Thomas Watson – Uma Exortação Para Amar a Deus [2/6]

O Voltemos ao Evangelho está traduzindo o livro Um Tônico Divino, do puritano Thomas Watson. Confira os capítulos já traduzidos:

  1. As melhores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5]
  2. As piores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8]
  3. Por que todas as coisas cooperam para o bem do homem piedoso? [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
  4. Sobre o Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
  5. Os Testes do Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6]
  6. Uma Exortação Para Amar a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6]

1. Uma exortação (cont.)

(6) Deus deseja o nosso amor. Nós perdemos a nossa beleza e manchamos a nossa linhagem, mas, ainda assim, o Rei dos céus deseja casar-se conosco. O que há em nosso amor para que Deus houvesse de buscá-lo? Por que Deus tem prazer no nosso amor? Ele não precisa de nosso amor, Ele é infinitamente feliz em Si mesmo. Se nós negamos a Ele o nosso amor, Ele tem criaturas mais sublimes que rendem o alegre tributo de louvor a Ele. Deus não precisa do nosso amor, mas, ainda assim, Ele o busca.

(7) Deus merece o nosso amor, pois como Ele nos ama! Nossas afeições deveriam ser incendiadas no fogo do amor de Deus. Que milagre de amor é este, que Deus houvesse de nos amar quando não havia nada de amável em nós! “Passando eu por junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue e te disse: Ainda que estás no teu sangue, vive; sim, ainda que estás no teu sangue, vive” (Ez 16.6). Quando nós tínhamos aversão a Deus, Ele tinha amor por nós. Havia em nós motivos para provocar fúria, mas não para despertar o amor. Que amor acima de todo entendimento é este, que entregou Cristo a nós! Que levou Cristo a morrer pelos pecadores! Deus deixou todos os anjos no céu admirados diante desse amor. Agostinho diz: “A cruz é um púlpito, e a lição que nela Cristo pregou foi o amor”.

Oh, o vivo amor do Salvador que morreu! Penso que posso ver Cristo, sobre a cruz, sangrando por toda parte! Penso que posso ouvi-Lo dizer a nós: “Aproximem as mãos de vocês. Ponham-nas sobre o Meu lado. Sintam o meu coração sangrar. Vejam se eu de fato não amo vocês. E acaso não concederão vocês o seu amor a mim? Amarão vocês o mundo mais do que a mim? Acaso o mundo aplacou a ira de Deus por vocês? Não fui eu quem fez tudo isso? E acaso vocês não me amarão?” É natural amar aqueles que nos amam. Havendo Cristo escrito para nós uma história de amor, e isso com Seu próprio sangue, que nós labutemos para também escrever-lhe uma semelhante história e para imitá-Lo em Seu amor.

(8) O amor a Deus é o melhor amor-próprio. É amor-próprio ter a nossa alma salva; ao amarmos a Deus, nós desenvolvemos a nossa própria salvação. “Aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1Jo 4.16). E esse homem, o qual ama a Deus, tem a certeza de que permanecerá com Deus nos céus, pois Deus permanece em seu coração. Portanto, amar a Deus é a mais verdadeira manifestação de amor-próprio; aquele que não ama a Deus não ama a si mesmo.

(9) O amor a Deus evidencia a sinceridade. “Os retos te amam” (Ct 1.4, ARC). Muitos dos filhos de Deus temem ser hipócritas. Você ama a Deus? Quando Pedro estava abatido pelo senso do seu pecado, ele pensava ser indigno de que Cristo novamente o notasse, ou de que Cristo voltasse a empregá-lo na obra do seu apostolado. Agora, veja como Cristo age para confortá-lo. “Simão, filho de João, tu me amas?” (Jo 21.16). É como se Cristo lhe houvesse dito: “Embora você tenha me negado por medo, se você for capaz de dizer do seu coração que Me ama, então você é sincero e reto”. Amar a Deus é um melhor sinal de sinceridade do que ter medo Dele. Os israelitas tinham medo da justiça de Deus. “Quando os fazia morrer, então, o buscavam; arrependidos, procuravam a Deus” (Sl 78.34). Mas o que tudo aquilo significava? “Todavia, lisonjeavam-no com a boca e com a língua lhe mentiam. Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis ao seu concerto” (v. 36-37, ARC). Esse tipo de arrependimento não é melhor do que bajulação, a qual é proferida apenas por causa do medo dos juízos de Deus, e não é acompanhada por sequer um pouco de amor. O amor a Deus é a evidência de que Deus possui o nosso coração; e, se o nosso coração for Dele, Ele governará todo o resto.

(10) Pelo nosso amor a Deus, nós podemos concluir o amor de Deus por nós. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). Oh, diz a alma, se eu tivesse certeza de que Deus me ama, então eu poderia me alegrar! Ora, você ama a Deus? Então você pode ter certeza do amor de Deus por você. Pense numa criança brincando de fazer fogo com uma lupa; se ela consegue fazer fogo, é porque primeiro o sol brilhou sobre a lupa, do contrário ela não queimaria. Assim, se nossos corações queimam de amor por Deus, é porque primeiro o amor de Deus brilhou sobre nós, do contrário nós jamais poderíamos queimar de amor. O nosso amor não é outra coisa, senão o reflexo do amor de Deus.

Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas Watson

Tradução: voltemosaoevangelho.com

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