Salmo 32: A Misericórdia que nos assiste – (parte 13)

A gravidade do Pecado

Devido à depravação de nossa natureza, todos pecamos e somos responsáveis diante de Deus. A maior proximidade de Deus nos faz mais sensíveis a isso; a contemplação da sua gloriosa santidade realça de forma eloquente a gravidade de nosso pecado.[1]

Schaeffer (1912-1984) coloca a questão nestes termos:

Nós pecamos deliberadamente contra o santo de Deus; é por isso que a nossa situação é desesperadora. (…)

O problema não está na quantidade de pecados que praticamos, mas em quem ofendemos. Nós pecamos contra um Deus infinitamente santo, que realmente existe. E, a partir do momento em que pecamos contra um Deus infinitamente santo, que realmente existe, nosso pecado é infinito.[2]

Diversos servos de Deus ilustram este fato:

Pedro, após pesca maravilhosa, registra Lucas, “prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8).

Paulo, o apóstolo de Cristo, que tinha uma visão correta da glória de Deus e da sua dimensão espiritual, escreve: “….Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15).

Esta experiência foi comum também a Moisés, Jó, Isaías, Ezequiel, Daniel e João (Vejam-se: Ex 3.6; Jó 42.5-6; Is 6.1-5; Ez 1.28; Dn 10.9; Ap 1.17).

O fato é que jamais poderemos ser santos sem que, antes e durante, tenhamos consciência de nosso pecado.

De modo enfático, assevera Lloyd-Jones (1899-1981): “Nunca houve um santo sobre a face da terra que não tenha visto a si mesmo como um vil pecador; de modo que se você não sente que é um vil pecador, não é parecido com os santos”.[3]

No entanto, como o nosso conhecimento de Deus é menor do que estes homens tiveram, a nossa consciência do pecado também é diminuta. A contemplação da santidade de Deus ilumina as nossas trevas, mostrando-nos como realmente somos e o quanto necessitamos de Deus. A Palavra nos mostra como somos. Somos o que Deus diz que somos.

Piper resume:

A cruz ofende a sabedoria humana porque ela humilha o homem e exalta a imerecida graça de Deus.[4] (…) O âmago da sabedoria de Deus é a paixão de Deus por demonstrar sua graça em Cristo para o gozo eterno daqueles que creem. Visto que todos nós somos pecadores indignos, a cruz é central para essa sabedoria. Sem a cruz, não poderíamos ter essa sabedoria. (…) A essência da sabedoria de Deus é exaltar a glória de sua graça manifestada em Cristo crucificado.[5]

Santidade de Deus revelada na cruz

A santidade absoluta de Deus se revela na cruz, onde o seu amor e a sua justiça se evidenciam de forma eloquente, poderosa e perfeita.[6] A cruz enfatiza o Deus santo e majestoso, zeloso por sua glória. A cruz não fez Deus nos amar, antes, o seu amor por nós a produziu e se revelou ali.[7]

Enquanto para nós as circunstâncias servem de pretexto para os nossos atos pecaminosos e os posteriores atenuantes, para Deus tais circunstâncias – sobre as quais tem total domínio: Ele também é o Senhor das circunstâncias – oportunizam a manifestação do que Ele é em sua essência.

O pecado não tornou Deus misericordioso, santo ou justo. Ele é eternamente misericordioso, santo e justo. No entanto, o pecado propiciou a Deus, por sua livre graça, revelar-se desta forma para conosco.[8]

Na cruz vemos a manifestação gloriosa dos atributos de Deus. “A justiça e o amor se encontraram e se abraçaram. Os santos atributos de Deus são glorificados juntamente na morte do Filho de Deus na cruz”, comenta Lloyd-Jones [9]

Não haveria para nenhum de nós salvação de nossos pecados sem a justificação. Da mesma forma, existe a justificação porque Jesus Cristo é a nossa justiça; é Ele mesmo quem nos redime (1Co 1.30).[10]

Como escreveu Lloyd-Jones (1899-1981) em outro lugar:

Se lhes fosse solicitado responder onde a Bíblia ensina a santidade de Deus, mais poderosamente teriam de ir ao Calvário. Deus é tão santo, tão plenamente santo, que nada senão aquela morte terrível poderia tornar possível que Ele nos perdoasse. A cruz é a suprema e a mais sublime declaração e revelação da santidade de Deus.[11]

Na cruz temos a reconciliação do santo com o pecador, do perfeitamente justo com o totalmente injusto, do infinito com o finito; do Deus eterno com o homem temporal: “A cruz é o centro da história e a reconciliação de todas as antíteses”, analisa Bavinck.[12]

O profeta Isaías diz que “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniquidade de nós todos” (Is 53.6).

A ironia do texto está em declarar que o culpado saiu ileso, totalmente absolvido. O Servo levou sobre si a culpa de muitos, declarando então, pelo seu próprio sofrimento, que os ofensores já não são mais legalmente responsáveis por suas transgressões passadas.[13]

“O misericordioso empresta a honra própria ao decaído e toma sobre si a sua vergonha”, destaca Bonhoeffer (1906-1945).[14]

Lei é graça

Sem a consciência do pecado não há Evangelho. Somente o Evangelho trata o pecado com seriedade.[15] A Lei é o Evangelho ainda que não em sua plenitude. Sem a Lei não há consciência do pecado e, por isso mesmo, a convicção da necessidade de salvação. A Boa Nova de salvação engloba o pecado, as suas consequências e a libertação de suas mazelas pela graça de Deus. Por isso é que podemos dizer que a Lei é graça.

É natural que os homens se inclinem prazerosamente para os ensinamentos que falam de suas virtudes e capacidade.[16] No entanto, “O Cristianismo é a religião do coração ferido”, resume Machen (1881-1937).[17]

O homem é hábil em buscar “uma capa e subterfúgio para seu pecado”.[18] Ou, quem sabe, podemos nutrir até alguma noção sobre pecado, contudo, tendemos a pensar que isso é coisa praticada por pessoas ignorantes. Deste modo, o conhecimento, por si só, nos liberta desta prática, supomos.

O pecado entre as suas artimanhas de sobrevivência e fortalecimento, se vale da concessão da falsa sensação de liberdade. Todos queremos ser livres.  O trágico é que justamente o pecado, o mais escravizador de todos os senhores (Jo 8.34), que nos conduz a todo tipo de amarras, nos levando a multifacetados vícios escravizantes, faz-nos pensar que a liberdade buscada, o sentido da vida perseguido, está justamente no vício. Que tragédia! O supremo encarcerador nos fascina com a promessa de total liberdade. É precisamente por isso que, dominados por  esse engano, o governo de Cristo é considerado como “laços” e “algemas” (cordas, correntes) pelos incrédulos (Sl 2.3).

Harman comenta: “Os homens pecaminosos nunca se dispõem a andar dentro das fronteiras que Deus impõe às suas criaturas. Em sua arrogância, declaram sua suposta liberdade e reivindicam ser senhores de seus próprios destinos”.[19]

Em geral, a mente secular é profundamente otimista em relação às suas potencialidades. Portanto, falar de pecado é algo que não encontra tão facilmente ouvidos prazerosos ou mesmo atentos.

Por isso, uma tendência comum é a tentativa de suavizar esta doutrina, mudando nomes, perspectivas ou simplesmente silenciado a respeito.

Perdão sem pecado?

Dentro de uma perspectiva mais filosófica, tenta-se driblar a real questão por meio da amenização da realidade com a apresentação do perdão, como se a noção de perdão, por si só, trouxesse alívio, enquanto a proclamação da realidade do pecado assustasse as pessoas, as afastassem da mensagem do Evangelho. Pois bem, talvez isso seja assim no campo especulativo onde o pecado e o perdão são apenas conceitos vagos sobre os quais reflete-se por meio de uma análise fenomenológica, não se importando com a sua essência e fundamentação teológica. Deste modo, o que importa é a percepção subjetiva do conceito, não a veracidade e implicações dos fatos.

Neste sentido, recordo-me da declaração de Erasmo de Roterdã (1466-1536): “Por certo são numerosos e fortes os argumentos contra a instituição da confissão pelo próprio Senhor. Mas como negar a segurança em que se encontra aquele que se confessou a um padre qualificado?”.[20]

Entendemos, portanto, que somente pela graça, por meio da Palavra, podemos ter uma clara consciência de nossa pecaminosidade ativa e concreta e de sua afronta a Deus.[21] Ter consciência do pecado significa reconhecer o quão urgentemente precisamos de perdão.

O Evangelho só se torna subjetivamente necessário – enquanto que na realidade ele é urgentemente necessário – quando as pessoas percebem, por Deus, a sua necessidade. Enquanto isso não acontecer, ele soará sempre como algo descartável. “Não podemos ser cristãos sem convicção do pecado. Ser cristão significa que compreendemos que somos culpados diante de Deus e que estamos sob a ira de Deus”, resume Lloyd-Jones.[22]

Todo pecado é contra Deus

Quando tratamos deste tema, devemos ter em mente que a questão primeira não é a quantidade ou intensidade de nossos pecados, mas, o fato de que pecamos – e, diferentemente da compreensão de determinados pensadores humanistas, inclusive cristãos[23] –; a gravidade do pecado está no ponto de que todo pecado é primeiramente contra Deus, o eternamente santo,[24] que não tolera o mal (Hc 2.13).

Uma compreensão atenuada e adocicada da gravidade e horror do pecado esvazia o significado da graça manifesta na cruz de Cristo. O que intensifica ainda mais a complexidade de nossa rebelião é o mal uso que fazemos de seus esplêndidos dons que nos foram conferidos[25] e, o fato de rejeitarmos o seu infinito e santo amor plenificado em Jesus Cristo.[26]

Outro elemento agravante em nosso diagnóstico, é que o pecado não nos deixa perceber as suas consequências: estamos totalmente alienados de Deus. Por vezes, a linha que separa uma droga da condição de remédio para veneno é bastante tênue. Alguns remédios são perigosos porque escondem determinados sintomas de doenças. Com o pecado não é muito diferente: Ele não nos deixa perceber as suas consequências; mascaram os sintomas, tornando imperceptível a possível enfermidade.

Lloyd-Jones está correto ao resumir: “Não podemos ser cristãos sem convicção do pecado. Ser cristão significa que compreendemos que somos culpados diante de Deus e que estamos sob a ira de Deus”.[27]

 

[1] Ver: Hermisten M.P. Costa, O Pai Nosso, São Paulo: Cultura Cristã, 2001; J.I. Packer, Vocábulos de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 1994, p. 63-64.

[2]Francis Schaeffer, A Obra Consumada de Cristo, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 75.

[3] David M. Lloyd-Jones, O Clamor de um Desviado: Estudos sobre o Salmo 51, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997, p. 40.

[4] “A cruz se levanta como testemunho da infinita dignidade de Deus e o infinito ultraje do pecado” (John Piper, A Supremacia de Deus na Pregação, São Paulo: Shedd Publicações, 2003, p. 31).

[5]John Piper, Pense – A Vida da Mente e o Amor de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2011, p. 209,210.

[6] “A cruz e a coroa revelam não apenas as virtudes do Filho, mas também do Pai. Todos os atributos divinos alcançam plena expressão aqui. Dentre todas elas, uma sobressai: a justiça do Pai. Se Ele não tivesse sido justo, certamente não teria entregue Seu Filho Unigênito. E também, se não fosse justo, Ele não teria recompensado o Filho por Seu sofrimento. Mais, por meio dos louvores da multidão salva, o Pai (bem como o Filho) é glorificado” (William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004 (Jo 17.1), p. 754). Veja-se: John Piper, A Supremacia de Deus na Pregação, São Paulo: Shedd Publicações, 2003, p. 31).

[7]Veja-se: D.M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997 (Grandes Doutrinas Bíblicas, v. 1), p. 426.

[8] Watson (c. 1620-1686) disse que “A justificação é uma misericórdia provinda das entranhas da livre graça” (Thomas Watson, A Fé Cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 264).

[9]David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nação sob a Ira de Deus: estudos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 222.

[10]Ver: John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 19.

[11] D. M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997, p. 97. “A santidade e a retidão do Seu ser eterno e do Seu caráter significam que Ele não pode ignorar o pecado. O pecado é uma realidade, um problema (…) até para Deus. É uma coisa que Ele vê e da qual tem que tratar, e assim manifesta a glória do Seu ser em Sua santidade e justiça” (D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 51).

[12]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 48.

[13] Veja-se: Robert B. Chisholm Jr., Perdão e salvação em Isaías 53: In: Darrell L. Bock; Mitch Glaser, O Servo sofredor, São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p. 161-176.

[14] Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, 2. ed. São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1984, p. 61.

[15] Veja-se: J. Gresham Machen, Cristianismo e Liberalismo, São Paulo: Os Puritanos, 2001, p. 69ss.

[16]Cf. João Calvino, As Institutas, II.1.2.

[17] J. Gresham Machen, Cristianismo e Liberalismo, p. 71.

[18]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Parakletos, 2003, v. 3, (Sl 105.6), p. 671.

[19]Allan Harman, Comentário do Antigo Testamento ‒ Salmos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, (Sl 2), p. 79.

[20] Erasmo, Opera Omnia, Leyde, 1704, v, col. 145-6, Apud Jean Delumeau, A Confissão e o Perdão: As Dificuldades da Confissão nos Séculos XIII a XVIII, São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 37. Em outro lugar, também indagou: “Por que se dar ao trabalho de confessar seus pecados a outro ser humano apenas pelo fato de ser um sacerdote, quando pode confessá-los diretamente a Deus?” (Apud Alister E. McGrath, Teologia, sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 84).

[21] “É mister graça e iluminação espiritual para crermos que nossos pecados são um problema sério aos olhos de Deus, conforme a Bíblia nos diz. Precisamos orar para que Deus nos torne humildes e dispostos a aprender, quando estudamos esse tema” (J.I. Packer, Vocábulos de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 1994, p. 63. Ver também p. 70s).

[22]D.M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 227.

[23] Dentro desta perspectiva limitante do sentido do pecado, incluímos, entre outros, Cecil Osborne, que seguindo o pensamento de Erich Fromm (1900-1980), (“Pecado não se dirige primariamente contra Deus, mas contra nós mesmos” (Erich Fromm, Psicanálise e Religião, 2. ed. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, Ltda., 1962, p. 105). Do mesmo modo, ver a obra de Fromm, Análise do Homem, São Paulo: Círculo do Livro, (s.d.), 218p), escreveu: “Pecado é essencialmente um erro contra si mesmo ou contra outro ser humano” (Cecil Osborne, A Arte de Compreender-se a Si Mesmo, Rio de Janeiro: JUERP., 1977, p. 139). Do mesmo modo, esse conceito foi amplamente difundido por um discípulo de Norman Vincent Peale, Dr. Robert Schuller (1926-2015), que enfatiza: “o pecado é uma ofensa psicológica a si mesmo” (Vejam-se as pertinentes críticas a esta posição em: John MacArthur Jr., Sociedade sem Pecado, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p. 78ss).

[24] “O pecado envolve uma certa responsabilidade, por um lado, responsabilidade esta surgida da santidade de Deus, e, por outro lado, da seriedade do pecado como oposição àquela santidade” (John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 29). “Jamais compreenderemos o que o pecado realmente é, enquanto não aprendermos a pensar nele em termos de nosso relacionamento com Deus” (J.I. Packer, Vocábulos de Deus, p. 64).

[25]Veja-se: Anthony A. Hoekema, Criados à Imagem de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 101-102.

[26] “O incrédulo despreza o amor de Deus. Se este amor fosse pequeno, seria um pecado pequeno ignorá-lo. Se é grande, é grande pecado rejeitá-lo. Mas o fato é que este amor é infinito. Isso faz da rejeição deste amor um pecado de proporções infinitas” (R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1976, p. 19). “Como o amor de Deus é infinito, desprezar esse amor é pecado de proporções infinitas No entanto, é o que fazem aqueles que, por sua descrença, rejeitam o Filho de Deus, dom do Seu amor. (…) Rejeitar este amor é incorrer no banimento eterno da presença de Deus. Responder com fé e amor é herdar a vida eterna. Nada pode ser mais urgente do que a escolha de uma destas atitudes” (R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, p. 72).

[27]D.M. Lloyd-Jones, O supremo propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 227.

Autor: Hermisten Maia. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e Revisor: Vinicius Lima.