Senhor Magnífico! Seus pensamentos são inatingíveis

A magnificência dos desígnios do nosso Senhor

A partir da criação, conforme o propósito divino, podemos ver aspectos do grandioso poder de Deus, nosso Senhor. Davi expressa essa realidade denominando-a de magnífica no início e no fim do salmo 8:

 

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico (addir) (majestoso, poderoso, grandioso) em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. (…) Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico (addir) em toda a terra é o teu nome! (Sl 8.1,9).

 

Em outro lugar o salmista exulta: “Quão grandes (gadol), SENHOR, são as tuas obras! Os teus pensamentos (machashabah) (desígnios,[1] intentos) que profundos!” (Sl 92.5).[2]

Os seus desígnios, por serem verdadeiros e provenientes do Deus santo, justo e soberano, são inumeráveis e eternos: “O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios (machashabah) do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33.11).

Aqui já nos deparamos com algo grandioso demais para nós. Como humanos que somos, pensamos sempre em termos de causa e efeito e, dentro da categoria tempo e espaço repletos de circunstâncias temporais, geográficas, culturais, pessoais, sociais, entre outras.

Antes de prosseguir, assentemos um ponto:  Qualquer concepção fora dessas dimensões (causa-efeito e tempo-espaço) seria impossível ao homem por si só, a menos que o Deus transcendente e pessoal se revele, apresentando uma dimensão do além e depois nos capacitando a percebê-la por graça. Desse modo, sem essa compreensão não seria possível falar de qualquer aspecto metafísico ou imaterial.

Portanto, foi dentro dessas categorias tão importantes para nós – concedidas por Deus −, que Ele se revelou. Ele criou o tempo, a matéria e o espaço dentro de uma coligação temporal e multidependente, no entanto, todos preservados pelo seu poder. A fim de se comunicar conosco, Deus age e fala dentro do tempo e do espaço.  Ele se dá a conhecer também nos eventos da história onde desenvolve o seu propósito glorioso.

As Escrituras se constituem em grande parte em uma narrativa inspirada dos efeitos decorrentes da obediência e desobediência do povo Deus. A história vivencia a doutrina, a ilustrando em suas narrativas. Não podemos deixar de perceber que, escrituristicamente, o Senhor da história, será, no tempo determinado por Ele mesmo, o juiz da história.

A porta de entrada dos Salmos

Por exemplo, no Salmo 1, que prefacia o livro de Salmos,[3] vemos narrados os efeitos da obediência à Lei e as consequências de seguir um caminho totalmente autônomo.

O salmista inicia o Salmo falando sobre o homem bem-aventurado, estabelecendo uma distinção entre os “piedosos” e “pecadores”. “O primeiro salmo encontra-se no pórtico da coleção dos salmos como um guia que em linhas claras indica a direção da vida”, resume Weiser (1893-1978).[4]

Temos aqui, portanto, uma reflexão sobre as escolhas humanas e as suas consequências. Ou, positivamente: “O Livro dos Salmos é um manual de instruções para viver uma vida verdadeiramente feliz”, conclui Futato.[5]

Os homens buscam a felicidade por meio de seus expedientes terrenos ou mesmo transcendentes, contudo, sempre partindo daqui de baixo. Deus, sem ignorar esse justo desejo humano, propõe em sua Palavra um outro ponto de partida. A sua origem está em cima; o caminho começa pelo eterno passando pelo tempo.  Os problemas podem estar aqui embaixo, mas a solução sempre procede de cima.

Deus sabe o que desejamos, sabe o melhor para nós e, ao mesmo tempo, apresenta-nos o caminho para alcançar o que Ele tem para nós. A felicidade é-nos proposta por Deus não de forma automática, mas, pelo caminho da obediência aos seus preceitos.[6] O divisor de águas sempre terá uma linha. As consequências podem não ser vistas ali, contudo, elas aparecerão.[7]

Conforme citado, o salmista no salmo 33.11 nos diz que os desígnios de Deus permanecem para sempre. Ou seja: muito do que podemos ver nessa vida não esgota nem mesmo aspectos do seu governo e propósito. Por isso, muitas vezes nos angustiamos com o que consideramos passividade, indiferença, demora de Deus ou, por presumir um desfecho de julgamos ser o melhor dentro de nossa lógica bastante consistente, pensamos.

Não foi justamente isso que enfrentou o profeta Habacuque?[8]

Tempo, espaço e circunstâncias

Tempo e espaço determinam muitas de nossas prioridades conforme as circunstâncias. Em boa parte das vezes tais circunstâncias são elaboradas pela mistura de ambos os elementos conforme a nossa fórmula caseira de relacionar tempo e espaço.

Por isso, em nossa incompreensão e incertezas diante desses elementos, o tempo pode nos parecer, como ao angustiado poeta argentino Jorge L. Borges (1899-1986), uma “ilusão”.[9] No entanto, sabemos, que ele é implacável em sua caminhada e transitoriedade.[10] Mas, não nos esqueçamos, está sob a direção de Deus.

Quando estamos apressados aguardando algo, tudo parece demorado. Quando estou com tempo disponível, as distâncias ficam mais curtas. O relógio, em nossa mente, pode ser romanticamente domesticado, o que de fato não ocorre objetivamente.

Conforme a nossa base de avaliação comparativa circunstancial, posso dizer que algo é longe ou perto. Rápido ou demorado. Já observaram como uma viagem de duas horas é longa a partir, digamos, da primeira hora de percurso? Já uma viagem de 8 horas, você nem sequer considera a primeira hora porque ainda faltam muitas outras.

E a refeição servida no restaurante? Faz diferença o tempo de espera quando você está com fome, sozinho e, sem celular (talvez seja por isso que as pessoas “roteadas” tendem a pedir a senha do Wi-Fi antes do prato). A sua percepção é diferente se estiver tranquilo, sem muita fome e com uma boa prosa ou conversando no zap?

Da mesma forma, como temos uma dimensão mais imediatamente material da realidade, tendendo a circunscrevê-la a isso apenas. Assim procedendo, os propósitos de Deus podem nos parecer demasiadamente demorados − incrementados   e fortalecidos pela nossa ansiedade material ou materialista − ainda que estejam perfeitamente sob o seu domínio e controle.

Habacuque: A questão histórica e política

O profeta Habacuque viveu numa época extremamente difícil. O seu livro foi escrito por volta do ano 605 a.C.,[11] durante o reinado de Eliaquim, filho de Josias. Nesse período, o reinado de Eliaquim era apenas simbólico, pois quem de fato mandava em Israel era o rei egípcio, Faraó-Neco, quem inclusive destronou o antigo rei, irmão de Eliaquim, Jeocaz – levando-o para o Egito onde viria falecer (2Rs 23.34)[12] –, colocando Eliaquim no enfraquecido trono e, como sinal do seu poder, mudou o nome de Eliaquim para Jeoaquim.

O reinado de Jeoaquim (609-598 a.C.) ocorreu durante o ministério de Jeremias e Habacuque. Jeoaquim para pagar os tributos exigidos por Faraó, impôs pesados impostos sobre o povo de Israel (2Rs 23.35), construiu também prédios luxuosos com trabalho escravo, sendo descrito por Jeremias como um homem vaidoso, egoísta, ambicioso, violento e corrupto (Jr 22.13-18).[13] O seu reinado foi marcado pela decadência moral e espiritual do povo, sendo as reformas feitas pelo seu pai Josias, gradativamente esquecidas.

Nesse contexto encontramos o profeta Habacuque [“Abraço ardente” (?)[14]], um fiel profeta[15] de Deus, que tinha perguntas profundas, as quais revelavam a sua preocupação com o povo de Judá, bem como o desejo de entender a dura realidade dos fatos. Nesse livro nos deparamos com o profeta em conflito com a própria mensagem de Deus: Habacuque demonstra ter dificuldade em compreender o desígnio de Deus. É muito difícil transmitir uma mensagem que nos desagrada e, também, quando não a conseguimos entender adequadamente, especialmente quando parece conflitar com conceitos e valores que sustentamos, supondo bem fundamentados, além de qualquer suspeita.

O fato evidente é que o povo estava em pecado: Violência, contenda, litígio, afrouxamento da lei, injustiça, etc. (Hc 1.3-4). O piedoso profeta orava constantemente ao Senhor, que aparentemente não o ouvia. A não percepção da manifestação de Deus causa-lhe angústia e incompreensão (Hc 1.2-3).

Quando a mensagem é um fardo

Agora Deus se revela a Habacuque, determinando a sua “sentença” (masã’), “oráculo”, que tem o sentido metafórico de “peso” e “fardo”;[16] o anúncio de julgamentos pesados contra o povo e o poder imperial (Hc 1.1). O fato dessa palavra ser usada já no primeiro verso, à semelhança de Naum (Na 1.1) e Malaquias (Ml 1.1/Zc 12.1), indica a severidade da mensagem. Essa forma figurada de falar a respeito de Israel não era estranha ao Antigo Testamento (Nm 11.11,17; Dt 1.12)

Contudo, a resposta de Deus foi por demais surpreendente para o profeta. Deus mostra que não é indiferente aos acontecimentos, mas que levantaria os caldeus para oprimir aqueles opressores descritos pelo profeta (Hc 1.5-11). Aqui Habacuque se depara com a questão da santidade de Deus e a prevalência do mal.[17] Como Deus poderia castigar os injustos por intermédio de outros mais injustos ainda? O profeta desabafa:

 

12 Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina. 13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? 14 Por que fazes os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe? 15 A todos levanta o inimigo com o anzol, pesca-os de arrastão e os ajunta na sua rede varredoura; por isso, ele se alegra e se regozija. 16 Por isso, oferece sacrifício à sua rede e queima incenso à sua varredoura; porque por elas enriqueceu a sua porção, e tem gordura a sua comida. 17 Acaso, continuará, por isso, esvaziando a sua rede e matando sem piedade os povos? (Hb 1.12-17).

 

Se Habacuque tivesse observado melhor a história, perceberia que Deus já se valera diversas vezes das nações pagãs para punir o seu povo por sua desobediência e contumácia. O livro de Juízes é bastante ilustrativo deste princípio (Jz 2.11-16;[18] 4.1-3; 6.1; 13.1).

Mesmo que não possamos ter clareza quanto ao propósito de Deus em todos os atos da história, não podemos duvidar dele.[19] Deus controla o seu povo e os seus inimigos. Não há força neste universo que não esteja sob o domínio de Deus.[20] Todo poder é derivado. Somente em Deus temos a origem e a preservação de todo poder. Todos os poderes desse mundo e no porvir são derivados de Deus pelo próprio Deus. O fato de não entendermos perfeitamente os propósitos de Deus, é inteiramente natural, afinal, Deus é o Senhor Eterno e Onisciente. Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos; a sua mente é inescrutável (Is 55.8,9; Rm 11.33[21]).[22]

“Nem sempre – escreve Hoekema (1913-1988) – podemos ser capazes de discernir o propósito de Deus na história, mas que esse propósito existe é um aspecto primordial de nossa fé”.[23]

Da mesma forma, expondo o Salmo 73, Lloyd-Jones (1899-1981), avalia:

Creio que muitos de nós entramos em dificuldade porque esquecemos que o que estamos tratando é a mente de Deus, e que a mente de Deus não é como a nossa. Desejamos que tudo esteja pronto, enxuto e fácil, e achamos que nunca deveriam existir quaisquer problemas ou dificuldades. Mas, se há uma coisa ensinada com mais clareza do que qualquer outra na Bíblia, é que nunca ocorre deste modo em nossas relações com Deus. Os caminhos de Deus são inescrutáveis; sua mente é infinita e eterna, e seus propósitos são tão grandes que as nossas mentes pecaminosas não os podem entender. Portanto, quando um Ser assim está tratando conosco, não nos deve causar surpresa se, às vezes, acontecem coisas que nos deixam perplexos.[24]

Nossa mente é finita mas, a realidade é real

A nossa mente finita não consegue compreender exaustivamente as perfeições de Deus.[25] O alcance e limite de nosso conhecimento é determinado pela revelação. O não revelado não pode ser objeto de nossas especulações.

Gilson (1884-1978) sumaria bem a questão: “A revelação cristã não é somente necessária para que se possa crer no Deus da religião cristã, como também não tem sentido imaginar que se possa conhecer a existência desse mesmo Deus de outro modo que não pela fé em sua própria revelação”.[26]

Os nossos passos devem se limitar ao que Deus nos deu a conhecer. Quando Deus se cala, nos calamos. Quando Ele para, devemos parar admirados em reverência e gratidão.

A revelação de Deus também não é completa no sentido de abarcar total e exaustivamente o ser de Deus.[27] Porém, escreve Bavinck: “como Deus se revela, assim ele é”.[28] Não há uma representação artificial naquilo que Ele nos dá a conhecer. Portanto, muitíssimos de seus atos soberanos nos escapam. O finito não pode comportar o infinito! No entanto, podemos conhecer a Deus genuína e verdadeiramente à luz de sua autorrevelação.

Bavinck coloca bem a questão:

Não é contraditório (…) dizer que um conhecimento é inadequado, finito e limitado e ao mesmo tempo é verdadeiro, puro e suficiente.[29]

O conhecimento absoluto, plenamente adequado de Deus, é, portanto, impossível.[30]

Nosso conhecimento de Deus não é, e, de fato, não pode ser, exaustivo: ele é analógico e ectípico.[31]

A soberania de Deus na utilização dos meios

Deus é soberano na utilização dos meios por Ele mesmo estabelecidos. Ele usa sábia, santa e soberanamente os meios que quer. Aqui Ele usou os caldeus para disciplinar a Judá (Hc 1.12/Is 10.5-6). Deus é senhor dos meios e dos fins!

Os caldeus, por certo, atribuíam as suas vitórias aos seus poderosos feitos (Hc 1.11,15,16). Eles não entendiam que por meio de sua própria livre e espontânea maldade, havia a direção de Deus para o fim proposto. Os seus caminhos são com frequência incompreensíveis à nossa razão. A nossa razão, por sua vez, em nome de uma racionalidade autônoma, especula meios possíveis para explicar a ação de Deus:

Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. (Hc 1.6).

Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina. (Hc 1.12).

Os caminhos de Deus são eternos. (Hc 3.6).

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR. (Is 55.8).

Comentando o Sl 33.11, Barnes (1798-1870) faz uma descrição das incertezas humanas em todos os níveis, enfatizando, de modo contrastante, com o poder absoluto de Deus:

Não pode existir nenhum conselho ou nenhuma vontade superior capaz de mudá-lo, ao contrário do que sucede com os planos dos homens; e nenhum propósito dos seres que lhe são inferiores – anjos, homens e demônios – pode afetar, derrotar ou modificar os seus planos eternos. Nenhuma mudança das condições humanas pode obstruir seus planos; nenhuma oposição pode derrotá-los, nenhum progresso pode superá-los ou substituí-los (…) As coisas que determinou, ou que tem intenção de realizar, serão realizadas. (…) Os planos de Deus não sofrem mudanças pela passagem de uma geração a outra, e assim sucessivamente; nem por novas dinastias de reis, nem pelas revoluções que pode ocorrer em nações e impérios.[32]

A relação entre a fé num Deus santo e justo e a aparente vitória do mal

O livro do profeta Habacuque reflete o conflito entre a fé do profeta e a amarga experiência vivida. Como Deus pode permitir isso? Esta é a questão do profeta. Confesso, que por vezes, é a nossa também.

Ele objetiva mostrar que mesmo que Deus tivesse usado uma nação pagã para disciplinar o seu povo, mais tarde, Ele mesmo destruiria os caldeus devido a sua idolatria e extrema perversidade,[33] resultante de sua própria deliberação.

No entanto, não devemos nos precipitar. A aparente demora de Deus em nos atender visa nos estimular à prática perseverante da oração e a confiança em suas promessas.

Calvino (1509-1564) nos consola quanto a isso:

O Pai, cheio de clemência, jamais dorme nem cessa o seu cuidado. Todavia, às vezes parece dormir e cessar, a fim de que por isso sejamos incitados a dirigir-lhe orações e súplicas; recurso divino válido para corrigir a nossa preguiça e o nosso esquecimento. Portanto, é grande perversidade querer alguém fazer com que deixemos de orar, alegando que é coisa supérflua solicitar, por nossas preces, a providência de Deus, a qual, sem ser solicitada, vela pela preservação de todas as coisas. O que ao contrário se vê é que o Senhor não testifica em vão que estará perto de todos os que invocarem seu nome em verdade.[34]

Por isso, continua o Reformador: “Todo crente deve ter o desejo fervoroso de contar com Deus em cada momento de sua vida”.[35]

Deus tem o controle preciso de todas as coisas. “Embora, segundo o juízo da carne, Deus pareça retardar demais seus passos, todavia ele mantém supremo domínio sobre todas as coisas, para que Ele, por fim, realize no devido tempo o que determinara”, interpreta Calvino.[36]

Habacuque começa o livro trazendo um “fardo” (Hc 1.1): a sentença de Deus. Depois revela a sua incompreensão diante dos fatos que estão ocorrendo. Até que ele enquadra corretamente o problema dentro daquilo que tinha certeza absoluta: que Deus é Todo-Poderoso, Eterno, Autossuficiente e Santo. Depois orou, colocando diante de Deus toda a sua perplexidade, descansou em Deus e aguardou atentamente a sua resposta: tirou os olhos do problema e volveu-os para Deus (Hc 2.1). Deus lhe responde. Agora Habacuque, mais firme em sua fé, encerra o livro com uma palavra de confiança renovada, reafirmada, mesmo em meio a possíveis provações:

Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. (Hc 3.17-19).

Erickson está correto ao declarar:

Orar é, em grande parte, criar em nós mesmos uma atitude correta com respeito à vontade de Deus. (…) Orar não é nem conseguir que Deus faça nossa vontade, mas demonstrar que estamos interessados tanto quanto Ele na concretização da Sua vontade.[37]

Os propósitos de Deus são eternos (Ef 3.11). O seu decreto é eterno. Deus não está circunscrito ao tempo, à aprendizagem e à “maturação das ideias”. Deus é o senhor da eternidade, do tempo e das circunstâncias. O tempo é onde Deus revela o seu propósito eterno. Na revelação de Deus, temos aos nossos olhos o encontro do tempo com o eterno, sem que o Deus eterno jamais deixe o tempo, onde Ele age e cuida de nós.

Aprendamos com o profeta essa lição: conheçamos o nosso Deus, entreguemos-lhe a nossa perplexidade e angústia, seja ela qual for, e aguardemos confiantes a sua resposta: Ele certamente responderá! Os caminhos de Deus são eternos! Os seus pensamentos são inatingíveis. Que Deus nos capacite a nele confiar. Afinal, esse Deus é o nosso Pastor. De nada mais precisamos. Amém.

Clique AQUI para conhecer os excelentes livros de Hermisten Maia pela Editora Fiel.


[1] Sl 40.5.

[2]Curiosamente, um filósofo pagão, Xenófanes (c. 580-c.460 a.C.), criticando a religiosidade de sua época, propõe uma visão mais próxima ao monoteísmo ou pelo menos, um “politeísmo não antropomórfico” (W.K.C. Guthrie, Os Sofistas, São Paulo: Paulus, 1995, p. 211. Ver também:  G. Fraile, Historia de la Filosofia  (Grecia y Roma), 2. ed. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, v. 1, 1965, p. 180), mas, ainda assim, cosmológico, identificando, conforme pontua Aristóteles, o uno, ou seja, o universo (Ver: Giovanni Reale; Dario Antiseri, História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média, São Paulo: Paulus, 1990, v. 1, p. 49.), como sendo Deus (Aristóteles, Metafísica, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 4), 1973, I.5, p. 223). Escreve tendo uma visão grandiosa de deus: “Um único deus, o maior entre deuses e homens, nem na figura, nem no pensamento semelhante aos mortais” (Xenófanes, Frag., 23: In: Gerd A. Bornheim, org. Os Filósofos Pré-Socráticos, 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. (Tradução um pouco diferente: In: José Cavalcante de Souza, org., Os Pré-Socráticos, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 1), 1973, p. 71).

[3] Conforme expressão de Spurgeon (C.H. Spurgeon, El Tesoro de David, Barcelona: CLIE., (1989), v.  1, p. 13. Do mesmo modo: Walter Brueggemann, The Psalms the life of Faith, Minneapolis: Fortress Press, 1995, p. 190; A.F. Kirkpatrick, The Book of Psalms, Cambridge: University Press, © 1902, 1951 (Reprinted), p. 1.

[4]Artur Weiser, Os Salmos, São Paulo: Paulus, 1994, p.  69. “O salmo usa a forma poética do paralelismo para criar um apogeu. A primeira coisa que é dita sobre essa pessoa abençoada é que ela não anda no conselho dos ímpios. Ela é surda aos conselhos dos pagãos, que nos induzem a participar dos caprichos deste mundo” (R.C. Sproul, Oh! Como amo a tua lei. In: Don Kistler, org. Crer e Observar: o cristão e a obediência, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 12). Veja-se: Mark D. Futato, Interpretação dos Salmos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 47-48.

[5] Mark D. Futato, Interpretação dos Salmos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 54.

[6] Veja-se: Peter C. Craigie,  Psalms 1-50, 2. ed. Waco: Thomas Nelson, Inc. (Word Biblical Commentary, v.  19), 2004, (Sl 1), p. 60.

[7] Veja-se a oportuna figura empregada por Schaeffer (1912-1984)  concernente aos Alpes Suíços (Francis A. Schaeffer, O Grande desastre evangélico: In: Francis A. Schaeffer,  A Igreja no Século 21,  São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 269ss.).

[8]Os argumentos que seguem, foram também tratados com alguma variação, em meu livro já mencionado: Hermisten M.P. Costa, O Homem no teatro de Deus: providência, tempo, história e circunstância, Eusébio, CE.: Peregrino, 2019.

[9]“O tempo, se podemos intuir essa identidade, é uma ilusão: a indiferenciação e a inseparabilidade de um momento de seu aparente ontem e de outro de seu aparente hoje, bastam para desintegrá-lo” (Jorge L. Borges, Historia de la Eternidad,Buenos Aires: Emecé Editores, (6. impresión), 1969, p. 29).

[10]Agostinho (354-430) escreveu de forma magistral sobre o tempo em diversos lugares. Destaco aqui duas proposições do autor: “A brevidade dos dias estende-se até o fim dos séculos. Brevidade porque a totalidade do tempo, não digo de hoje até o fim dos séculos, mas de Adão até o fim dos séculos, é uma exígua gota d’agua, se comparada à eternidade” (Agostinho, Comentário aos Salmos,  São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998,  (Sl  101), v. 3, p. 36). “Todos os dias do tempo vêm para não existirem mais. Toda hora, todo mês, todo ano: nada disso permanece. Antes de vir, será; quando vier, não será mais” (Agostinho, Comentário aos Salmos,  São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998,  (Sl  101), v. 3, p. 37).

[11]Andrew E. Hill e J.H. Watson sugerem a data aproximada de 630 a.C., no período ainda do reinado de Josias, considerando a possibilidade de este rei ter apenas feito as reformas espirituais e não sociais, as quais seriam realizadas posteriormente (Ver: Andrew E. Hill; John H. Watson, Panorama do Antigo Testamento, São Paulo: Vida, 2006, p. 572-574). É possível também que o livro consista na reunião de mensagens do profeta. Assim sendo, a redação livro poderia ser datada como sendo cerca de 597-585 a.C. (Veja-se: Robert B. Chisholm Jr., Introdução aos profetas, São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 484-485).

[12] “Faraó-Neco também constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome para Jeoaquim; porém levou consigo para o Egito a Jeoacaz, que ali morreu” (2Rs 23.34).

[13]“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário; que diz: Edificarei para mim casa espaçosa e largos aposentos, e lhe abre janelas, e forra-a de cedros, e a pinta de vermelhão. Reinarás tu, só porque rivalizas com outro em cedro? Acaso, teu pai não comeu, e bebeu, e não exercitou o juízo e a justiça? Por isso, tudo lhe sucedeu bem. Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem. Porventura, não é isso conhecer-me? —diz o SENHOR. Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar o sangue inocente, e para levar a efeito a violência e a extorsão. Portanto, assim diz o SENHOR acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não o lamentarão, dizendo: Ai, meu irmão! Ou: Ai, minha irmã! Nem o lamentarão, dizendo: Ai, senhor! Ou: Ai, sua glória!” (Jr 22.13-18).

[14] O significado do seu nome é incerto. Pode ser derivado de uma palavra hebraica que significa abraço (“abraçar” ou “ser abraçado”) ou, “lutador”, conforme tradução de Jerônimo, considerando que Habacuque lutou com Deus. Tem sido especulado também que a derivação do seu nome poderia vir do acadiano, designando alguma planta ou árvore denominada pelos assírios de hambaqûqu. No entanto, esta planta ainda não pôde ser identificada. (Para maiores detalhes, veja-se: P.A. Verhoef, Habacuque: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 2, p. 11-12 (especialmente).

[15]A atitude de Habacuque em se identificar como profeta (Hc 1.1; 3.1) aponta para o fato de ser bem conhecido em Judá, possivelmente indicando a sua posição oficial (Vejam-se: William S. LaSor, et. al., Introdução ao Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 350; C.F. Keil; F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, v. 10/2, © 1871, p. 49; David W. Baker, et. al. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário, São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 324, 331).

[16]Esta expressão ressalta a nota grave e solene do seu conteúdo; significa uma mensagem urgente, um oráculo que se faz em um juízo ameaçante ou uma sentença. É a mesma palavra usada por Isaías (13.1; 15.1; 17.1; 19.1; 21.1; 22.1; 23.1, etc.), Naum (1.1), Zacarias (9.1; 12.1) e Malaquias (1.1) para a sua profecia. A mensagem tem um sentido de veredicto de Deus. (Veja-se Abraham Even-Shoshan, ed. A New Concordance of the Old Testament, 2. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1993, p. 713-714; Walter C. Kaiser, Jr., Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1980, p. 234; A. Fraser, Naum: In: F. Davidson, ed. O Novo Comentário da Bíblia, 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1976, p. 888; Ronald F. Youngblood, Massã: In: Willem A. VanGemeren, org. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 1110-1111).

[17]“Habacuque estava enfrentando a dificuldade de conciliar a natureza santa de Deus com a sua providência aparentemente desprovida de santidade” (R.C. Sproul, A Mão Invisível, São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 69).

[18] 11 Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; pois serviram aos baalins.  12 Deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira.  13 Porquanto deixaram o SENHOR e serviram a Baal e a Astarote.  14 Pelo que a ira do SENHOR se acendeu contra Israel e os deu na mão dos espoliadores, que os pilharam; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não mais puderam resistir a eles.  15 Por onde quer que saíam, a mão do SENHOR era contra eles para seu mal, como o SENHOR lhes dissera e jurara; e estavam em grande aperto. 16Suscitou o SENHOR juízes, que os livraram da mão dos que os pilharam” (Jz 2.11-16).

[19] “Seja como for, não devemos ficar surpresos ao encontrar mistérios dessa espécie [Soberania de Deus e responsabilidade humana] na Palavra de Deus. Pois o Criador é incompreensível para as suas criaturas. Um Deus que pudesse ser exaustivamente compreendido por nós, cuja revelação sobre Si mesmo não nos apresentasse qualquer mistério, seria um Deus segundo a imagem do homem e, portanto, um Deus imaginário, e nunca o Deus da Bíblia” (J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1990, p. 20). Do mesmo modo, escreveu Sproul: “Falando teologicamente, incompreensível não significa que não podemos saber nada a respeito de Deus, mas, em vez disso, que o nosso conhecimento a respeito dele sempre será limitado. Podemos ter um conhecimento significativo e assimilável de Deus, mas nunca podemos, nem mesmo no céu, ter um conhecimento exaustivo de Deus. Não podemos compreender totalmente tudo que ele é” (R.C. Sproul, Somos todos teólogos: uma introdução à teologia, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2017, p. 78).

[20]“Deus controla não somente a Israel, mas também seus próprios inimigos, os caldeus. Toda nação da terra está sob a mão divina, porque não há poder neste mundo que, em última instância, não seja por Ele controlado” (D. Martyn Lloyd Jones, Do temor à fé, Miami: Editora Vida, 1985, p. 31).

[21]“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8,9). “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33).

[22] Veja-se: João Calvino, As Institutas, I.17.2. “Não há nada mais absurdo do que simular, propositadamente, uma grosseira ignorância da providência de Deus, uma vez que não podemos compreendê-la perfeitamente, a não ser discerni-la só em parte” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 40.5), p. 223).

[23] A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989, p. 41.

[24]D.M. Lloyd-Jones, Por que prosperam os ímpios?, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1985, p. 14-15.

[25]“Somos seres humanos, e é preciso que observemos sempre as limitações de nosso conhecimento, e não os ultrapassemos, pois tal gesto seria usurpar as prerrogativas divinas” (João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos,1998, (1Tm 5.25), p. 160). “Deus não pode ser apreendido pela mente humana. É mister que Ele se revele através de sua Palavra; e é à medida que Ele desce até nós que podemos, por sua vez, subir até os céus” (João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, (Dn 3.2-7), p. 186). “A teologia reformada sustenta que Deus pode ser conhecido, mas que ao homem é impossível ter um exaustivo e perfeito conhecimento de Deus (…). Ter esse conhecimento de Deus seria equivalente a compreendê-lo, e isto está completamente fora de questão: ‘Finitum non possit capere infinitum’.” (L. Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 32). Do mesmo modo Schaeffer (1912-1984): “A comunicação que Deus tem com o homem é verdadeira, mas isto não significa que seja exaustiva. Esta é uma distinção importante que precisamos sempre ter em mente. Para conhecer qualquer coisa exaustivamente, precisaríamos ser infinitos, como Deus. Mesmo na vida eterna não seremos assim” (Francis A. Schaeffer, O Deus que Intervém, Jaú, SP.: Refúgio; ABU., 1981, p. 143). Vejam-se também: João Calvino, Exposição de Romanos, São Paulo: Paracletos, 1997, (Rm 1.19), p. 64; Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a criação,  São Paulo, Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 97-99;  Charles Hodge, Systematic Theology, Grand Rapids, Michigan: Wm. Eerdmans Publishing Co. 1986, v. 1, p. 535; J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1990, p. 20;   Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional: um Nuevo paradigma para hacer Teologia, Jenison, Mi.: The Evangelical Literature League, 1994, p. 79-80; Cornelius Van Til, Apologética Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2010,  p. 35-36; John M. Frame,  A Doutrina de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 168, 175ss.

[26]Étienne Gilson, O Filósofo e a Teologia, São Paulo; Santo André, SP.: Paulus; Academia Cristã, 2021, p. 88.

[27] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 33.

[28] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, v. 2, p. 114.

[29] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, v. 2, p. 110, 113.

[30] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, v. 2, p. 110.

[31] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, v. 2, p. 99.

[32]Albert Barnes, Notes Critical, Explanatory, and Practical on the Book of Psalms, New York: Harper & Brothers, Publishers, 1869, v. 1 (Sl 33.11), p. 281.

[33] Veja-se: Stanley A. Ellisen, Conheça melhor o Antigo Testamento, São Paulo: Editora Vida, 1999 (7. impressão), p. 320.

[34]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.9), p. 93-94.

[35]João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000, p. 31.

[36]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Parakletos, 2002, v. 3, (Sl 105.19), p. 648.

[37] Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 179.

Autor: Hermisten Maia. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e Revisor: Vinicius Lima.