Com que roupa eu vou?

Quem nunca se pegou em frente ao seu guarda-roupa pensando “Não tenho nada pra vestir! Preciso de roupas novas! Cansei destas peças!”? Ou quem nunca sonhou em frente a TV, desejando participar daqueles shows de transformação de estilo, com profissionais do ramo da moda que mudam seu guarda roupa, maquiagem, cabelo… quem nunca?

Então, já pensaram se esta nossa vontade de mudança fosse refletida em nosso interior? Vontade ansiosa de colocar pra fora do armário tudo o que não te representa mais, todos aqueles costumes que não te servem mais. Pois lhes digo que esta deveria ser a nossa vontade a partir do momento que somos remidas por Cristo, colocar fora tudo o que representa o velho eu.

Paulo escreve exortando os Efésios para que não sejam mais como os gentios, pois eles aprenderam um novo modo de viver em Cristo:

Efésios 4.17-24

17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,

18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,

19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.

20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,

21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus,

22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,

23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,

24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.

1. O que não vestir

No verso 17, quando Paulo exorta os Efésios para que ajam reverentemente de acordo com a justa vontade de Deus. Eles precisariam ter uma vida diferente, agora que se tornaram discípulos de Cristo. E ele lhes dá uma lista de como os ímpios agem.

E nós? Será que agimos como ímpios?

Os ímpios são vaidosos em seus próprios pensamentos e se enganam achando que vão encontrar felicidade longe de Deus. E não pense que isto não acontece com você e comigo, pois as concupiscências do engano (vs 22), os desejos desenfreados, desmedidos e enganosos estão mais próximos de nós do que pensamos. Por muitas vezes nós caímos nestas mentiras e as tomamos por verdades, em:

Emprego

Há mulheres que acham que precisam de um emprego fora de casa, e que somente assim elas terão seu papel na sociedade e serão propriamente valorizadas. Elas precisam se levantar logo cedo, se maquiar, colocar seus saltos e sair mundo afora, pois somente assim elas se sentirão “alguém”. Elas creem que somente assim elas farão algo de importante e relevante neste mundo. Vejam, não estou dizendo que é errado mulher trabalhar fora de casa, mas se é esta a fonte do seu contentamento, então é pecaminoso, pois não é isto que vai definir ou valorizar a mulher.

Compras

Outras creem que ter coisas, roupas, sapatos, etc, é muito importante, então elas compram, adquirem, gastam mesmo sem precisar. São movidas pela vaidade e temor de homens. Pois pensam que sem “ter” elas não “são ninguém”.

Relacionamentos impuros:

Às vezes parece que na igreja o mar não está para peixe. Os homens são escassos, desinteressantes, e às vezes nem são tão “homens” quanto gostaríamos que fossem. Então, o que a moça solteira faz? Vai pescar em outro aquário, no oceano aí de fora, ou seja, no mundo. Namoro missionário (jugo desigual) não é recomendado em nenhum lugar na Bíblia, portanto cuidado com mais este engano.

Poderíamos aqui pensar em muitos outros exemplos de como nós podemos cair na tentação de ir atrás de nossos próprios pensamentos vaidosos e de “correr atrás do vento”. Portanto, peça ao Senhor que lhe ajude a identificar enganos em sua vida que você tem tomado por verdades.

O verso 18 fala de os gentios estarem obscurecidos de entendimento, que é o mesmo que uma cegueira espiritual (não é uma deficiência visual), é uma falta de capacidade de raciocinar equilibradamente. Geralmente o homem que é cego espiritualmente é incapacidade de perceber sua cegueira, não percebe que “ele habita nas trevas e as próprias trevas também habitam nele” (Willian Hendriksen).

Infelizmente por mais que estas pessoas se julguem do bem e próximas de Deus, na verdade elas estão afastadas, alienadas do Senhor, mortas em seus delitos e pecados. Além disto, a falta de sensibilidade do coração faz com elas permaneçam na carne e se entreguem aos seus próprios prazeres desenfreadamente com avidez, sem limite (vs 19).

Estes homens e mulheres, em Éfeso, não faziam esforço para sufocar seus desejos, não tinham domínio próprio sobre seus vícios e pecados. Estavam sempre desejando mais, muito mais além do que lhes era devido e apropriado.

Conseguem pensar em exemplos atuais? Exemplos de exibicionismo, lascívia e imoralidade que são publicados sem vergonha, sem receio nas redes sociais, para que muitos curtam e apreciem? Exibicionismo, lascívia e imoralidade aconteciam naquela época entre os gentios (Éfeso, Sodoma e Gomorra) e acontecem hoje também (até entre os crentes), porém não podem permanecer em nosso meio. Nós que somos de Cristo não podemos aprovar este tipo de comportamento, ele tem de ser despido, despojado, não pode ficar em nosso guarda-roupa, pois o velho homem nascido de Adão foi crucificado com Cristo e não podemos mais servir ao pecado como escravos (Rm 6.6).

As características dos gentios que Paulo lista neste texto, tem a finalidade de mostrar a condição miserável que eles se encontravam, a fim de incitar uma mudança de disposição naqueles que são nascidos de novo.

Pois, assim como os crentes de Éfeso, Cristo passou a ser o principal sujeito em nossas vidas, ele passou a ser a verdade que nos guia (ele mesmo diz em João 14.6 “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.”) então, deste ponto em diante, temos que andar em novidade de vida, tirando do nosso guarda-roupa as peças que não nos representam mais como cristãs, experimentando arrependimento de nossos pecados e renunciando nossa natureza corrupta.

Aquele que conhece a Cristo, mas tem uma vida semelhante aos incrédulos, nada aprendeu do Senhor, pois conhecer a Cristo está intimamente ligado à mortificação da carne (Calvino).

2. Siga as dicas do Personal Stylist

Lembram que eu mencionei os profissionais de moda que são especialistas em transformar as pessoas? Pois é, hoje em dia os Personal Stylists estão em alta. Eles analisam que cores ficam melhores com seu tom de pele, que corte de roupa combina com o formato do seu corpo, seu tipo de cabelo, etc. Eles montam um guarda roupa coordenado com um catálogo de fotos dos looks que você pode consultar para montar as combinações, assim você sai sempre bem vestida, com tudo combinando.

Aqui o apóstolo Paulo é nosso Personal Stylist, nos apontando o que tirar do guarda roupa e o que incluir nele.

Não adianta apenas despir-se do velho, pois ao mesmo tempo em que o velho tem de ser despojado e rejeitado, há um novo que tem de ser revestido. Uma nova mulher segundo o padrão de santidade e pureza de Deus, uma nova mulher que é procedente da verdade, criada por Deus em justiça e retidão (vs 24). A nova mulher espelha a Cristo.

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. (Cl 3.12)

Em contraste com os gentios que são obscurecidos em seus entendimentos, crentes precisam fugir da futilidade de seus pensamentos e ter uma nova atitude em suas mentes. Isto pode dizer muito a respeito de como utilizamos nosso tempo diariamente, como falamos com aqueles mais próximos, como servimos, como honramos ao Senhor com nossas roupas externas e conversas, etc.

3. Com que roupa eu vou então?

Somos agora iluminadas pela doutrina da salvação. Não somos mais ignorantes quanto a Deus, quanto a sua criação, quanto a tudo o que ele fez por nós. Pois temos agora a verdade habitando em nós. Portanto, os nossos frutos precisam ser diferentes agora que temos o Espírito de Deus habitando em nós.

Em Gálatas 5.22, 23 Paulo escreve sobre o Fruto do Espírito:

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.”

Este é o fruto que temos que produzir revestidas da nova mulher com uma nova mente.

E em Filipenses 4.8, o apóstolo nos dá uma lista que nos ajuda a preencher nossas mentes com o que é santo:

“Finalmente irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”

Porém, a santificação, que é este processo de limpeza e mudança, não é algo que acontece 100% de uma vez, é algo que acontece progressivamente. Nós não estamos mais sob as amarras do pecado, ele não nos domina mais. Mas, ainda vivemos em um mundo corrompido, sofrendo as consequências que a queda trouxe sobre todos nós.

“Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.” Salmo 40.2

Já ouvi várias vezes que, primeiro Deus nos tira da lama, depois ele começa a tirar a lama de dentro de nós. Este é o processo de santificação.

Nossa santificação tem de gerar mentes que aprendem em Cristo (vs 20) como servir e amar, como ser submissa e conselheira, e como ser auxiliadora e entusiasta. Isto temos que fazer com aqueles os quais Deus colocou em nossas vidas para cuidarmos e apoiarmos (pais, filhos, esposos, irmãs e irmãos na fé). Isto pode ser considerado como uma renovação do espírito do nosso entendimento (vs 23), ter uma mente que aprende em Cristo e o tem como seu modelo.

Deus é quem nos dá uma nova roupa que espelha o caráter de Cristo, a certeza de uma renovação satisfatória, uma vida de contentamento pleno, pois, em Cristo somos novas criaturas (2Co 5.17), nascidas de novo.

Em Cristo somos RENOVADAS! Temos uma nova mente, novas vestes e podemos nos alegrar nesta certeza, não por sermos fortes, invencíveis e empoderadas (como o mundo prega aí fora!), mas porque nosso Deus não mente, ele é um Deus reto, justo e verdadeiro e ele mesmo começou a boa obra em nós e há de terminá-la.

Firmadas nesta certeza podemos nos alegrar em nos revestir com a nova roupa de Cristo e sermos mais parecidas com ele diariamente.

Por: Natalie Campos. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: Com que roupa eu vou?