O pensamento grego e a igreja cristã (Parte 5)

Salmo 8 e os Pré-Socráticos

O salmista Davi, o rei-poeta e pensador, argumentando de forma espacialmente dedutiva,[1] faz uma pergunta retórica: “Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?” (Sl 8.4).

Davi parte de um princípio óbvio para ele e para nós cristãos: Deus é o Criador do universo e do homem. Esta dimensão jamais alcançada pela filosofia grega, oferece-nos uma cosmovisão diferente: O homem criado por Deus não é um mero detalhe fruto de um processo cósmico-evolutivo, antes é uma criação especial de Deus.[2]

Assim mesmo, a sensação é de pequenez diante do vasto universo, do qual posso contemplar, ainda hoje, uma minúscula parte. O sistema solar é apenas um pequeno ponto no universo do qual apenas conhecemos limitadamente. E, mesmo assim, a Terra, o minúsculo planeta onde vivemos, é o centro significativo do universo, como acentua Bavinck (1854-1921):

A Escritura nos fala pouco sobre a criação dos céus e dos anjos, limitando-se primariamente à Terra. Em um sentido astronômico a Terra pode ser pequena e insignificante. Em matéria de massa e peso ela pode ser excedida por centenas de planetas, sóis e estrelas. Mas em um sentido religioso e moral ela é o centro do universo. A Terra e somente a Terra foi escolhida para ser a morada do homem. Ela foi escolhida para ser a arena na qual a grande batalha será travada contra as forças do mal. Ela foi escolhida para ser o lugar do estabelecimento do reino dos céus.[3]

No entanto, até onde a ciência pôde ir não há nada mais complexo do que o cérebro humano[4] ainda que este não seja o aspecto mais amplo e completo do ser humano criado à imagem de Deus.[5]

Retomando o tema da imagem de Deus, destaco que Barth (1886-1968), com propriedade, escreveu a respeito do homem, dizendo que “ele não seria homem se não fosse a imagem de Deus. Ele é a imagem de Deus pelo fato de que ele é homem “.[6] O homem revela mais sobre Deus do que toda a criação.

Bavinck (1854-1921), expressa esse conceito de forma quase poética, porém, amplamente bíblica:

A essência da natureza humana é seu ser [criado] à imagem de Deus. Todo o mundo é uma revelação de Deus, um espelho de seus atributos e perfeições. Toda criatura, ao seu próprio modo e grau, é a incorporação de um pensamento divino. Mas, entre as criaturas, apenas o ser humano é a imagem de Deus, a mais exaltada e mais rica autorrevelação de Deus e, consequentemente, a cabeça e a coroa de toda a criação, a imago Dei e o epítome da natureza.[7]

Embora todas as criaturas exibam vestígios de Deus, somente o ser humano é a imagem de Deus. Ele inteiro é essa imagem, alma e corpo, em suas faculdades e capacidades, em todas as condições e relações. O ser humano é a imagem de Deus porque, e na medida em que, é verdadeiramente humano; e é verdadeiro e essencialmente humano porque, e na medida em que, é a imagem de Deus.[8]

Aqui vemos de forma refletida o paradoxo da existência humana: grandeza e limitação; finitude e transcendência; prodigialidade e animalidade. A ciência esbarra sempre na questão enfatizada por Pascal,[9] detectada por Bavinck: “A ciência não pode explicar essa contradição no homem. Ela reconhece apenas sua grandeza e não sua miséria, ou apenas sua miséria e não sua grandeza”.[10]

Sem a Palavra de Deus nenhuma ciência ou mesmo a arte, nem mesmo a junção de todas as ciências e o idealismo da arte conseguem apresentar um quadro completo do significado do homem e da vida. Somente por meio da revelação de Deus, o nosso Criador, podemos ter uma visão clara e abrangente do significado da vida, do homem, do tempo e da eternidade. Somente a cosmovisão cristã tem algo a dizer de forma compreensiva e significativa a respeito da totalidade da vida.[11]

Séculos depois de Davi encontramos admiração semelhante entre os gregos. Todavia, a admiração dos gregos ao contemplar o universo, os conduziu em outra direção.

Nestas reflexões surgem as explicações a respeito da origem da vida:

a) Tales de Mileto (c. 640-547 a.C.): Por meio do estudo doxográfico, sabemos que Tales, considerando a necessidade da água para a sobrevivência de tudo, afirmava ser a água a origem de todas as coisas (por rarefação e condensação), e a Terra flutuava como um navio sobre as águas.[12] Os terremotos são explicados pelo movimento das águas (, 1). Deus criou todas as coisas da água.[13] Plutarco atribuiu esta concepção aos egípcios.[14] No que talvez ele tenha razão.

b) Anaximandro (c. 610-547 a.C.): Foi o primeiro a usar a palavra “princípio” (a)rxh/). (, 1). O princípio (a)rxh/) de todas as coisas é o “Ápeiron” (a)/peiron = “sem fim”, “ilimitado”, “indeterminado”, “indefinido”). (Dox., 1,2,6).

c) Anaxímenes (c. 585-528/525 a.C.): O Ar é o princípio de todas as coisas (, 1-2); inclusive dos deuses e das coisas divinas; sendo o ar um deus (Dox., 3). O homem é ar, bem como a sua alma; esta nos sustenta e governa (Frag., 1; Dox., 5-6).

d) Heráclito de Éfeso (c. 540-480 a.C.): Todas as coisas provêm do fogo – que é eterno – e para lá retornarão (, 30,31,90, Dox., 2).

Diferentemente, a admiração de Davi o conduziu a glorificar a Deus e, num ato subsequente, a indagar sobre o homem nesta vastidão da Criação. A sua pergunta assume também, uma conotação metafísica,[15] não podendo ser respondida apenas a partir de um referencial material. “O homem é um enigma cuja solução só pode ser encontrada em Deus”.[16] Deus revelou de forma magnífica o homem ao homem. Se a antropologia pode ser definida como a “autocompreensão do homem”,[17] devemos entender que esta “autocompreensão” é um dom da graça que começa pelo conhecimento do Deus que se revela e nos capacita a conhecê-lo.[18] Sem a consideração da Queda e de suas implicações, como as Escrituras nos apresentam, não há como obtermos um conhecimento adequado do homem nem encontrar o sentido da vida.[19]

O salmista argumenta que na própria existência de uma criança sendo ainda amamentada, temos um testemunho da majestade de Deus que a gerou e que produz no seio materno o leite para que ela possa ser alimentada: Da boca de pequeninos (lleA[) (‘olel) e crianças de peito (qny) (yanaq)[20] suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador(Sl 8.2). Não devemos nos esquecer de que a amamentação entre os judeus era mais prolongada, tendo esta criança condições de verbalizar seu louvor (2Mc 7.27).[21] O mesmo louvor é decorrente de sua sincera sensibilidade espiritual (Mt 21.15-16).[22] Davi entende que só isso seria suficiente para calar os adversários ateus. “Seus louvores são entoados nas alturas, mas também são ecoados de modo aceitável do berço e do quarto das crianças”, interpreta Kidner (1913-2008).[23] Também podemos destacar que Deus, quem de nada depende, por vezes, evidencia sua força por meio de “símbolos de fraqueza”. (Vejam-se: 1Co 1.26-29).

O salmista reverentemente se admira do fato de Deus se lembrar de nós (Sl 8.4).[24] Tendo o sentido de “prestar atenção”, sustentar, cuidar, manifestar a sua graça ou juízo.[25] Admira-se também de Deus nos visitar. A palavra pode ter o sentido de passar em revista, observar (Ex 3.16),[26] supervisionar, vir ao encontro.[27] O significado no texto é de uma visita providente, abençoadora e salvadora (Gn 21.1; 50.24-25/Ex 13.19; Ex 4.31; Sl 17.3; 65.9; 80.15; 106.4).[28]

Jó também, de forma poética, mas, com sentimentos confusos, indaga: 17Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado (ble) (leb), 18 e cada manhã o visites (dq;P’) (paqad), e cada momento o ponhas à prova?” (Jó 7.17-18). Deus considera tanto o homem que tem o seu coração nele, cuidando, protegendo e guardando. Ainda que na intensidade da angústia de Jó isso o incomode circunstancialmente − visto que o cuidado, dentro desta perspectiva soa como uma “inspeção” −, o fato é que Deus cuida atentamente de seu povo (Sl 144.3,4,15).

Calvino (1509-1564), que tinha um alto conceito a respeito do homem,[29] critica a visão limitada daqueles que procuravam a felicidade dentro de si mesmo. Para ele, a felicidade humana encontra-se na conformidade com Cristo:

Tudo quanto os filósofos têm inquirido sobre o summum bonum revela estupidez e tem sido infrutífero, visto que se limitam ao homem em seu ser intrínseco, quando é necessário que busquemos felicidade fora de nós mesmos. O supremo bem humano, portanto, se acha simplesmente na união com Deus. Nós o alcançamos quando levamos em conta a conformidade com sua semelhança.[30]

Partindo destas observações, podemos constatar que a filosofia consiste numa atitude de busca do saber. Quais seriam, então, as experiências que conduziriam o homem a filosofar?

Isso será tema para o próximo post.


[1]“Nem mesmo o mundo todo pode ter o mesmo valor de um homem” (Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 19).

[2] Veja-se: Gordon H. Clark, Uma visão cristã dos homens e do mundo, Brasília, DF.: Monergismo, 2013, p. 90.

[3] Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP, 2001, p. 187.

[4] “Não há outra estrela ou planeta no universo cuja importância para Deus se compare à da Terra. O próprio homem, no sentido biológico, é infinitamente mais complexo do que as estrelas. É absurdo apequenar o homem só por causa de seu tamanho. Embora grande, uma estrela é muito simples, composta em sua maior parte de hidrogênio e hélio. A medida do significado no universo não é o tamanho, mas a ordem e a complexidade, e o cérebro humano, até onde a ciência pode determinar, é, de longe, o mais complexo agregado de matéria do universo. Em sentido estritamente físico, a Terra é o mais complexo agregado de matéria inanimada que conhecemos no universo, e se destina exclusivamente a servir de lar para o homem” (Henry M. Morris, Amostra de Salmos, Miami: Editora Vida, 1986, p. 21-22). “Os seres humanos são infinitamente mais complexos do que processos físicos, químicos e biológicos. A partir de uma perspectiva teísta cristã, pode-se afirmar também essa complexidade em virtude do fato de que as pessoas são criadas à própria imagem de Deus. Cada pessoa é única, e as exceções podem ser citadas para qualquer paradigma ou modelo” (Robert W. Pazmiño, Temas Fundamentais da Educação Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 13).

[5] “O homem que através de sua mente pode pensar o universo, descobrir suas leis, e estimar sua extensão, é maior do que o universo. (…) A verdadeira grandeza do homem não é sua razão, pela qual aprende a conhecer, mas consiste no fato de que foi feito para a comunhão com Deus e com os demais indivíduos” (Emil Brunner, Dogmática: A Doutrina Cristã da Criação e da Redenção, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, v. 2, p. 100).

[6] Karl Barth, Church Dogmatics, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 2010, III/1, p. 184.

[7]Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 540.

[8]Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 564. De semelhante modo, escreveu Grudem: “É provável que fiquemos surpresos ao descobrir que quando o Criador do universo quis fazer algo ‘à sua imagem’, algo mais semelhante a si do que todo o resto da criação, Ele nos criou. Essa descoberta nos dá um profundo senso de dignidade e importância, pois passamos a refletir sobre a excelência de todo o restante da criação divina: o universo estrelado, a terra abundante, o mundo das plantas e dos animais e os reinos dos anjos são admiráveis, magníficos mesmo. Mas nós somos mais semelhantes ao nosso Criador do que qualquer dessas coisas. Somos a culminância da obra criadora infinitamente sábia e hábil de Deus” (Wayne Grudem, Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 370).

[9]“É perigoso fazer ver demais ao homem quanto ele é igual aos animais, sem lhe mostrar a sua grandeza. É ainda perigoso fazer-lhe ver demais a sua grandeza sem a sua baixeza. É ainda mais perigoso deixá-lo ignorar uma e outra. Mas é muito vantajoso representar-lhe ambas” (Blaise Pascal, Pensamentos, São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Os Pensadores, v. 16), VI.418. p. 139).

[10]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 24.

[11] Vejam-se: Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 19; Cornelius Van Til, Apologética Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 21.

[12]Doxografia, 1-4. In: Gerd A. Bornheim, org. Os filósofos Pré-Socráticos, 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. A concepção da água como elemento primordial já estava presente nos escritos de Homero. (Vejam-se: Homero, Ilíada, Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint, (s.d.), XIV. 200, 244 e 301; Platão, Crátilo, Belém: Universidade Federal do Pará, 1988, 402b; Platão, Timeu, São Paulo: Hemus, (s.d.), 40 D-E). “Certamente, a ideia da água como princípio primordial deriva de uma vasta tradição mitológica, comum a todas as teogonias ou cosmogonias do Oriente antigo, sumério, caldeu, egípcio, hebreu, fenício, egeu: todos representando o mito de um Caos aquoso primordial de que seria gerado o cosmos” (R. Mondolfo, O Pensamento Antigo, 3. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1971, v. 1, p. 40. Veja-se: G.S. Kirk; J.E. Revan, Os Filósofos Pré-Socráticos, 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 4-12; 86-89).

[13] Cícero escreveu sobre a concepção de Tales:   “Tales, então, de Mileto, que foi o primeiro a investigar esses assuntos, disse que a água era o primeiro princípio das coisas e que Deus era a mente que criava tudo a partir da água” (Cicero. The Nature of the Gods, England: Penguin Books, 1972, I.10)

[14] Plutarco, Os mistérios de Ísis e Osíris, São Paulo: Nova Acrópole do Brasil, 1981, 34, 364 D.

[15] “Homem é uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade, é, em suma, uma síntese” (S.A. Kierkegaard, O Desespero Humano, Doença Até à Morte, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 31), 1974, p. 337).

[16]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 24. Do mesmo modo Dooyeweerd: “A questão: quem é homem?, contém um mistério que não pode ser explicado pelo próprio homem” (Herman Dooyeweerd, No Crepúsculo do Pensamento, São Paulo: Hagnos, 2010, p. 248. Veja-se também a página 265).

[17]Emil Brunner, Dogmática: A Doutrina Cristã da Criação e da Redenção, v. 2, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, p. 107.

[18] Calvino desenvolve com clareza e profundidade a relação causal entre conhecer a Deus e o nosso conhecimento (João Calvino, As Institutas, I.1.1ss). Temos um sumário da posição de Calvino em: W. Gary Crampton, A epistemologia de Calvino: In: Felipe Sabino, ed., Calvino: Mestre da Igreja, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 153-159.

[19]“O homem perdeu o verdadeiro autoconhecimento desde que perdeu o verdadeiro conhecimento de Deus” (Herman Dooyeweerd, No Crepúsculo do Pensamento, São Paulo: Hagnos, 2010, p. 265). Veja-se: R. Albert Mohler Jr., O modo como o mundo pensa: Um encontro com a mente natural no espelho e no mercado. In: John Piper; David Mathis, orgs. Pensar – Amar – Fazer, São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 51.

[20] As duas expressões se referem a crianças bem pequenas. Difícil de distingui-las. Ambas ainda são amamentadas. É possível que quando as palavras são usadas conjuntamente, (qny) (yanaq) se refira a bebezinhos e (lleA() (‘olel) a crianças um pouco maiores, com capacidade de balbuciar e falar, contudo, que ainda eram amamentadas: “Também a Nobe, cidade destes sacerdotes, passou a fio de espada: homens, e mulheres, e meninos (lleA() (‘olel), e crianças de peito (qny) (yanaq), e bois, e jumentos, e ovelhas” (1Sm 22.19). Exemplos do uso de (lleA() (‘olel): 1Sm 15.3; 22.19. Exemplos do emprego de (qny) (yanaq): Gn 21.7; Ex 2.7,9; Nm 11.12; Is 11.8. (Veja-se: Alfred Edersheim, La vida y los tiempos de Jesus El Mesias, Barcelona: CLIE, 1988, v. 1, p. 263).

[21] “…. Meu filho, tem compaixão de mim, que te trouxe nove meses no meu ventre, que te amamentei durante três anos, que te nutri e eduquei até esta idade” (2Mc 7.27). O Talmude ‒ livro que contêm os códigos de leis e tradições judaicas ‒, diz que “quando uma criança saboreia o trigo (isto é, quando é desmamada), aprende a dizer ‘abba’ e ‘imma’ (Papai e mamãe)” (J. Jeremias, O Pai Nosso: a oração do Senhor, São Paulo: Paulinas, 1976, p. 36-37; O. Hofius, Pai: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 3, p. 382).

[22]15 Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se e perguntaram-lhe: 16 Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos (nh/pioj) e crianças de peito (qhla/zw = que ainda são amamentadas) tiraste perfeito louvor?(Mt 21.15-16).

[23]Derek Kidner, Salmos 1-72: introdução e comentário, São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1980, (Sl 8.1-2), p. 82.

[24]Que é o homem, que dele te lembres (rk;z”) (zakar)? E o filho do homem, que o visites (dq;P’) (paqad)?(Sl 8.4).

[25]Vejam-se entre outros: Andrew Bowling; Thomas E. Mccmiskey, Zakar: In: R. Laird Harris, et. al. eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 389-393; Leslie C. Allen, Zkr: In: Willem A. VanGemeren, org. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 1073-1079; H. Eising, Zakhar: In:   In: G. Johannes Botterweck; Helmer Ringgren, eds. Theological Dictionary of the Old Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1980 (Revised edition), v. 4, p. 64-82; A.G. Hebert, Memory, In: Alan Richardson, ed. A Theological Word Book of the Bible, 13. ed. London: SCM Press LTD., 1975, p. 142-143; Colin Brown; K.H. Bartels, Lembrar-se: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 3, p. 54-62 (especialmente). (Estas obras em geral indicam ampla bibliografia especializada).

[26]Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado (dq;P’) (paqad) e visto o que vos tem sido feito no Egito(Ex 3.16).

[27] Vejam-se entre outros: Victor P. Hamilton, Paqad: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1228-1230; W. Schottroff, Pqd: In: E. Jenni; C. Westermann, eds. Diccionario Teologico Critico Manual del Antiguo Testamento, Madrid: Ediciones Cristiandad, 1978, Tomo II, p. 589-613; Tyler F. Williams, Pqd: In: Willem A. VanGemeren, org. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 3, p. 655-661; G. André, Paqad: In: G. Johannes Botterweck; Helmer Ringgren; Heinz-Josef Fabry, eds. Theological Dictionary of the Old Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 2003, v. 12, p. 50-63. (Do mesmo modo estas obras indicam ampla e especializada bibliografia).

[28] Visitou (dq;P’) (paqad) o SENHOR a Sara, como lhe dissera, e o SENHOR cumpriu o que lhe havia prometido” (Gn 21.1). Disse José a seus irmãos: Eu morro; porém Deus certamente vos visitará (dq;P’) (paqad) e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. 25José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará (dq;P’) (paqad), e fareis transportar os meus ossos daqui(Gn 50.24-25). “Também levou Moisés consigo os ossos de José, pois havia este feito os filhos de Israel jurarem solenemente, dizendo: Certamente, Deus vos visitará (dq;P’) (paqad); daqui, pois, levai convosco os meus ossos” (Ex 13.19). E o povo creu; e, tendo ouvido que o SENHOR havia visitado (dq;P’) (paqad) os filhos de Israel e lhes vira a aflição, inclinaram-se e o adoraram” (Ex 4.31). Tu visitas (dq;P’) (paqad) a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; os ribeiros de Deus são abundantes de água; preparas o cereal, porque para isso a dispões(Sl 65.9). “Lembra-te de mim, SENHOR, segundo a tua bondade para com o teu povo; visita-me (dq;P’) (paqad) com a tua salvação (Sl 106.4).

[29] “Posto que este (o homem), de todos os objetos que se acham expostos à nossa contemplação, é o mais nítido espelho no qual podemos contemplar sua glória (de Deus)” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 8.1), p. 157). “Adão foi inicialmente criado à imagem de Deus, para que pudesse refletir, como por um espelho, a justiça divina” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 4.24), p. 142). “Visto que o homem foi feito à imagem de Deus, devemos considerá-lo santo e sagrado de tal forma que ele não pode ser violado sem violarmos a imagem de Deus nele” (João Calvino, Instrução na Fé, Goiânia: Logos Editora, 2003, Cap. 8, p. 27-28).

[30]João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 4.10), p. 105. “O propósito da Escritura não é nos alimentar com coisas vãs e supérfluas, mas nos edificar para o nosso bem-estar, isto é, fazer-nos perceber a bondade de Deus para que sejamos reunidos a ele, e que isso seja a nossa autêntica felicidade” (João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 154). “…. os prazeres deste mundo se desvanecem como sonhos. Davi, pois, testifica que a verdadeira e sólida alegria, na qual as mentes dos homens podem repousar, jamais será encontrada em alguma outra parte senão em Deus. Portanto, ninguém mais além dos fiéis, que vivem contentes só com a graça divina, podem viver real e perfeitamente felizes” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Edições Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 16.11), p. 324). Referindo-se à essência do Evangelho, tendo a Cristo como tema, comenta: “[Deus] nos lembra que em nenhuma outra parte se pode obter a genuína e sólida felicidade, e que nele temos tudo de que necessitamos para a perfeição de uma vida feliz” (João Calvino, O evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, p. 25).