Bobby Jamieson – Quando você pode mudar sua igreja? (2/4)

Sabemos que muitos dos leitores do VE foram despertados para o Evangelho, mas se encontram em igrejas onde o mesmo não aconteceu. Então surge a dúvida: sair ou lutar por uma reforma? Esta série de postagens de Bobby Jamieson, do ministério 9 Marcas, traz certa sobriedade ao assunto. Antes de você tomar alguma decisão, sugiro que você espere as quatro postagens e esteja em oração.

  1. Porque Você Não Pode Mudar Sua Igreja
  2. Quando você pode mudar sua igreja?
  3. Como Mudar Sua Igreja
  4. Como Viver Com o Que Você Não Consegue Mudar

Em meu post anterior eu argumentei que, em geral, se você não é o pastor de sua igreja, você não pode mudá-la de nenhuma maneira fundamental. E eu admiti que há exceções, ainda que a maioria delas apenas prove a regra. Este post dedica-se às exceções, uma vez que reconheço que muitos leitores de fato encontrarão a si mesmos em situações excepcionais.

Em meus próximos dois posts após este, eu planejo focar no que você de fato pode fazer na maioria das circunstâncias para mudar sua igreja, mesmo que você não seja o pastor. Mas, por ora, as exceções.

Exceção Genuína 1: Quando Você Deve Mudar Sua Igreja

A primeira exceção é se sua igreja está se arrastando para erros doutrinários sérios, como negar a Trindade, ou a inspiração e a autoridade das Escrituras, ou a salvação pela graça de Deus somente através da fé somente. Se esse é o caso, você não apenas pode, mas deve trabalhar para mudar sua igreja.

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Em Apocalipse 2, Jesus responsabiliza igrejas locais inteiras pelo que elas fizeram com os falsos mestres (Apocalipse 2:2, 14, 15, 24). Se elas expulsaram os falsos mestres, Jesus as elogia. Se elas toleraram os falsos mestres, Jesus as condena.

Portanto, no fim das contas, é responsabilidade da igreja local como um todo defender a sã doutrina. Isso significa que se sua igreja começa a negar as doutrinas principais, você pessoalmente tem a obrigação de fazer algo a respeito.

O que você irá fazer dependerá de quem está ensinando o que, e da magnitude do erro. Certamente se um pastor está ensinando um grande erro doutrinário, ele precisa ser removido do púlpito. Se outros líderes eclesiásticos oficialmente reconhecidos podem levar a igreja a tomar esta atitude, bom. Se não, as coisas podem ficar mais feias, mas você ainda tem a obrigação de se livrar de um mestre que está seriamente se afastando das Escrituras.

Então, se esta é a situação, ore por sabedoria. Ore por união no meio da igreja. Ore para que a verdade revele o erro. E, em oração, comece o trabalho de remover o pastor infiel e encontrar um pastor mais fiel.

Exceções às Exceções

Então, essa é uma exceção genuína à ideia de que você não pode mudar a igreja se você não for o pastor. Há outra que eu mencionarei ao final. Mas, primeiro, eis aqui alguns cenários que podem parecer exceções, mas não são.

1. “Precisa-se de Ajuda”

Primeiramente, em meu post anterior eu não quis dizer de nenhuma maneira que membros individuais de igreja não podem contribuir de nenhuma maneira significante na reforma em andamento de uma igreja. O exato oposto é verdadeiro: a reforma da igreja tem de ser enraizada em toda a membresia, do contrário, não é reforma nenhuma.

Para ser específico, vamos dizer que você é parte de uma igreja que está no processo de ser reformada ou revitalizada. E vamos dizer que você concorda com os líderes de sua igreja sobre os problemas da igreja e as soluções a serem buscadas. Você pode trabalhar para mudar sua igreja nesta situação? É claro! Você pode tomar a iniciativa e encabeçar alguns dos esforços sob a direção do(s) pastor(es)? É claro!

Em outras palavras, se um pastor bíblico e com uma mentalidade de reforma pendura uma placa de “Precisa-se de Ajuda”, dê uma mão de todas as maneiras.

Nesta situação, no entanto, você não está trabalhando para mudar a direção da igreja, mas ajudando a colocá-la na direção que os líderes já estão apontando. Você não está trabalhando contra os líderes, mas com os líderes. E seu trabalho como membro de igreja é absolutamente crucial.

2. Ele Parece Aberto a Mudanças…

Às vezes, os pastores parecem ser genuinamente abertos a mudanças. Eles falam sobre querer ir por uma nova direção. Talvez tenha adquirido um novo conjunto de influências, lido alguns livros novos, descoberto um novo modelo. Às vezes, isso levará a uma mudança concreta, e nesse caso nós voltamos ao primeiro cenário.

Mas, às vezes, os pastores podem desejar mudança, ou concordar com a necessidade teórica de mudança, sem de fato se comprometerem a liderar tal mudança. Ocasionalmente os pastores serão abertos a aconselhamento, e irão até agradável e gentilmente concordar com um membro que esteja pressionando para uma nova direção. Mas eis o problema: se o pastor não estiver disposto a liderar a mudança pessoalmente, tal mudança nunca alcançará toda a igreja.

Se uma igreja irá mudar, isso vai custar mais ao pastor do que a qualquer um. O pastor terá de ensinar publicamente. Ele terá de iniciar reformas práticas. Ele terá de responder a perguntas. E o que é mais custoso: ele terá de estar disposto a tomar alguns socos, irritar alguns membros mais antigos, e geralmente tornar as coisas muito mais difíceis para ele mesmo para que possa ver a mudança acontecer.

Se o pastor não está disposto a fazer tudo isso, nenhum membro poderá obrigá-lo. Se o pastor não está convencido de que ele deve mudar a direção da igreja, você não pode colocar consciência na cabeça dele. Se o pastor não está disposto a liderar a mudança, você não pode jogá-lo para a frente público e sussurrar para ele o roteiro.

Resumindo, só porque o pastor parece ser aberto a mudanças, não significa que ele — ou a igreja — irá de fato mudar.

3. Liderando a Partir da Segunda Cadeira

E se você for um pastor de uma igreja, mas não é o pregador principal?

Primeiramente, deixe-me afirmar que todos os pastores ou presbíteros de uma igreja compartilham igualmente a responsabilidade de liderar e direcionar a igreja. Isso significa que se há um “pastor presidente”, ele deveria perder votos entre os presbíteros regularmente, e deveria agradecer a Deus por dar à igreja mais sabedoria do que há nele mesmo.

Em segundo lugar, no entanto, na maioria das igrejas há apenas um homem que faz a maior parte das pregações, e que possui uma quantidade correspondente de autoridade pastoral informal. E, como eu disse em meu primeiro post, a maior parte das convicções dos pastores encarregados da pregação sobre assuntos fundamentais de eclesiologia e ministério não são cimento fresco. Além disso, falando de maneira prática, o “pastor presidente” terá de não apenas concordar com quaisquer mudanças que você propuser, mas de alguma maneira encabeçá-las. Então voltamos à segunda situação.

Moral da história, você não pode liderar uma mudança a partir da segunda cadeira. Isso plantará sementes de divisão e azedará seu relacionamento com seu colega pastor.

Exceção Genuína 2: A Igreja Abomina um Vácuo

Por fim, apesar disso, há pelo menos mais uma exceção genuína que eu posso ver: um vácuo de liderança. O que eu primariamente tenho em mente aqui é uma igreja que, por qualquer razão que seja, não possui um pastor formalmente reconhecido, principalmente se um pastor saiu recentemente.

Na ausência de um líder (ou líderes) visível e universalmente reconhecido, a direção da igreja estará verdadeiramente e bem disponível para ser tomada. E se há um vácuo de liderança na igreja, então alguém intervirá e o preencherá.

Portanto, os membros da igreja que são qualificados para liderar e são comprometidos com uma reforma bíblica deveriam tentar, assim como no xadrez, conquistar o meio do tabuleiro. Eles devem assumir encargos de liderança, gentilmente definir novas trajetórias, construir um consenso sobre prioridades bíblicas, evitar objetivos inúteis, e trabalhar para chamar um pastor que irá pregar e liderar fielmente.

Podemos chamar este movimento de “reforma da igreja a partir da base”. Estas situações são raras, e são certamente complicadas. Mas já foi feito, e quando Deus se compraz em abençoar o trabalho, os frutos podem ser impressionantes.

Mais Pela Frente

Quer você esteja em uma destas situações excepcionais ou não, oro para que Deus lhe dê sabedoria para discernir como melhor servir, fortificar, e unificar sua igreja local, independentemente de como você pode ou não ser capaz de mudá-la.

E se você está em uma igreja que precisa mudar, mas você parece não ter poder nenhum de mudá-la, continue sintonizado. Em meus próximos dois posts, eu tentarei oferecer algumas sugestões práticas sobre como membros de igreja podem mudar quase qualquer igreja para a melhor, e também sobre como viver com aquilo que você não pode mudar.

Por Bobby Jamieson. Copyright © 2012 9Marks. Website: 9marks.orgOriginal: When Can You Change Your Church? (Part 2 of 4)

Tradução: voltemosaoevangelho.com

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