Aroma da vida para a vida

Dos sentidos que Deus nos deu, talvez o olfato seja o que mais nos remete a memórias.

Cheiros nos trazem emoções, lembranças da infância, de viagem ou uma comida favorita. É quase impossível não notar o cheiro fresco das flores ao passar em frente a um jardim, ou não ser atraído para a padaria quando o pão está assando. Para as mães, cheirinho do nenê é o melhor de todos.

No entanto, nem todo cheiro é bom. Alguns são ruins, ou nos trazem memórias que não queríamos guardar. É inevitável, ao sentir o cheiro a memória é despertada, mesmo sem esforço para isto.

Uma vez viajamos pro sul do Brasil e compramos um queijo colonial. O vendedor nos garantiu que o queijo não precisava ficar na geladeira e aguentaria o trajeto de volta sem estragar. Chegamos em São Paulo e já emendamos outra viagem, o queijo ficou na mala que só foi desfeita uma semana depois. Ao abrir a mala, lá estava o queijo todo azul. Perdemos o queijo e quase perdemos as roupas que ficaram com cheiro azedo.

A experiência olfativa está bem presente no AT, onde incenso era queimado continuamente, referindo-se às orações do povo ao Senhor. O incenso queimado era ofertado pelos sacerdotes e designado pelo Senhor, não sendo permitido incenso estranho. Isto era parte essencial da adoração no tabernáculo e no templo, os sacerdotes eram os mediadores das orações entre o povo e Deus.

No Novo Testamento aprendemos sobre a nova aliança, onde não é mais necessário ter um sacerdote mediando nossas orações. Podemos falar com Deus através de Jesus, mas ainda assim podemos encontrar menção à experiência olfativa. Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo menciona que somos o bom perfume de Cristo e que a fragrância do conhecimento de Deus é percebida em todos os lugares por onde passamos.

“Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta a fragrância do seu conhecimento em todos os lugares. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto entre os que estão sendo salvos como entre os que estão se perdendo. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é capaz de fazer estas coisas?” (2 Coríntios 2.14-16)

Naquela época, os vencedores de batalhas entravam na cidade exibindo seus prisioneiros em uma procissão triunfal. Na frente da procissão, artesãos queimavam incenso, o aroma era um sinal de vitória para os que venceram e sinal de morte aos condenados. Os que venceram poderiam respirar a vida. Os que perderam, em breve inalariam a morte.

Nós também entramos pela cidade na procissão triunfal. Antes como prisioneiras, cativas do pecado, rumo à morte eterna. Mas agora, em Cristo entramos como aquelas que venceram a batalha, seguimos nosso general na procissão gloriosa e somos mais que vencedoras. Na verdade, não tivemos participação na batalha, o general lutou e venceu sozinho, mas ainda assim ele nos chama para entrarmos com ele em glória pelas ruas da cidade.

Ser o bom perfume de Cristo para Deus significa que ele não sente nosso aroma, que é bem desagradável, por sinal. Mas significa que ele sente o aroma de Cristo, que em amor se entregou por nós como sacrifício de aroma agradável.

E o que isto tem a ver com mães? Ser o bom perfume de Cristo é privilégio de todo crente, mas as mães tem um privilégio especial. Pois por um período limitado de tempo podemos perfumar de maneira mais intensa e especial a vida de nossos filhos.

Por onde passamos, temos a oportunidade de espalhar a fragrância marcante do conhecimento de Deus. Perfumamos ao imitarmos a Cristo no cuidado, humildade, graça, amor, trazendo palavras de esperança e vida àqueles ao nosso redor. Espalhamos esta fragrância do conhecimento de Deus quando apontamos as belezas da criação, os feitos de Deus em nossa vida e testemunhamos sobre Jesus. Pode parecer algo tão ordinário e simples, mas é assim que o conhecimento de Deus acontece em nosso dia a dia com filhos.

Como aroma de vida, podemos apontar o caminho que conduz à vida eterna. Não conseguimos colocar nossos filhos no caminho, mas podemos colocá-los em contato com aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Podemos ensinar aos nossos filhos sobre aquele que é a fonte da melhor fragrância de vida.

Assim como um bom perfume marca sua presença sem ser muito enjoativo, que possamos ser um aroma de vida agradável para aqueles que estão ao nosso redor. Sabendo corrigir, direcionar, educar, explicar e cuidar de forma que nossas palavras não firam (como perfume desagradável), nem passem desapercebidas (como perfume sem graça).

A última parte do verso 16 diz assim: “Quem, porém, é capaz de fazer estas coisas?” E a resposta é: Ninguém! Ninguém consegue ter um bom perfume. Apesar de amarmos o cheirinho de neném, nem eles nascem com um bom perfume, como bem disse Davi no Salmo 51.

Somos o bom perfume de Cristo, mas não podemos produzi-lo, fomos enchidas dele.

Estávamos mortas em nossos delitos e pecados, afundadas em um tremedal de lama, mas Deus em sua infinita misericórdia nos resgatou, nos tirou da lama e firmou nossos pés na rocha que é Cristo. E assim nos tornamos o bom perfume através dele.

Que estas palavras nos encorajem a rever nossas atitudes em relação aos nossos filhos. Pensando em como temos aromatizado a vida deles. Será que somos como o queijo esquecido fora da geladeira? Ou como um aromatizador de ambientes, que exala o conhecimento de Deus e espalha o bom perfume pelo qual você foi enchida?

Em nossa missão como mães, precisamos constantemente olhar para o alto e pedir auxílio àquele que é fonte de toda sabedoria, para que as nossas ações e palavras sejam perfumadas e exalem o amor de Cristo.