenha alguma vez lido o seu sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado (“O Deus que segura você sobre a cova do inferno, assim como alguém que segura uma aranha ou outro inseto asqueroso sobre o fogo, abomina você e está terrivelmente afrontado…”). Certamente, Edwards sustentava as doutrinas tradicionais concernentes à existência do inferno, os seus tormentos e a sua duração infinita. Ele também cria que o nosso destino eterno é decidido nesta vida; mudança e crescimento podem ocorrer nos céus, mas o inferno é um lugar de punição, não de purificação ou purgação.
As suas vívidas visões, porém, eram pregadas em um contexto mais amplo, no qual ele inculcava em seus ouvintes as glórias do céu, a majestade de Deus e de sua justiça, e a necessidade de escapar dos tormentos do inferno:
“E agora você tem uma oportunidade extraordinária, um dia no qual Cristo tem mantido a porta da misericórdia bem aberta, e permanece chamando e clamando em alta voz para que venham os pobres pecadores; um dia no qual muitos estão sendo ajuntados em Seu rebanho, e recrutados no reino de Deus. Muitos estão diariamente vindo do leste, oeste, norte e sul; muitos, que estiveram por muito tempo na mesma condição miserável em que você se encontra, estão agora em um feliz estado, com seus corações cheios de amor por Aquele que os amou e os lavou de seus pecados em seu próprio sangue, e se regozijando na esperança da glória de Deus.
Que coisa terrível é ser deixado para trás num dia como este! Ver tantos outros se banqueteando, enquanto você está preso e perecendo! Ver tantos se regozijando e cantando com alegria de coração, enquanto você tem motivo para lamentar com tristeza de coração, e urrar com agonia de espírito! Como você pode descansar um minuto sequer em tal condição? Não é a sua alma tão preciosa quanto as almas do povo de Suffield, onde pessoas estão dia a dia se ajuntando a Cristo?”
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Tradução: voltemosaoevangelho.com
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