Um coração provado

Quando olhamos para os altos e baixos do povo de Israel pelo deserto vem uma indignação em nosso coração. Como eles podiam ser tão abençoados por Deus, não precisavam nem se preocupar com o que comer, pois o maná caia do céu e mesmo assim reclamavam? Que povo impaciente! Foi o tempo de Moisés se demorar para reunir-se a eles para criarem um bezerro de ouro e caírem na idolatria. Quanta murmuração e idolatria. Podemos, nos dias de hoje, resumir com um aff ou com um emoji revirando os olhos.

Minhas amadas irmãs, somos exatamente como o povo de Israel: murmuradoras, autossuficientes e idólatras. Sim, idólatras, porque depositamos a confiança no emprego que temos, no salário que está lá disponível em nossa conta bancária todo mês ou na nossa própria capacidade de trabalhar e gerar renda. Depositar nossa confiança nessas situações passageiras e não no Deus criador e sustentador de nossas vidas é idolatria. Talvez o nosso trabalho nos dê tanto poder e fama que nos sentimos um semideus, construindo nosso próprio bezerro de ouro.

Ou talvez você ou eu nos enquadremos em outra esfera, a de que não temos tudo o que queremos ter e olhamos para a vida de uma irmã, ou até mesmo de um ímpio e não entendemos por que uns com muito e outros com pouco. Murmuramos e, com as nossas próprias forças e poder, com aquele ar de “deixa que eu mesmo faço”, começamos a flertar com o socialismo e ver nele uma esperança antibíblica de solução para nós, para nosso próximo e, até mesmo para o nosso para o país. Você pode até pensar que não está nesse extremo, que é exagero, mas o que está no seu coração?

Deuteronômio 8:2 nos dá uma clara ideia de que o período no deserto não foi apenas um castigo, mas também foi um teste. “Para pôr vocês à prova, para saber o que estava no coração de vocês…”. Esse teste mostrou a real situação do coração do povo. Deus já sabia, mas o povo precisava saber o quão desobedientes estavam sendo em não guardar os mandamentos do Senhor.

Essa provação ensina ao povo e a nós que não vivemos de pão somente, ou das coisas terrenas, mas de tudo que procede da boca do Senhor (Dt 8:3). Sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1:3). Palavra que sustenta o mundo e o preserva da destruição. Não era o pão que os mantinha vivos, mas a Palavra de Deus. Não é nosso trabalho, poder ou fama que nos sustentam, mas a Palavra do Senhor, o seu poder, soberania e justiça.

Deus desafia a nossa autossuficiência ao nos colocar em prova. Ele nos disciplina quando encontra em nós um coração murmurador, autossuficiente e idólatra (Dt 3:5). O coração do homem está em evidência. A disciplina nos faz passar por dificuldades, que são seguidas de bênçãos. O Senhor os deixou passar fome, mas providenciou o maná (Dt 8:3). Vemos a escassez e abundância geradas pelo próprio Deus para provar o coração do povo, para fazê-los enxergar que Ele é quem dá e tira. Hoje podemos ter tudo o que queremos, mas se isso tomar o nosso coração, nos fazendo autossuficientes e idólatras, amanhã pode ser que não tenhamos mais. Porém, nosso temor não tem que estar no que perderemos, mas se estamos vivendo para glorificar a Deus por meio da obediência. Talvez nosso coração esteja tão focado com as coisas que não temos, que nos leva a pecar. Pecando com autocomiseração e murmuração. Inveja talvez.

Penso que se o povo de Deus entrasse na terra prometida com o coração endurecido do jeito que estava, eles não seriam capazes de desfrutar de tamanha benção que os aguardavam (Dt 3:7-10) e não glorificariam e louvariam ao Senhor, seu Deus, pela boa terra que Ele nos dá (Dt 3:10).

Examine seu coração diante de Deus. O Espírito Santo não é um mero espectador da nossa vida, mas um agente transformador. Que Ele sonde nossos corações, vendo se há algum caminho mal e nos guie pelo caminho eterno (Sl 139:23-24). As maiores bênçãos que podemos desejar e desfrutar é da comunhão com nosso Deus, da satisfação e contentamento nele, rumo ao lar celestial, onde não precisaremos de nada que construímos aqui na terra, mas desfrutaremos de todo ser de Deus.