O pensamento grego e a igreja cristã (Parte 12)

Cristianismo, tempo e história

E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. – Agostinho (354-430).[1]

Deus inseriu a revelação da Bíblia na História; Ele não a forneceu (como poderia ter feito) em forma de livro-texto teológico. Localizando a revelação na história, que sentido teria para Deus ter-nos fornecido uma revelação cuja história fosse falsa? Também o homem foi inserido neste universo que, como as Escrituras mesmo dizem, fala de Deus. Que sentido, então, teria para Deus ter nos oferecido sua revelação em um livro cheio de falsidades acerca do universo? A resposta para ambas as questões deve ser “nada disso faria sentido!”. Está claro, portanto, que, do ponto de vista das Escrituras em si, podemos observar uma unidade por todo o campo do conhecimento. Deus falou, numa forma linguística e proposicional, verdades sobre si mesmo e verdades sobre o homem, a sua história e o universo. ‒ Francis A. Schaeffer (1922-1984).[2]

A concepção cristã de tempo, mesmo com as suas variações, influenciou diretamente todo o mundo Ocidental. A compreensão de que o tempo tem um início, meio e fim era totalmente estranha às culturas pagãs.[3] A questão da história e do tempo é fundamental para o Cristianismo pela sua própria constituição.

Façamos uma pequena digressão. Agostinho (354-430) ‒ “o grande mestre da Idade Média cristã”[4] ‒, soube como ninguém retratar este problema.

Para Agostinho Deus é o eterno presente – na eternidade nada passa[5] – que antecede o tempo por Ele criado: “Precedeis, porém, todo o passado, alteando-Vos sobre ele com a vossa eternidade sempre presente (Sl 102.27)”.[6]

Em outro lugar:

Os anos de Deus não são uma coisa e Deus mesmo outra; mas os anos de Deus são a eternidade de Deus; eternidade de Deus é a sua substância. Nada tem de mutável, nada de pretérito, como se já não fosse, nada de futuro como ainda não sendo. Ali só se encontra: É; não há: Foi e será, porque o que foi já não é, e o que será ainda não é, mas tudo que existe ali, apenas é.[7]

Por isso, na eternidade, Deus nada fazia, visto que se Ele fizesse, seria criatura dele:  “Não temo afirmar que antes de criardes o céu e a terra não fazíeis coisa alguma. Pois, se tivésseis feito alguma coisa, que poderia ser senão criatura vossa?”.[8]

O tempo só pode ser avaliado a partir de sua finitude, olhando o seu passado ou desejando o seu futuro; o presente “para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito….”.[9] No entanto, não podemos falar do “tempo passado” como “longo” ou “breve”, já que ele passou à condição de não-ser, não podendo mais ser caracterizado por estes acidentes. “Todos os dias do tempo vêm para não existirem mais. Toda hora, todo mês, todo ano: nada disso permanece. Antes de vir, será; quando vier, não será mais”.[10]

Como então nos referir a ele? Explica:

Não digamos pois: ‘o tempo passado foi longo’, porque não encontraremos aquilo que tivesse podido ser longo, visto que já não existe desde o instante que passou. Digamos antes: ‘aquele tempo presente foi longo’, porque só enquanto foi presente é que foi longo. (…) Onde existe portanto o tempo que podemos chamar longo? Será o futuro? Mas deste tempo não dizemos que é longo, porque ainda não existe. Dizemos: ‘será longo’. E quando será? Se esse tempo ainda agora está para vir, nem então será longo, porque ainda não existe nele aquilo que seja capaz de ser longo. Suponhamos que, ao menos, no futuro será longo. Mas só o poderá começar a ser no instante em que ele nasce desse futuro – que ainda não existe – e se torna tempo presente, porque só então possui capacidade de ser longo. Mas com as palavras que acima deixamos transcritas o tempo presente clama que não pode ser longo.[11]

A brevidade dos dias estende-se até o fim dos séculos. Brevidade porque a totalidade do tempo, não digo de hoje até o fim dos séculos, mas de Adão até o fim dos séculos, é uma exígua gota d’água, se comparada à eternidade.[12]

Que fazer então, com a lembrança e com a esperança? Bem, Agostinho cria três formas de presente; diria que  a lembrança é o presente das coisas passadas;[13] o sonho é  o presente das coisas futuras e o que vejo, aspiro, toco, provo e ouço, é o presente do presente.[14]

A perspectiva de Agostinho adquire, naturalmente, um tom escatológico: “Pois nada parece mais rápido do que tudo aquilo que já passou. Quando vier o dia do juízo, então os pecadores perceberão não ser longa a vida que passa”.[15]

Deste modo, o tempo é o grande sinal de finitude e de mediatez. Assim, Idade Média são todos os tempos já que o tempo sempre será médio entre o antes e o depois ou, entre o tempo anterior e a eternidade,[16] quando o tempo se extinguirá.[17]

Gilson (1884-1978) ressaltando a importância de Agostinho, afirma que após ele, “A Idade Média passou a representar a história do mundo como um belo poema, cujo sentido é para nós inteligível e completo, contanto que conheçamos seu início e seu fim”.[18]

Retornando ainda que parcialmente à nossa rota, podemos dizer que de fato, a questão do significado do tempo ocupa um lugar contínuo em nossa cotidianidade, nas grandes e pequenas corriqueiras coisas da vida. O tempo está sempre presente em nossa fala, expectativas, lembranças, e mesmo angústias:

Estou sem tempo.

Não sei como vou conseguir tempo para fazer isso, não tive tempo.

Não sei se terei tempo.

Está se aproximando o dia da cirurgia (angústia com a proximidade do tempo).

Só daqui a 2 anos (alegria ou tristeza por achar muito ou pouco tempo conforme o meu desejo).

Foi a tanto tempo.

Não faz tanto tempo.

O tempo está curto.

O tempo passa tão depressa.

Ganhar tempo.

Perder tempo.

Passatempo.

O tempo a gente faz etc.

O cidadão comum pode não filosofar sobre o tempo, no entanto, essa temática faz parte da sua vida.

A discussão sobre o significado do tempo é infindável. Faz tempo.  Agostinho estava certo em sua perplexidade. O que posso dizer então? Nessa condição de vida, podemos dizer que o tempo foi criado por Deus juntamente com suas criaturas. Sem criação não teríamos tempo. Na eternidade não teremos mais tempo como instrumento de medição da sucessão de eventos. Creio que talvez tenhamos uma outra forma de mensuração de sucessão (precisaremos disso?) na eternidade. Mas, esse assunto escapa à minha compreensão.

Como realidade presente, o tempo tem a sua objetividade da qual somente Deus tem o seu controle. Deus é Senhor do tempo. O tempo, portanto, por ser dirigido e preservado por Deus, é implacável no seu transcorrer na vida da criação. Todavia, o tempo assume características subjetivas ativas e passivas nessa mesma criação.

Ativa, quando conscientemente lido com o tempo, atribuindo-lhe significados pessoais de prazer e dor, alegria e tristeza, trabalho e lazer, frustração e esperança, rapidez ou lentidão.

De outro modo, tento enganar o tempo, com cremes, tratamentos e cirurgias para que aparente ter menos tempo de vida (vivido e mais por viver), ainda que na juventude, tenha tentado usar determinada roupa para parecer mais velho. Parece que o tempo contribui para existir esses paradoxos: Encontro ouvidos prazerosos para dizer a uma menina de 7 anos que ela parece ter 10. Mas, essa mesma menina não ouviria com satisfação eu afirmar que ela com 30 parece ter 35 anos.

Passiva, quando ainda que não tenha consciência disso, o tempo se mostrou mais “favorável” a mim por determinados hábitos alimentares, viver em determinada região com o clima mais ameno, cor de minha pele menos suscetível a mostrar as “marcas do tempo” etc. Dessa forma, todos somos influenciados pelo tempo que pode ser um aliado ou algoz, conforme nos valemos dele. (1Co 3.1-2; Hb 5.11-14).

O Cristianismo é uma religião de história.[19] Elimine, por exemplo, a historicidade dos 11 primeiros capítulos de Gênesis, e mutilaremos o sentido das Escrituras e, por isso mesmo, os fundamentos da fé cristã. Pelo fato de a Criação ter ocorrido na história, bem como a Queda, a promessa (Gn 3.15) e o Dilúvio, é que tudo o mais faz sentido. Se a Queda é apenas uma lenda, porque precisaríamos crer na encarnação, morte e ressurreição de Cristo como fato histórico? Bastaria a criação de outra lenda para, quem sabe, remediar o que fora inventado anteriormente.

A revelação dá-se na história. Qual o sentido de Deus falar e agir na história e, ao mesmo tempo, fornecer por meio de sua Palavra uma história mentirosa, cheia de equívocos, contradições e erros? Grande parte dos ensinamentos doutrinários das Escrituras provém de fatos históricos não apenas de proposições doutrinárias.[20]

As narrativas bíblicas se constituem em uma pedagogia histórica da graça da lei e da lei da graça. Vemos de forma  vívida na história a manifestação de aspectos de atributos de Deus na direção do seu povo conforme os seus preceitos, promessas e, também, na manifestação de seu juízo levando o homem ao arrependimento, confissão, perdão e vida.

Na história vemos a demonstração prática dos ensinamentos de Deus, revelando os acertos e fracassos de suas criaturas em serem fiéis ao seu Senhor, e, ao mesmo tempo, a demonstração de sua misericórdia incompreensível que atinge o seu ápice na encarnação do Verbo.

Insistimos: O Cristianismo não se ampara em lendas, antes, em fatos os quais devem ser testemunhados, visto que têm uma relação direta com a vida dos que creem.[21] O Cristianismo é uma religião de fatos, palavra e vida. Os fatos, corretamente compreendidos, têm uma relação direta com a nossa vida. A fé cristã fundamenta-se no próprio Cristo: O Deus-Homem. Sem o Cristo Histórico não haveria Cristianismo.[22] A sua força e singularidade estão neste fato, melhor dizendo: na pessoa de Cristo, não simplesmente nos seus ensinamentos.[23] O Cristianismo é o próprio Cristo. A encarnação é toda e inclusivamente missionária: o Verbo fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1.14). É por isso também, que o Cristianismo é uma religião de memória, relatando os feitos de Deus e desafiando o povo a reafirmar a sua fé a partir do rememorar dos atos de Deus na história.[24]

Paulo dá a graças a Deus pela fé dos efésios porque era centrada em Cristo (Ef 1.15-16). E não poderia ser diferente. Justamente pelo fato de o Evangelho ser centrado em Cristo, é que a genuína fé, identificada como salvadora, não é uma crença qualquer, cujo teor seja indefinido, tendo como virtude apenas o fato de poder crer; uma espécie de fé na fé. O Evangelho não é algo como uma garrafa “pet” que depois de esvaziada do seu conteúdo original, pode ser preenchida com amaciante, detergente, água ou alguma outra substância. O Evangelho conforme a Escritura nos ensina, é o próprio Senhor Jesus Cristo. Nele temos “uma revelação aberta de Deus”.[25]

A Boa Nova é de Deus, cujo conteúdo é o próprio Deus anunciando a salvação para todos os que sinceramente a desejarem.[26] Portanto, o Evangelho tem como conteúdo e essência[27] a Jesus Cristo como Senhor e Salvador conforme revelado na Escritura. “Ter fé é crer que aquilo que Deus diz é verdade. O conteúdo da fé cristã é a Palavra revelada de Deus”, resume MacArthur.[28] Jesus Cristo é a Palavra encarnada.

A fé faz parte essencial do Evangelho. No entanto, essa fé deve repousar unicamente em Cristo como nosso salvador (Jo 3.16).

Bavinck (1854-1921) corretamente destaca a singularidade de Cristo para o Cristianismo:

Ele ocupa um lugar completamente único no Cristianismo. Ele não foi o fundador do Cristianismo em um sentido usual, ele é o Cristo, o que foi enviado pelo Pai e que fundou Seu reino sobre a terra e agora expande-o até o fim dos tempos. Cristo é o próprio Cristianismo. Ele não está fora, Ele está dentro do Cristianismo. Sem Seu nome, pessoa e obra, não há Cristianismo. Em outras palavras, Cristo não é aquele que aponta o caminho para o Cristianismo, Ele mesmo é o caminho.[29]

Se formos sinceros em nossa investigação bíblica, não restam muitas alternativas para nós. Ou Jesus Cristo é de fato Deus conforme o seu próprio testemunho e, assim, podemos então considerá-lo de forma decorrente como um grande mestre, um bom homem, justo e misericordioso, ou Ele é um farsante não merecendo a nossa fé nem mesmo o nosso respeito.

Barth (1886-1968) coerentemente afirma que a Escritura não nos deixa vagueando em nossa fé, antes, quando nos fala de Deus, aponta para Jesus Cristo, em quem nossa atenção e pensamentos devem se concentrar.[30]

Stott (1921-2011) coloca a questão nestes termos: “Jesus deve ser adorado ou apenas admirado? Se ele é Deus, é digno de nossa adoração, fé e obediência; se não é Deus, dedicar a ele essa devoção é idolatria”.[31]

Se as reivindicações divinas e redentivas do Jesus Cristo histórico são verdadeiras como de fato são, a mensagem do Evangelho deve ser anunciada ao mundo para que aqueles que crerem sejam salvos.

Noll resume bem ao dizer que: “Estudar a história do cristianismo é lembrar continuamente o caráter histórico da fé cristã”.[32]

Sem o fato histórico da encarnação, morte e ressurreição de Cristo, podemos falar até de experiência religiosa, mas não de experiência cristã. A experiência cristã depende fundamentalmente destes eventos.[33] É por isso que a pregação da Igreja primitiva, conforme nos mostram as Escrituras, estava fundamentalmente amparada na certeza da ressurreição do Senhor.[34]

Quando focamos o nosso olhar na experiência, corremos o risco de perdermos a dimensão da essência, do Referente, que é Deus. Neste processo, como escreveu Barth (1886-1968), “a passagem da experiência do Senhor à experiência de Baal é curta. O religioso e o sexual são extremamente semelhantes”.[35]

Jesus Cristo é o clímax da Revelação. Ele é a Palavra Final de Deus. Nele temos não uma metáfora ou um sinal, antes, temos o próprio Deus que Se fez homem na história.

Sire (1933-2018) escreveu de modo esclarecedor:

Jesus Cristo é a revelação final e especial de Deus. Porque Jesus Cristo era verdadeiramente Deus Ele nos mostrou mais plenamente com quem Deus era semelhante do que qualquer outra forma de revelação. Porque Jesus foi também completamente homem, Ele falou mais claramente a nós do que pode fazê-lo qualquer outra forma de revelação.[36]


[1]Agostinho, Confissões, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 6), 1973, XI.14.17, p. 244.

[2]Francis A. Schaeffer, O Deus que intervém, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 146.

[3]Cf. Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 22-23.

[4]Jacques Le Goff, Tempo: In: Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt, coords. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, Bauru, SP.; São Paulo: Editora da Universidade Sagrado Coração; Imprensa Oficial do Estado, 2002, v. 2, p. 531.

[5]Agostinho, Confissões, XI.11.13. p. 242. Ele insiste neste ponto: “Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eternidade” (Agostinho, Confissões, XI.14.17. p. 244). Em outro lugar: “O que tem fim não é duradouro e todos os séculos termináveis, em comparação com a eternidade interminável, são, não direi pequenos, mas nada” (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, 2. ed. Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Federação Agostiniana Brasileira, 1990, (Parte II), XII.12. p. 74). “Na eternidade não há passado, como se algo ainda não existisse, mas apenas no presente, porque aquilo que é eterno existe sempre” (Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulinas, 1997, (Patrística, 9/1), v. 1, (Sl 2.7), p. 27).

[6]Agostinho, Confissões, XI.13.16. p. 243.

[7]Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998, (Sl 101), v. 3, p. 37.

[8] Agostinho, Confissões, XI.12.14. p. 242.

[9] Agostinho, Confissões, XI.14.17. p. 244.

[10] Agostinho, Comentário aos Salmos, v. 3, (Sl 101), p. 37.

[11] Agostinho, Confissões, XI.15.18 e XI.15.20. p. 244 e 245. Adiante acrescenta: “O futuro longo é apenas a longa expectação do futuro. Nem é longo o tempo passado porque não existe, mas o pretérito longo outra coisa não é senão a longa lembrança do passado” (Agostinho, Confissões, XI.28.37. p. 255).

[12]Agostinho, Comentário aos Salmos, v. 3, (Sl 101), p. 36.

[13]“O tempo feudal privilegia o passado. É o tempo da memória que desenvolve as potencialidades do cristianismo como religião da memória – memória de Jesus, memória destes mortos modelares que são os mártires e os santos” (Jacques Le Goff, Tempo: In: Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt, coords. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, Bauru, SP.; São Paulo: Editora da Universidade Sagrado Coração; Imprensa Oficial do Estado, 2002, v. 2, p. 535).

[14]Vejam-se: Agostinho, Confissões, XI.20.26. p. 248.

[15] Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulinas, 1997, (Patrística, 9/1), v. 1, (Sl 13), p. 70.

[16] Veja-se: Étienne Gilson, O Espírito da Filosofia Medieval, São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 485.

[17] Le Goff interpretando a compreensão medieval, resume: “O tempo dirige-se para a eternidade, que o abolirá” (Jacques Le Goff, Tempo: In: Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt, coords. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, Bauru, SP.; São Paulo: Editora da Universidade Sagrado Coração; Imprensa Oficial do Estado, 2002, v. 2, p. 535).

[18] Étienne Gilson, O Espírito da Filosofia Medieval, São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 481. Para um estudo mais abrangente das dificuldades da conceituação de Agostinho sobre o tempo, veja-se: Étienne Gilson, Introdução ao Estudo de Santo Agostinho. São Paulo: Discurso Editorial; Paulus, 2006, p. 357-370.

[19] Veja-se a exposição de Alan Richardson, Así se hicieron los Credos: Una breve introducción a la historia de la Doctrina Cristiana, Barcelona: Editorial CLIE, 1999, p. 15ss.

[20] Veja-se, por exemplo: Francis A. Schaeffer, Nenhum conflito final: a Bíblia sem erro em tudo o que ela afirma, Brasília, DF.: Monergismo, 2017, p. 13-33.

[21] Veja-se: F.A. Schaeffer, O Deus que intervém, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 250-251.

[22] Georges Duby (1919-1996), dentro de uma perspectiva puramente histórica, admite: “O Cristianismo, que impregnou fundamentalmente a sociedade medieval, é uma religião da história. Proclama que o mundo foi criado num dado momento e que, num outro, Deus fez-se homem para salvar a humanidade. A partir disso, a história continua e é Deus quem a dirige” (Georges Duby, Ano 1000, ano 2000, na pista de nossos medos, São Paulo: Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado, 1999, p. 16). “Os historiadores insistiram com justeza sobre o fato de que o cristianismo é uma religião histórica, ancorada na história e se afirmando como tal” (Jacques Le Goff, Tempo: In: Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt, coords. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, Bauru, SP.; São Paulo, SP.: Editora da Universidade Sagrado Coração; Imprensa Oficial do Estado, 2002, v. 2, p. 534). “O cristianismo, como também a religião de Israel, da qual ele nasceu, se apresenta como uma religião histórica de forma absolutamente concreta, em comparação à qual nenhuma das outras religiões do mundo pode se equiparar – nem mesmo o Islã, apesar de este se aproximar mais do cristianismo e do judaísmo, nesse sentido, que qualquer outra religião” (Christopher Dawson, Dinâmicas da História no Mundo, São Paulo: É Realizações Editora, 2010, p. 343). Do mesmo modo: Marc Bloch, Apologia da história, ou, O ofício do historiador, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 58. Veja-se também: Gordon H. Clark, Uma visão cristã dos homens e do mundo, Brasília, DF.: Monergismo, 2013, p. 85, 92.

[23]Veja-se: Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd, 2007, p. 23ss. “Qualquer coisa que se apresente como cristianismo, mas que não insista na absoluta e essencial necessidade de Cristo, não é cristianismo. Se Ele não for o coração, a alma e o centro, o princípio e o fim do que é oferecido como salvação, não é a salvação cristã, seja lá o que for” (D. M. Lloyd-Jones, O supremo propósito de Deus: Exposição sobre Efésios 1.1-23, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 143). “O evangelho nos confronta com fatos. Ele se baseia completamente numa pessoa; está fundamentado em fatos definidos que ocorreram ao longo da história. (…) Ele me conduziu por entre os fatos, ao longo do túnel das trevas em direção à aurora que ilumina a outra extremidade” (D.M. Lloyd-Jones, Não se perturbe o coração de vocês, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2016, p. 29). Veja-se Alister E. McGrath, A gênese da doutrina: fundamentos da crítica doutrinária, São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 195ss.

[24] Veja-se: Michael S. Horton, Os Sola’s de Reforma: In: J.M. Boice; B. Sasse, Reforma Hoje, São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 97.

[25]João Calvino, Exposição de Segundo Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1995, (2Co 3.18), p. 78.

[26]“Elimine-se o evangelho, e todos permaneceremos malditos e mortos à vista de Deus. Esta mesma Palavra, por meio da qual somos gerados, passa a ser leite para nos criar, bem como alimento sólido para a nossa nutrição contínua” (João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 4.15), p. 143).

[27]“Cristo é o fim da lei e a suma do Evangelho” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 2.20), p. 78).

[28]John MacArthur, Deus: Face a face com sua majestade, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2013, p. 16.

[29]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 311.

[30]Karl Barth, Church Dogmatics, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 2010, II/2, p. 52-53.

[31]Timothy Dudley, Cristianismo autêntico: 968 textos selecionados das obras de John Stott, São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 44. Lewis (1898-1963)  escreveu de forma contundente: “Um homem que fosse só homem, e dissesse as coisas que Jesus disse, não seria um grande mestre de moral: seria ou um lunático, em pé de igualdade com quem diz ser um ovo cozido, ou então seria o Demônio. Cada um de nós tem que optar por uma das alternativas possíveis. Ou este homem era, e é, Filho de Deus, ou então foi um louco, ou cuspir nele e matá-lo como um demônio; ou podemos cair a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não venhamos com nenhuma bobagem paternalista sobre ser Ele um grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha. Nem nunca pretendeu” (C.S. Lewis, A essência do Cristianismo, São Paulo: ABU Editora, 1979, p. 29). Boice com maestria analisa as opções fornecidas por Lewis. Veja-se: James M. Boice, Fundamentos da Fé Cristã, Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2011, p. 238-240. John Piper faz algo semelhante, com uma aproximação diferente. (Veja-se: John Piper, Um homem chamado Jesus Cristo, São Paulo: Vida, 2005, p. 11-12). Do mesmo modo, Josh McDowell, Mais que um carpinteiro, Venda Nova, MG.: Editora Betânia, 1989, p. 26-35.

[32]Mark A. Noll, Momentos Decisivos na História do Cristianismo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 16. Vejam-se também: Clyde P. Greer, Jr., Refletindo honestamente sobre a história: In: John F. MacArthur Jr. ed. ger. Pense Biblicamente!: recuperando a visão cristã do mundo, São Paulo: Hagnos, 2005, p. 400-401.

[33] Cf. J. Gresham Machen, Cristianismo e Liberalismo, São Paulo: Os Puritanos, 2001, p. 77.

[34] “Gostemos ou não, não podemos escapar ao fato de que historicamente o Cristianismo foi fundado sobre a crença na ressurreição” (Alan Richardson, Así se hicieron los Credos: Una breve introducción a la história de la Doctrina Cristiana, Barcelona: Editorial CLIE, 1999, p. 24).

[35] Karl Barth, A Palavra de Deus e a palavra do homem, São Paulo: Novo Século, 2004, p. 217.

[36]James W. Sire, O Universo ao Lado, São Paulo: Hagnos, 2004, p. 40.