Conselhos para aqueles que desejam trabalhar com os pobres

Essa é uma questão popular quando falo em igrejas ou com aqueles que têm interesse em ministérios de misericórdia ou questões de justiça social. Aqui está minha própria resposta pessoal à questão:

  1. A pessoa é salva? Em outras palavras, as pessoas creram e compreenderam o evangelho salvífico de Jesus Cristo e agora estão produzindo frutos conforme o arrependimento genuíno? Nós temos conhecido mais de uma pessoa que se uniu a nós, da qual se pensava que era salva e, de fato, evidenciou-se que não era. Isso é importante. Eu não vejo problema em desafiar uma pessoa de acordo com 2 Coríntios 5.13: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”.
  2. Eu preciso verificar as motivações do coração. Por que essa pessoa/casal/igreja quer se envolver nesse tipo de ministério? Qual é a sua principal motivação? Recebemos muitas solicitações a 20schemes de pessoas que sentem ser particularmente adequadas para o nosso ministério, porque foram abusadas ​​sexualmente no passado ou porque sentem uma grande preocupação pelos pobres. Não me entenda mal, essas coisas não excluem uma pessoa do nosso tipo de ministério (e, às vezes, podem ser um auxílio). Mas eu preciso verificar se o motivo principal é centrado em Deus, não centrado em outra pessoa e, certamente, não centrado em mim. Trabalhar nesse campo é muito difícil física, emocional e espiritualmente. As pessoas decepcionam você. Decepcionamos a nós mesmos. A única pessoa que nos capacita, guia, dirige e ajuda a perseverar é Deus por meio do seu Espírito. Se a nossa motivação final for honrá-lo e agradá-lo, então é mais provável que tenhamos sucesso diante de (múltiplas) dificuldades e decepções.
  3. A pessoa compreende a natureza do homem: (1) ser feito à imagem de Deus e (2) sua depravação total? Em outras palavras, elas entendem que todas as pessoas são feitas à imagem de Deus e, portanto, são intrinsecamente valiosas e amadas por ele? Por outro lado, entendem que elas também são pecaminosas, rebeldes obstinadas contra o nosso Deus Santo? Mark Dever chama essas duas verdades de “duas barreiras de proteção do cristão” ao pensar sobre o trabalho nesse campo. Uma guarda contra a insensibilidade e a outra contra o romantismo. A doutrina do homem é muito importante em nosso ministério.
  4. As pessoas compreendem como aplicar o evangelho de Jesus Cristo? Eu já tentei confirmar a própria fé dessas pessoas e, então, depois de ter compreendido o evangelho pessoalmente, havendo verificado a motivação do seu coração e tendo entendido algo sobre a natureza da raça humana, permanece a questão de se elas seriam capazes de aplicar isso aos outros de forma significativa. Nós poderíamos pensar que isso é tão óbvio que não precisaria ser dito. Mas, infelizmente, precisa. Repetidamente. Verdadeiros cristãos nascidos de novo pensam que os pobres precisam de amor, amor, amor e nada mais. Vamos amá-los para o reino. Em grande medida, porque ninguém se preocupou em trabalhar os passos 1 a 3 com essas pessoas em qualquer detalhe. Essas são pessoas boas, decentes e bem intencionadas, mas o que os pobres precisam é do evangelho salvífico de Jesus Cristo. Eles necessitam entender a sua situação diante de um Deus santo. Eles necessitam compreender o seu valor para Deus. Eles necessitam entender sua condição como pecadores. Eles necessitam compreender o resultado dessa condição tanto nesta terra quanto na eternidade. Eles necessitam ser apresentados às boas novas de Jesus, como em 1 Coríntios 15.1-5. Então, nós devemos orar sinceramente pela sua salvação.
  5. As pessoas são membros ativos da sua igreja local? Novamente, temos muitas pessoas inconstantes se aproximando de nós em nosso ministério. Elas decidiram por impulso que desejam ajudar os pobres ou estão cansados de sua própria igreja e sua (notória) indiferença aos problemas de justiça social. Elas ouviram falar sobre nós e, assim, querem colaborar. Nós precisamos verificar todas e quaisquer referências antes de permitir que qualquer pessoa entre nesse tipo (qualquer tipo) de ministério. Assim, as pessoas podem ser ignoradas nesse campo. As comunidades e áreas pobres estão cheias de “trabalhadores” de todos os tipos sem nenhum vínculo real com a igreja. Na verdade, muitos deles não gostam da igreja. Eles mal têm um entendimento do evangelho e não têm nenhuma responsabilidade para com a liderança de uma igreja. Mesmo que as pessoas sejam salvas, eles incorrem em problemas de discipulado, pois não têm onde levá-las para adorar e os novos convertidos acabam com visões distorcidas da Bíblia, de Deus e da igreja. Torna-se uma bagunça. Se as pessoas não podem se submeter à autoridade bíblica, então não pode ser permitido que elas façam o mesmo na vida daqueles que buscam evangelizar e discipular.
  6. Preciso encorajar as pessoas a se envolverem nesse ministério em todas as formas. Eu acho que não é apenas necessário, mas também honroso a Deus que os cristãos se envolvam no ministério aos pobres e oprimidos em todas as esferas da sociedade, e não apenas na igreja local.

Por fim, o que acontece com aqueles que trabalham nessas áreas que não são especificamente cristãos, como assistentes sociais ou grupos de interesse específico etc? Novamente, eu diria que esses princípios ainda se aplicam, mesmo se não somos tão ativos em envolver as pessoas espiritualmente como somos em um trabalho da igreja. A diretriz de número 3 é de especial ajuda para aqueles envolvidos em trabalhos que lidam com o terror e confusão da vida no campo. Para o assistente social, isso pode não responder à pergunta sobre como pode um pai abusar sexualmente dos seus filhos mais novos, mas oferece uma visão de mundo pela qual podemos examinar e entender a depravação mais biblicamente. Também nos permite, em nossa repugnância, manter a esperança de que mesmo uma pessoa tão miserável é feita à imagem de Deus e é espiritualmente redimível.

Há mais a ser dito sobre esse tema. Todos os comentários (úteis) são bem-vindos a essa discussão.

Por: Mez McConnell. © 20schemes. Website: 20schemes.com. Traduzido com permissão. Fonte: How Should You Advise Somebody Who Wants To Work With The Poor?

Original: Conselhos para aqueles que desejam trabalhar com os pobres. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva.