Irmãos, sobrenatural não significa estúpido

Se alguém lê meu último post, “Irmãos, o Ministério é Sobrenatural” (não profissional), e diz: “Então você acha que não importa se cantamos desafinados, pregamos de forma incompetente e não oferecemos estacionamento?”, minha resposta é: “Isso é apenas estupidez”.

Importa se você pensa que a única alternativa para mal feito é “profissional”. Se a única maneira que você tem para estimular a excelência em sua igreja é estimular o “profissionalismo”, eu diria que você precisa de um vocabulário maior.

A bagagem agregada à palavra “profissionalismo” não ajuda se estamos tentando ser um povo sobrenatural de Deus. E é isso que queremos ser: O Corpo de Cristo, raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade particular de Deus, templo do Espírito Santo, família de Deus, santos, chamados, Caminho, noiva de Cristo, e mais. Não é conveniente querer ser uma noiva profissional.

Onde a Busca Começa

Então, quando renuncio a busca por profissionalismo, isso significa que não aspiro por excelência? Não. Mas, de fato, eu começo minha busca por excelência na minha busca por excelente perdão. Excelente misericórdia. Excelente paciência. Excelente gentileza. Excelente humildade. Excelente autocontrole. Excelente andar de acordo com o evangelho (Gálatas 2.14).

É isso que Paulo tinha em mente quando nos disse para imitar o infinitamente excelente Deus. “Sejam imitadores de Deus… e andem em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós” (Efésios 5.1-2). Não sei se Jesus cantava afinado ou se sua túnica não tinha nenhum vinco, mas sei que suas habilidades em devolver o mal com o bem eram indescritivelmente belas.

A Busca Se Estende

Então Paulo estende a busca: “tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4.8). Assim, depois que nossos corações tiverem passado por uma renovação do evangelho, o próximo cômodo a ser reformado é a nossa mente: Pense nessas coisas excelentes. Preencha sua mente com excelência. Beleza. Justiça. Pureza. Honra.

A próxima coisa que sai da boca de Paulo é a seguinte: “Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim” (Filipenses 4.9). Assim, o coração renovado pelo evangelho e a mente reformada pela excelência “põe em prática essas coisas”. Importa como as coisas são feitas. Em casa. Na igreja. Em qualquer lugar. Nós “praticamos” excelência.

Temperado com Missão

Então devemos construir edifícios esplendorosos? Talvez. Mas não muitos. A prioridade colocada na opulência dos templos e palácios no Antigo Testamento pertencia a uma era da religião do tipo “venha-e-veja”. Como a rainha de Sabá que veio a Israel e ficou impressionada diante da riqueza de Salomão (1 Reis 10.5). Mas o Novo Testamento não tem nenhuma ênfase na opulência, porque é mais uma religião do tipo “vá-e-conte”. O impulso missionário domina o impulso doméstico. Somos peregrinos. Somos enviados. “Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra” (Lucas 9.3). Esse dito não é normativo para todas as missões, mas ele tempera tudo.

Então a busca por excelência está sempre temperada por uma mentalidade orientada a missões com uma inclinação em direção à simplicidade. É uma inclinação, não algo absoluto. Talvez haja lugar para uma catedral aqui e ali. Mas o povo de Deus não se inclinará a morar em palácios. E a vasta obra do reino acontecerá principalmente em locais sem sofisticação.

Excelência Discreta

Mas e a maneira que fazemos as coisas? E a música, por exemplo? Lembramos do salmista dizendo: “Glória e majestade estão diante dele, força e formosura, no seu santuário” (Salmos 96.6). “Cantem-lhe uma nova canção; toquem com habilidade ao aclamá-lo” (Salmos 33.3). Formosura. Com habilidade. Isso significa de forma profissional? Em todo o meu ministério pastoral, nunca orei para a adoração ser feita profissionalmente.

A categoria que consideramos mais útil se chama “excelência discreta”. O adjetivo “discreta” significa que a qualidade do ato deve ajudar, e não impedir, o objetivo espiritual do ministério. Liderar adoradores tem como objetivo, pelo poder do Espírito de Deus (1 Pedro 4.11), despertar a atenção da mente e as afeições do coração para a verdade e beleza de Deus e do evangelho. O modo de cantar e tocar um instrumento que ajuda isso acontecer não é bem descrito como “profissional”.

Procurando por um Milagre

Mas “excelência discreta” nos ajuda a chegar ao problema. Ela nos lembra que pessoas são distraídas não apenas por música de qualidade ruim, mas também pela ostentação da sutileza musical. Adoração comunitária não é um recital. O santuário não é uma sala de orquestra. O grito de “Bravíssimo!” para uma virtuosa performance (o que pode ser totalmente apropriado em uma sala de concerto) tem o foco oposto daquilo que estamos procurando para a manhã de domingo. Estamos procurando o milagre da comunhão com Deus.

O mesmo se aplica à pregação. De um lado, presbíteros devem ser “aptos para ensinar” (1 Timóteo 3.2). Dotados. Hábeis. Capazes. Eficazes. Por outro lado, existe um tipo de oratória suave e fácil, e um tipo de casualidade bacana, sábia, “antenada” e até mesmo estudada que pode causar tanta distração da presença de Deus quanto o embaraço autoconsciente do principiante nervoso.

Espiritual Não Significa Má Qualidade

Excelência discreta significa que o conteúdo, linguagem, tom de voz, gesticulação e conduta servirão aos objetivos espirituais da mensagem: o despertamento do morto e a edificação da fé nos santos pelo poder de Deus. Não há um levantar profissional dos mortos. E nenhuma edificação profissional do templo da alma.

Portanto, irmãos, nós (ainda) não somos profissionais. Nosso objetivo é sobrenatural. Portanto, nossos meios são definidos e moldados pelo Espírito de Deus. A excelência que buscamos serve a comunhão espiritual com Deus. Ela não causa distração. Mas espiritual não significa má qualidade. E sobrenatural não significa estúpido.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Brothers, Supernatural Does Not Mean Stupid.

Original: Irmãos, sobrenatural não significa estúpido. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.