Filhos: Não sei por onde começar

“Meu dia é tão confuso, cheio de brigas e broncas, não sei nem por onde começo.”

Temos muita dificuldade em dar o braço a torcer, seja com nosso cônjuge, nossos pais ou nossos filhos. Isto pode também ser chamado de orgulho. Mas é interessante como geralmente depositamos este título de orgulhoso e obstinado, em outros, não percebendo a inclinação do nosso próprio coração.

Às vezes travamos batalhas em casa por pouca coisa. Nos irritamos muito fácil com os filhos por brinquedos no chão ou com o marido por deixar a toalha na cama. Nos consideramos deusas que não podem ser perturbadas. Nos consideramos superiores e perfeitas, mas não somos. É claro que não falamos isto em alta voz para todos ouvirem, e muitas vezes nem pensamos claramente desta forma sobre nós mesmas, mas lá no fundo (e no raso também) nos idolatramos.

Esquecemos que somos também falhas e muitas vezes obstinadas a ter todos nos obedecendo, mesmo que seja sem um motivo razoável, talvez seja por puro capricho. Pense nas vezes que você arrumou briga antes de sair de casa porque seu filho não quis usar a roupa que você escolheu, ou porque o sapato de Hotwheels não combinava com a roupa dele (que você insistiu), ou ele queria usar Crocs com meia e bermuda, mas você acha que isto é muito brega. Já aconteceu algo assim com você? Uma vez minha filha quis colocar sozinha a boneca no cinto de segurança, eu estava com pressa e não queria perder tempo com isto. Mas, pela graça de Deus, eu estava a ponderar sobre este assunto, respirei fundo e resolvi esperá-la afivelar a boneca. Levou apenas 20 segundos a mais para ela fazer isto (sim, eu contei), no final não foi um atraso, foi um investimento.

Foi um investimento no relacionamento, na cumplicidade, no desenvolvimento motor da criança e no senso de poder fazer algo por si mesma. Foi também um investimento em minha paciência, domínio próprio e humildade. Porém, nem sempre conseguimos parar, respirar e escolher investir assim. A maior parte do tempo lutamos com a obstinação, tanto de um lado, quanto do outro. E daí, chega um momento que nem sabemos mais o motivo da briga.

Em Mateus 11.29, lemos sobre Cristo ser manso e humilde de coração. Ser manso e humilde não nos torna displicentes, frouxas ou permissivas, mas pode nos dar mais oportunidades de ter conversas francas e amorosas e nos faz mais parecidas com Cristo.

Não lute pelo que te incomoda, só pelo fato de te incomodar. Não imponha suas vontades, não estamos sempre certas, são somos soberanas, não somos Deus.

Portanto, quero te encorajar a escolher a lutar pelo que vale mais a pena. Se estão desobedecendo aos preceitos do Senhor, lute! Estão desobedecendo seus caprichos como mãe? Pare, respire e escolha.

Tem muitas situações em que não há escolha, tais como os perigos na hora de atravessar a rua, comer decentemente, respeitar os outros, não ser violento, ler a Bíblia, participar de culto familiar, estudar e fazer lição de casa, dentre tantos outros. Nestas situações, não há escolha, tem que obedecer.

Desconfie de você quando algo te fizer muito irada. Pense: “ele está mesmo agindo em desobediência e me desrespeitando, ou será que eu estou exagerando”. Há sempre tempo para o perdão, tanto de você pedir perdão a Deus e à criança, quanto de você levar seu filho a isto. Mães e pais são instrumentos de Deus na vida das crianças para a instrução, cuidado e para espelhar o que Deus é em nossas vidas.

Quando Cristo disse que temos que amar nosso próximo como a nós mesmos, ele disse isto porque já nos amamos muito, temos um amor extremo por nós mesmas, portanto devemos amar aos outros com esta mesma intensidade. E por mais que amemos nossos cônjuges e filhos, ainda lutamos com o nosso ego, lutamos com o desejo de ter tudo à nossa maneira.  

Não deixe de lutar, mas escolhas suas lutas, avalie se as batalhas que você tem travado são pelo que é justo, de boa fama, verdadeiro, bom, puro e respeitável. Comece escolhendo qual batalha vale a pena hoje.