As esposas como “auxiliadoras” de seus maridos.

O papel de auxiliadora de seu marido é um papel capacitado por Deus

O texto abaixo foi adaptado do livro A esposa do pastor, de Gloria Furman, Editora Fiel

As esposas como “auxiliadoras” de seus maridos. 

Todas nós temos ideias em nossa mente acerca de como queremos servir no ministério. Poderíamos pegar questionários sobre dons espirituais e personalidade, procurando uma lista de tópicos de coisas para fazer ou, pelo menos, uma explicação a respeito da maneira como Deus nos fez. Ao enfrentar uma tarefa de ministério, nós nos perguntamos: “Como eu prefiro ajudar? Deus me criou para fazer o quê”? E buscamos aquela coisa. Mas, às vezes, essa coisa não parece muito com o que imaginávamos. A lista de necessidades do boletim da igreja parece não corresponder com a nossa experiência. O ministério que chega à nossa porta é desconhecido, e nos sentimos mal equipadas. A tarefa à mão é desconfortável ou dolorosa. Ou talvez a oportunidade de amar os outros por meio de um determinado serviço simplesmente não seja tão empolgante como a oportunidade que temos lá, em outro lugar. Pode haver uma diversidade de ministérios nos quais você poderia estar envolvida — ministério com as crianças, ministério com os sem-teto, equipe de música, recepcionistas do estacionamento, estar na equipe que garante que todos recebam seus pratos de volta após o junta-panelas… e a lista continua. Mesmo em meio a todas essas oportunidades para servir, as esposas de homens que estão no ministério têm um chamado e capacitação de Deus para servirem seus maridos. Neste capítulo, espero compartilhar algum encorajamento da Palavra de Deus para incentivá-la no ministério do seu marido.

Sobre ser uma auxiliadora

“Alguém, por favor, venha me ajudar aqui”, gritei da cozinha para onde meus filhos estavam, executando sua atividade noturna de corrida de obstáculos em nosso apartamento.

Meu filho de idade pré-escolar entrou perambulando. “O que cê precisa, mamãe? ” “Ei, amigo, você pode colocar estas roupas molhadas na secadora”? Eu abri a máquina de lavar para ele esvaziá-la. Depois, eu me virei para abrir a máquina de lavar louças, para que eu pudesse tirar os pratos limpos e guardá-los.

Ao som dos copos retinindo, ele girou sobre os calcanhares e declarou: “Ó, sou um grande ajudador com as louças!”.

Uma vez que lidar com copos e facas não é uma boa tarefa para o meu menininho aventureiro, eu não aceitei. “Não, eu quero que você coloque a roupa na máquina de secar. Isso vai ajudar a mamãe”.

Mas ele não estava ouvindo coisa alguma, porque a louça era tão brilhante, e as roupas molhadas eram muito chatas. Em sua sinceridade pré-escolar, ele ficou chateado por eu não o deixar esvaziar a máquina de lavar louça. Posso me identificar totalmente com essa situação. Meu coração é igual ao do meu filho. Eu quero ajudar, realmente quero! Mas, Deus, como o Senhor quer que eu ajude?

A Bíblia descreve as esposas como “auxiliadoras” de seus maridos. Esse tem sido o nosso papel desde o início, desde a criação. “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). “Auxiliadora” é um papel; um papel que Deus usa para descrever a si mesmo. Por diversas razões, há alguns que leem a passagem de Gênesis e rejeitam a ideia de a mulher ser criada para ser a auxiliadora do marido. Essa é uma suposição baseada em minha experiência limitada, mas acho que o que as pessoas tendem a não gostar com relação a isso é a afirmação de que a mulher é exclusivamente a auxiliadora do marido. Falando por mim mesma, penso em meus próprios momentos de luta com esse mandato da criação, não é tanto porque não quero ser auxiliadora de meu marido. Eu quero ajudá-lo, mas o que me deixa ansiosa é: quem vai me ajudar? Meu marido é um plantador de igrejas ocupado, temos quatro filhos pequenos, vivemos numa cultura estrangeira, e meu marido tem problemas físicos que limitam o que ele é capaz de fazer por si mesmo (e pelos outros) fisicamente. Conforme falo com outras mulheres no ministério, descubro que não estou sozinha em meus sentimentos. Geralmente, nos sentimos honradas pelo fato de Deus ter nos unido ao nosso marido e nos separado como “uma auxiliadora idônea para ele”. Nós nos deleitamos em servir e abençoar o nosso marido. Mas no início de um longo fim de semana de atividades relacionadas à igreja, no meio do trabalho ocupado da vida cotidiana e no final de um período exaustivo, se sentimos amargura em nosso coração, então, provavelmente poderemos relacioná-la a esta dúvida: “E eu? Cadê a minha ajuda, Senhor”?

Eu tenho aprendido que ter mais ajuda com as coisas da casa, ou ter menos dor física, ou menos pilhas de roupa, dificilmente poderá corrigir um problema que tem a ver principalmente com o coração. Quando a postura do seu coração não é a de uma submissão humilde à vontade soberana do Supremo Pastor, a grama de todo mundo parece mais verde. De onde vem a sua ajuda? De uma agenda mais leve? De uma babá? De uma verba maior? Talvez essas coisas tragam um alívio temporário.

Moisés com certeza se beneficiou com os conselhos de seu sogro sobre delegação para aliviar sua carga de trabalho (Ex 18.14). A Bíblia nos diz que nossa ajuda duradoura e definitiva vem do Senhor: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Sl 121.1-2). Você não está sem ajuda em seu ministério com o seu marido.

Considere a incrível ligação entre a instrução, as promessas de Hebreus 13.5-6 e o nosso ministério para o nosso marido:

Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?

O autor de Hebreus chama a atenção para as promessas específicas do Antigo Testamento (Js 1.5; Sl 56.4, 11; 118.6), citando-as e trazendo-as para aplicá-las à nossa vida. Essa lógica é espantosa. Porque o Senhor é o nosso ajudador, não temos medo. E porque Deus promete estar sempre com seus filhos, devemos estar contentes e nos certificar de manter o dinheiro em seu devido lugar. Essencialmente, Deus está prometendo nos dar aquilo de que precisamos. E nós não só temos aquilo de que precisamos, mas também temos alegria no processo. O Pai nos dá o próprio Cristo para ser a nossa confiança e o nosso contentamento. E com o Cristo todo-suficiente e todo-poderoso cuidando de nosso marido, família e ministério, aquilo que o homem pode fazer é uma ameaça impotente e vã. 

“Não há outro, ó amado, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda e com a sua alteza sobre as nuvens” (Dt 33.26). 

O papel de auxiliadora de seu marido é um papel capacitado por Deus, cheio de alegria, que lhe faz lembrar de continuar olhando para os céus para ter ajuda, à medida que você imita o seu Pai.

Eu imagino que muitas mulheres que leem este livro podem não ter se casado com um pastor. Talvez você tenha se casado com um dentista, que mais tarde foi chamado para o ministério pastoral. Ou você se casou com um comerciante que foi chamado para ser um missionário. Deus é soberano, e ele pode chamar qualquer homem que ele queira para o ministério pastoral e equipar esse homem para fazer a sua vontade. Além da cláusula “uma só esposa, se ele for casado”, 1 Timóteo 3 e Tito 1 tem uma lista de quase vinte requisitos para um potencial pastor das ovelhas do Senhor. Mas cadê a lista de qualificações para ser uma esposa de presbítero? A eclesiologia baseada nas Escrituras não fornece qualquer descrição explícita acerca do ofício de esposa de pastor, porque não existe tal ofício.

De casais sem filhos em casa a mães que amamentam

Mesmo que não haja um ofício formal para as esposas de presbíteros ou pastores, algumas esposas sentem uma pressão para atuarem como “co-presbíteros” ou membros da equipe não remunerada da igreja.

Muitas mulheres podem ver as necessidades da igreja e até mesmo sentir um desejo ou pressão para agirem com a autoridade de um presbítero ou pastor. As expectativas com relação às esposas de ministros em todo o mundo são tão diversas quanto as culturas e as necessidades das pessoas. Um comitê de pesquisa pastoral disse a uma amiga minha que seus dons seriam “um bônus agradável” para o potencial ministério de seu marido como pastor. Perguntaram a outras esposas em entrevistas pastorais: “Então, qual ministério você liderará se o seu marido for escolhido?”. À outra, disseram que a igreja a consideraria uma esposa de pastor eficaz se ela simplesmente lhe permitisse fazer o seu trabalho e “ficasse fora do seu caminho”. Precisamos da sabedoria de Deus ao percorrer essas várias ideias sobre o papel da esposa do ministro. A direção do ministério pode assumir muitas formas. Mas por causa da glória de Deus na igreja, há um ministério específico, claramente digno dos esforços, reflexões e orações da esposa de um pastor — o ministério da esposa para com seu marido e sua família.

Afirmando isso negativamente, a esposa de um ministro não deve se convencer de que o ministério ao seu marido e sua família é nominal e inferior quando comparado a outras oportunidades que ela tem de servir na igreja e por meio dela. Uma série de oportunidades maravilhosas de ministério está incluída nessa categoria de ministérios subordinados (os quais, para mim, incluem a escrita deste livro). Claro, uma esposa de pastor deseja fazer tudo pelo reino e usar seus dons, dados por Deus, em conformidade com ele. Ela entende que o Senhor lhe deu tudo, e que ele é digno do tudo o que ela tem. Mas ela não faria a escolha certa se renunciasse a sua responsabilidade, dada por Deus, de servir fielmente seu marido e família, por ter “coisas melhores” para fazer. Nenhuma de nós quer realmente negligenciar ou rejeitar esse ministério principal que Deus certamente escolheu a dedo para nós. Queremos ser fiéis em servir a Deus por meio da edificação do corpo de Cristo, começando pelas necessidades que vemos bem à nossa frente, na mesa do café.

Há alguns anos, o assunto do ministério sazonal foi trazido à tona na mesa do almoço onde eu estava sentada com as esposas de outros presbíteros de nossa igreja. Algumas de nós não têm mais filhos em casa ou ficaram sem os filhos em casa recentemente, ao passo que algumas de nós têm bebês na fase de amamentação. Aquilo que é exigido de nossos maridos em seus cargos varia muito. Esses homens também têm vários graus de capacidades físicas e de saúde para servir. Entre o macarrão mais elaborado e o sanduíche, ficamos maravilhadas com o quão extremamente difícil seria se todas nós, esposas de presbíteros, fôssemos chamadas para a mesma área de serviço formal em nossa igreja. Nossos maridos precisam de nós de maneiras diferentes. Nossas famílias estão em fases diferentes da vida. Nossos diferentes filhos exigem cuidados diferentes. Nossos dons e paixões são todos tão diferentes, e todas nós servimos em competências diversas. Mas todas nós compartilhamos um ministério em comum, que é o ministério ao nosso marido — para sermos sua esposa e auxiliadora, com todo o poder de Cristo, que opera em nós de forma tão poderosa. Há tantas áreas com necessidade nas quais poderíamos estar servindo, e nós, de fato, servimos! Em meio a todas as solicitações e pressões, ficamos maravilhadas com a forma como somos chamadas para servir ao lado de apenas um homem, e há um só Deus-homem que serve a todos nós.

Por: Gloria Furman. © Ministério Fiel. Website: ministeriofiel.com.br. Todos os direitos reservados. Edição e revisão: Renata Gandolfo.