Não precisamos de atores no púlpito

Transcrição do vídeo

O alvo de minha exposição da Bíblia, no sermão, ao longo desses 33 anos, foi abastecer a mim mesmo primeiro, e fazer meu coração arder com as glórias de Deus reveladas no texto desse livro, de modo que eu, conforme desvendo essas glórias através do texto, assim pudesse atrair outras pessoas para minha experiência de Deus. Em meu entendimento, isso é a definição de pregação.

Somente o alvo secundário da pregação era manter unidos os casamentos. Ou torná-los ousados em seus testemunhos, ou fazê-los orar mais fervorosamente, ou conduzi-los a missões vivas e centradas em Deus, ou ensiná-los a viver economicamente. Tudo isso é secundário. Bem, eu acredito totalmente.

Digo, eu era um pastor e queria que seus casamentos permanecessem unidos. Eu queria que fossem pessoas de oração. Desejava que testemunhassem com ousadia, pois não posso ganhar todos para Jesus, eles têm que falar sobre Jesus; queria que fossem envolvidos em missões, queria que sacrificassem ao ofertar, queria que a igreja crescesse.

Alguns pastores, entretanto, sentem um fardo e uma urgência tão profundos em tais questões práticas, que eles invertem as coisas, e começam, seja sutil ou descaradamente, a fazer disso o alvo primário da pregação, fracassando em perceber que, se essa igreja não estiver encantada com o Deus desse livro, o solo no qual essas coisas crescem não estará lá. E com o tempo você pode pensar que evitar falar sobre a adoração na Palavra o tornará mais prático, mas o tiro sairá pela culatra. Então, sim, vidas devem ser mudadas, mas não dessa forma. Penso que essas coisas, e uma centena de outros frutos práticos da justiça, crescem no solo da adoração presente na vida cristã.

Logo, minha tarefa primária é abrir o texto de tal maneira que o significado do autor seja entendido, e a realidade no significado, a realidade de Deus, de Cristo, da salvação, no significado, possa ser evidenciada, para que eu e eles possamos exultar nesse significado, nessa realidade.

Então aqui estão duas partes disso. Eu chamo de “Exultação Expositiva”, em que o “Expositiva” é tornar clara a mensagem; tornar clara, pois não são suas ideias. Não dou a mínima para suas ideias, pregador. Quero saber o que está no Livro, torne-o claro. Isso é exposição. Ir ao texto, mostrar as frases e palavras, como funcionam, como argumentam, e então ir à realidade, nada de joguinhos gramaticais, mas ir à realidade.

E então, você enxerga? Você sente? Faz sentido para você? Você está encantado com isso, pastor? Eles veem isso?

Então temos as duas partes, Exultação Expositiva. É disso que chamo a pregação cristã. E existe… Chegaremos à definição de adoração em breve. Eu assumi isso por toda a manhã, mas precisamos mesmo fazer um trabalho exegético para definir o que é adoração. Mas, antes de chegarmos lá, quando eu digo que devemos exultar na realidade que é exposta através dos textos da Bíblia, tenho em mente uma categoria de resposta proporcional e emocional ao texto, à realidade presente no texto, e a proporção tem a ver com o tipo de realidade que vemos ali.

Então, se esse texto comunica uma realidade pesada, você não deve ficar risonho. Se é uma realidade assustadora, você não deve ficar sorridente. Se é uma realidade de ternura, você não deve ser severo. Se é uma realidade severa, você não deve ficar com ternura. E assim vai. Estou falando de uma experiência proporcional, apropriada e afetiva da realidade que foi aberta diante das pessoas.

Se você lida com as majestades de Deus com a mesma casualidade expressada quando dá exemplos de seu gato como aplicação, você não compreendeu a realidade! E saiba que, com o tempo, as pessoas perceberão isso. Você pode enganar pessoas não espirituais para sempre. Mas não poderá enganar cristãos. Falo de pessoas cheias do Espírito e vão ao culto com o Deus vivo dentro delas, que esperam ouvir a Palavra a ser entregue com exultação que corresponde à natureza da realidade que foi desvendada no texto. Eles sabem, eles sabem se vocês conseguiram captar isso. Não tente fingir. Abandone o ministério se tudo o que pode fazer é fingir.

Existem atores no púlpito. Talvez enganem por muito tempo, pois cultivaram uma igreja de pessoas não espirituais, e pessoas não espirituais são enganáveis. Pessoas espirituais simplesmente sairão dessa igreja. Ela vai crescer absurdamente. Mas os cristãos verdadeiros estarão em igrejas onde o pastor é verdadeiro. Ele sai de seu gabinete com Deus e com o aroma de Jesus está nele. Eles podem senti-lo.

Exultação expositiva

A pregação cristã como adoração

“Exultação Expositiva” é um livro construído sobre a base de dois títulos anteriores: “Uma Glória Peculiar” e “Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural”. Nele, John Piper tem como objetivo demonstrar que o propósito do sermão não é somente explicar o texto, mas também, despertar o louvor ao ser, em si, uma expressão de adoração a Deus.

Confira

 

 

 

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: We Don’t Need Actors in the Pulpit.

Original: Não precisamos de atores no púlpito. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Renan Araújo. Revisão: Filipe Castelo Branco.